Memorial da Democracia de Pernambuco abriga exposição “A Rádio que Paulo Freire Sonhou”

Único do gênero no Brasil e responsável por guardar a memória do que foi realmente o Movimento Militar de 1964 – uma ditadura  que gerou presos, desaparecidos, e mortos por tortura – o Memorial da Democracia de Pernambuco recebe a partir dessa quinta-feira (21/12) a exposição “A Rádio que Paulo Freire Sonhou”, que em outubro ocupou o hall do Centro de Artes e Comunicação (CAC), da Universidade Federal de Pernambuco. Já o Memorial fica no Sítio da Trindade, local histórico que teve um significado muito grande na vida daquele que é um dos educadores mais reverenciados em todo o mundo e autor de livros como “Pedagogia do Oprimido”, “Educação como Prática”, “A importância do ato de ler“.

Paulo Freire (1921-1997) participou do Movimento de Cultura Popular, que foi criado em 13 de maio de 1960, durante a gestão de Miguel Arraes como Prefeito do Recife, e que funcionava justamente no Sítio da Trindade.  O MCP era uma instituição sem fins lucrativos, formada por estudantes, artistas e intelectuais que realizou experiências inovadoras de educação e cultura populares. Entre os seus dirigentes estava o educador Paulo Freire, que ficou no projeto até ser chamado para o Serviço de Extensão Cultural  (SEC), da Universidade do Recife, atual UFPE. Mesmo diante de novos desafios profissionais, Paulo Freire  manteve interlocução com o MCP, inclusive durante o Programa Campanha de Alfabetização. Veiculado pela Rádio Universidade, o programa foi um dos alvos de ataques de conservadores à emissora da UFPE.

Ao voltar do exílio, Paulo Freire foi visitar ex-alunos no Rio Grande do Norte, alfabetizados pelo método por ele criado

A exposição, que já já passou pela UFPE fica no Memorial da Democracia de Pernambuco até 2 de fevereiro. O Sítio da Trindade se localiza na Estrada do Arraial em Casa Amarela, Zona Norte do Recife. A visitação é gratuita. A mostra permite ao visitante um mergulho na história da Rádio , por consequência, na do país que no início dos anos 1960 vivia tensões políticas que desaguaram no golpe militar de 1964. E que obrigou o educador a viver no exílio. Já a Rádio Universidade funcionava como um dos setores do Serviço de Extensão Cultural (SEC) da hoje UFPE.

A emissora  divulgava debates políticos importantes, promovia a cultura e os saberes populares, e a campanha de alfabetização dos adultos pautada pela leitura crítica da realidade difícil das camadas populares. A expô é composta por 16 painéis de grande tamanho e exigiu de pesquisa em acervos de arquivos públicos e digitais, resultando em fotos, 300 notícias de jornais entre 1958 e 1965.  A expô ganhou um recurso interativo, através do qual os visitantes podem enviar áudios sobre suas experiências e expectativas em torno da histórica Rádio Universidade, que tem 60 anos e hoje chama-se Rádio Paulo Freire. Já o Memorial da Democracia, apesar do ineditismo, não tem recebido o apoio necessário das autoridades locais, o que é um ABSURDO!

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Serviço
Evento: Exposição “A Rádio que Paulo Freire Sonhou”
Onde: Memorial da Democracia de Pernambuco, que fica no Sítio da Trindade
Endereço: Estrada do Arraial, S/N, Casa Amarela
Quando: de 21 de dezembro a 2 de fevereiro
Quanto: Acesso livre
Horário: O Memorial da Democracia funciona de terça a sábado, das 11h às 17h

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Da exposição “A Rádio que Paulo Freire Sonhou”

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