Há quem pense que a Caatinga é uma paisagem sempre árida, com a vegetação seca e árvores desfolhadas, que lembram gravetos. Mas não é assim com o único bioma exclusivamente brasileiro, que é conhecido pela sua resiliência e rápida capacidade de regeneração. A Caatinga se estende por 11 por cento do território brasileiro. E ocupa 70 por cento da área do Nordeste. E ao contrário do que muitos pensam, a Caatinga tem grande importância para neutralizar os efeitos das mudanças climáticas.
Pelo menos é o que se conclui de um estudo realizado pelo Projeto No Clima da Caatinga, na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), que fica entre o Ceará (Cratéus) e o Piauí (Buriti dos Montes). A investigação mostrou que a RNSA contribui para redução da poluição do ar, estocando 1.647.239, 37 toneladas de gás carbônico equivalente. CO2e – como é chamado na abreviação – é a medida métrica utilizada para comparar as emissões de vários gases do efeito estufa.
O Projeto No Clima da Caatinga é desenvolvido pela Associação Caatinga, com apoio da Petrobrás Socioambiental. E a pesquisa resulta de parcerias com a BrCarbon, climate tech localizada em São Paulo. A próxima etapa do trabalho pretende calcular o sequestro anual de CO2 realizado pela RNSA. “A pesquisa identificou que cada hectare da RNSA estoca cerca de 266 toneladas de CO2, ou seja, uma vez que a Serra das Almas tem 6.191 mil hectares de área florestal, a reserva estoca mais de 1,6 milhões de toneladas de CO2e”, explica Samuel Portela, coordenador de conservação da biodiversidade da Associação Caatinga.
Essa retirada ocorre por meio da fotossíntese, quando as árvores absorvem gás carbônico e devolvem oxigênio para o ambiente e outros processos naturais. A retirada do carbono é conhecida como sequestro e a quantidade sequestrada fica estocada em diferentes reservatórios na floresta (parte aérea viva e morta, serrapilheira, raízes e solo). Anteriormente, o valor estocado era 63 mil toneladas de CO2, mas esse número foi atualizado, pois ele só se referia ao carbono contido nas árvores.
“Manter a RNSA conservada influencia diretamente na boa qualidade do nosso ar, diminuindo os malefícios do efeito estufa e poluição”, frisa Samuel. Realizado pela Associação Caatinga e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, o projeto atua no semiárido brasileiro desde 2011 e atualmente está em sua quarta fase. O objetivo é diminuir os efeitos potencializadores do aquecimento global por meio da conservação do semiárido, a partir do desenvolvimento de um modelo integrado de conservação da Caatinga.
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Texto: Letícia Lins /#OxeRecife
Foto: Fábio Arruda / Associação Caatinga