Essa cena está se tornando comum no Recife. Infelizmente. Observe bem rápido a foto aí de cima. Dá para chamar isso daí de ecoponto? Não, não dá. Um ecoponto seria exatamente o contrário do que se vê. Primeiro, o chamado ecoponto da nossa cidade não tem compartimentos para separação de lixo, o que deseduca o cidadão.
Segundo, é tudo misturado: vidro, plástico, papel, papelão, metais. Não devia ser assim, pois em locais civilizados, o lixo é separado em casa. Eu separo, mas me recuso a usar esses coletores, pois são um verdadeiro contrassenso. Então, levo o lixo reciclável para entidades que o recolhem. Terceiro, parece que os ecopontos não comportam tanto peso. Ou então, a coleta demora a passar. Situações como esta, observo durante minhas caminhadas matinais. O que não é agradável para o pedestre.
Já as presenciei na Praça Silva Jardim (Monteiro), em jardim histórico (Praça de Casa Forte, no bairro do mesmo nome). Há ecopontos que não são dignos desse nome em muitos bairros, sejam sofisticados ou populares, como Três Carneiros, onde me defrontei com esse redondo, imundo. O da foto maior fica na Praça José Vilela (Parnamirim). Dá muita tristeza, ver a cidade parecendo um chiqueiro.
É verdade que a população do Recife não chega a ser um primor, quando o assunto é educação ambiental. Mas falta, também, um modelo eficiente de coleta seletiva ao poder público. Há tantas soluções criativas. Há, ainda, modelos que podem ser copiados, desde que sejam feitas campanhas educativas. Também é preciso multar os porcalhões que jogam metralhas nas ruas, não embalam o lixo em sacos plásticos e que atiram toneladas de garrafas nas calçadas (como fazem bares e casas de recepções).
Tenho uma amiga que morou na França. Ela me contou que as despesas do condomínio eram custeadas com o dinheiro da venda de lixo reciclável. Outra que mora na Suíça, me disse que cada morador recebe sacos da prefeitura, com o endereço do cidadão. Assim, é fácil monitorar e multar quem faz descarte incorreto. Por exemplo, se botar um vidro quebrado junto do lixo orgânico. Outra, que tem parentes no Japão, conta que lá todo o lixo é separado. E só pode colocar na calçada na hora da coleta. Quem não o fizer, tem que embalar o seu e levar à usina de processamento.
No Recife, infelizmente, há muito o que se fazer nesse setor. Nas praias, nos rios, lagoas e nas ruas. No entanto, segundo a Prefeitura, “os bons exemplos de políticas sustentáveis do Recife foram destaque no Congresso Internacional Lixo Zero, que acontece entre os dias 22 e 24 de junho, em Brasília, no Distrito Federal”. Entre as ações destacadas pelo prefeito João Campos (PSB) no que diz respeito ao lixo, foi citadaa Ação Inverno, que já recolheu de rios e canais da cidade mais de 50 mil toneladas de lixo.
A maior parte era material plástico,, e retirar isso de rios, canais, lagoas é muito bom. Pois se não o fizermos, vai tudo parar no oceano. Ele também citou o fato do Recife ter instituído na agenda municipal a “Semana Municipal do Lixo Zero”, realizada no fim de outubro. “Além disso, criou o Programa Recicla Mais, para estimular a coleta seletiva, com feiras itinerantes em comunidades”. Por fim, a população do Recife conta com sete Ecoestações distribuídas em pontos estratégicos da cidade. “As Ecoestações são pontos de recebimento de resíduos, cujo objetivo é oferecer uma alternativa à população para o descarte de móveis velhos, resíduos de pequenas obras residenciais e outros materiais, com volume de até 1m3/dia”, informa a prefeitura. Ainda bem que ele não falou nos “ecopontos”. Torcendo para que o jovem gestor consiga gerenciar melhor e modernizar a limpeza da cidade do que seu antecessor que, nesse quesito, foi um desastre. Pelo menos, a gente vê mais gente na rua, em capinação e varrição. Vamos vero resultado!
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife