Instituto Arqueológico lamenta roubo da estátua do busto de Frei Caneca, e cobra providências

Que bom que, finalmente, uma entidade se manifestou contra a bagaceira que virou essa questão de roubo de estátuas e do patrimônio artístico e histórico da cidade do Recife, já que as autoridades do estado e da Prefeitura não parecem tão incomodadas. Se estivessem, não deixariam que esses fatos se repitam com tanta frequência.

Em menos de uma semana, o #OxeRecife noticiou várias pilhagens em pontes, praças, monumentos históricos. Dos furtos, não escapou nem mesmo a estátua do busto de Frei Caneca, herói da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador. Isso sem falar em subtrações que são oficiais – como a retirada de 22 lampiões em estilo colonial da Ponte Velha (pela Prefeitura, via Emlurb) –  ou a substituição daqueles em ferro fundido, de nossos parques e áreas históricas, por outros ordinários e de fácil subtração. Como se pode ver no Pátio de São Pedro, em várias pontes do Recife, em parques e  até nos jardins do Teatro Santa Isabel. Um absurdo!

Sinceramente, onde está a cabeça das nossas autoridades? Cadê o Recentro, que faz tanta festa na Avenida Guararapes e não cuida do patrimônio da cidade?  Vejam o que diz o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano sobre esse descalabro:

“O IAHGP lamenta profundamente e manifesta indignação  pelo roubo do busto em homenagem a Frei Caneca. O monumento, localizado na praça que tem o nome do mártir pernambucano, no bairro de São José, foi roubado neste domingo (21/08). Frei Caneca participou da Revolução Pernambucana de 1817, que tornou Pernambuco um  país independente por 75 dias, tendo se destacado efetivamente como revolucionário da Confederação do Equador, proclamada em 1824, contra o autoritarismo de Dom  Pedro I e em defesa da instalação da República.

Por sua participação em 1817, Frei Caneca esteve preso durante quatro anos em Salvador (BA). Seu envolvimento com a Confederação do Equador lhe custou a vida. O busto roubado ficava no local, onde em 13 de janeiro de 1825, Frei Caneca foi executado por fuzilamento por não haver nenhum carrasco que aceitasse enforcá-lo. A peça em bronze  foi produzida pelo escultor Wamberto Jácome, um dos maiores escultores clássicos de sua época. O busto foi um presente oferecido à cidade pelo antigo Colégio e Curso Radier, dirigido à época por Roberto Pereira, membro do IAHGP atualmente. A escultura foi inaugurada em 02 de julho de 1981, durante a comemoração do 157º aniversário da Confederação do Equador.

Passados quase 200 anos de seu sacrifício pela liberdade, o papel de Frei Caneca em nossa história ainda não é devidamente reconhecido, valorizado e respeitado. O IAHGP espera que as autoridades competentes possam recuperar o busto e devolvê-lo ao local de homenagem ao herói pernambucano e que sejam tomadas providências para que não desapareçam outros monumentos e marcos em bronze de nossa cidade.

Lembra a Presidente da instituição, Margarida Cantarelli: “Um povo sem história não tem futuro”

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação e Letícia Lins

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