Decadência no Cais do Imperador

O local é bonito. Fica de frente para o Rio Capibaribe e do outro lado se vê as torres da Igreja Madre de Deus e o secular edifício do Paço Alfândega (foto acima). Além disso, tem história. Pois foi lá que desembarcou o Imperador Pedro II, em 1859,  para uma visita de 31 dias a Pernambuco. Durante muito tempo, a área foi abandonada e esquecida. Até que a então Secretária de Meio  Ambiente do Recife, a hoje vereadora @Cida Pedrosa (PC do B), decidiu reaproveitá-la, transformando-a em espaço de turístico, de contemplação e também de educação ambiental. Em 2016, o Recife ganhou, então, uma nova opção de lazer, a Estação Ecoturística Cais do Imperador. Infelizmente o que se vê hoje não é mais aquela situação da foto acima, mas sim o que vocês podem observar na foto abaixo: lixo e decadência, o que é uma pena.

Cais do Imperador em decadência: De Estação Ecoturística a local de descarte de lixo. Até Deltaexpresso fechou.

Logo após inaugurado, Cais do Imperador transformou-se em um novo point no centro da cidade.  E tinha tudo para ser um sucesso: ponto de encontro entre amigos, happy hour,  um lugar para se contemplar o Recife, enfim. O equipamento público municipal fica na Avenida Martins de Barros, em Santo Antônio, em frente à não menos histórica Praça Dezessete. Na inauguração, foi anunciado que teria três espaços: um para contemplação do rio, um café bar (Deltaexpresso) e ainda um   terceiro com arquibancada para eventos. As duas pequenas edificações históricas ao lado – na verdade banheiros lindos e seculares – deveriam ser transformados em um balcão de informações turísticas e o outro, em local para educação ambiental. Dois  setores (foto abaixo) que, infelizmente, nunca vieram a funcionar.  No Café Bar, foi instalado uma loja da Deltaexpresso, referência em cafeteria. Mas infelizmente o estabelecimento fechou.

Banheiro secular no Cais do Imperador está cercado com grande de arame e ganchos contundentes, para evitar ação de marginais.

E o aspecto, agora, é de total abandono. “Aí não tem mais cafeteria, agora é um bar”, foi logo anunciando o flanelinha, em uma tarde solitária e ensolarada de domingo, quando eu tentava estacionar  para tomar um café contemplando o outro lado do Rio Capibaribe. A julgar pela aparência, o novo inquilino não cuida é de nada. Havia gente chegando, mas o lixo acumulado dava vergonha. Caso para afugentar turista. Nem ousei chegar perto. A Estação Ecoturística Cais do Imperador, portanto, não é mais digna deste nome.  Como é um equipamento público, deveria haver uma maior exigência quanto à limpeza do local por eventuais locatários. Pois é um lugar bonito, que poderia ser romântico e sobretudo porque sua implantação exigiu investimentos de R$ 900 mil na requalificação dos seus 598  metros quadrados de área.

As telas de arame, incluindo o farpado, não dignificam o equipamento. E a lixeira, menos ainda. Daqui a pouco aquele que foi um banheiro no século 19 poderá se transformar em ruína tão grande quanto ao similar, que sobrevive – aos trancos e barrancos –  na esquina da Rua da Imperatriz com o Cais José Mariano. Realmente, uma tristeza. Ao lado do Cais do Imperador, um abrigo de ônibus em ruínas. À frente, a Praça Dezessete, inteiramente tomada por moradores de rua,  com lixo por todos os lados. Quem passa apressado, nem percebe a beleza do conjunto arquitetônico do século 17 que ainda ali sobrevive.Nem tão pouco o bonito monumento em memória à primeira travessia aérea realizada no Atlântico Sul, em homenagem aos desbravadores Sacadura Cabral e Gago Coutinho. Vamos torcer para que a Prefeitura não deixe se transformar em pó um equipamento tão bonito e que tanto valorizou aquele esquecido pedaço do Recife.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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2 comments

  1. Muito triste a situação da nossa “Urbe”.
    Abandono total por parte do poder público, que deveria manter e preservar essas edificações.
    Por que a polícia militar não faz a vigilância/segurança desses locais?
    Eu me pergunto,aliás, onde está a polícia dita ostensiva/militar? Moro quase em frente ao quartel do Derby e posso afirmar que não existe policiamento nas ruas.
    Ela só se faz presente nos jogos de futebol e Carnaval.

  2. Realmente muito triste Letícia. Um local de tanta importância e tantas histórias. Depois reclamam que os turistas não querem vir pra cá! Com um equipamento desses e tanto gasto para deixá-lo em condições de utilização e agora jogado às traças! Dá dó!!
    Parabéns mais uma vez pelo alerta!!

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