Dia de muito transtorno para as cerca de 1.980.000 pessoas que dependem de transporte público no Grande Recife, e que usam ônibus ou metrô. É que rodoviários e metroviários decidiram cruzar os braços. Enquanto os primeiros fazem exigências trabalhistas, os segundos reivindicam também melhorias no sistema ferroviário e estabilidade no caso de privatização do Metrô do Recife, que é tido como aquele que presta um dos piores serviços do país.
Os rodoviários aguardam decisão judicial, já que não acataram contrapropostas oferecidas pelo Grande Recife Consórcio de Transportes, que administra onze empresas de transporte de passageiros, 25 mil viagens diárias e carrega por dia 1,8 milhão de pessoas na Região Metropolitana. Os rodoviários querem reajuste salarial (cinco por cento), aumento do vale alimentação ( para R$ 500) e ainda gratificação pela dupla função de motorista e cobrador (R$ 200). Em reunião no TRT, os patrões ofereceram três por cento, R$ 370 e R$ 150 respectivamente. Quando não há acordo entre as partes e a greve é deflagrada, o patronato pede instauração de dissídio coletivo.
Os empregados rejeitaram as contrapropostas e o resultado foi o que se viu hoje: muita gente sem conseguir chegar no trabalho, pessoas dormindo nas paradas enquanto aguardavam a chegada do coletivo, e cobrança exorbitante por parte de transporte alternativo. As viagens de mototáxi, por exemplo, tiveram o valor dobrado. Uma corrida de R$ 10 do bairro de Casa Amarela ao Centro custava R$ 20 na manhã de hoje. Muita gente ou não chegou ao trabalho ou chegou com muito atraso. “Não encontrei nenhum ônibus disponível e vim andando”, contou Gilvanda Maria da Silva, que chegou no trabalho a pé, uma hora e meia depois do seu horário habitual. “A sorte é que não moro tão longe, e vim a pé”. Na Rua Dois Irmãos, um homem dormia na parada de ônibus, enquanto “aguardava” a chegada de um coletivo.
Por volta de 8h, alguns ônibus começaram a circular, embora o Grande Recife Consórcio de Transporte tenha garantido que 80 por cento da frota circularia no horário de pico Não foi o que aconteceu. As garagens ficaram lotadas, enquanto nos terminais de ônibus não apareciam coletivos, totalmente vazios (foto superior). Muita gente desistiu de esperar e voltou para casa. Já a paralisação do metrô deixou 180 mil pessoas sem transporte ferroviário, das quais grande parte utiliza também os ônibus para chegar ao serviço. De acordo com os ferroviários, a greve no metrô é por 48 horas, para exigir melhoria na qualidade do transporte sobre trilhos. Eles querem salário de R$ 2.725, estabilidade em caso de privatização do metrô do Recife, e ainda exigem que a Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU) seja retirada pelo Governo do Programa Nacional de Desestatização.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Genival Pparazzi) / G.F.V Paparazzi / ZAP (81)995218132)/ gfvpaparazzi@gmail.com