Alvo de muita polêmica e empreendimentos imobiliários, o Cais José Estelita é um dos locais mais fotogênicos do Recife. E não é só pela paisagem do mar, pelos velhos armazéns e prédios que foram demolidos, mas também pelos equipamentos urbanos que ficam ao longo do caminho entre o Pina e o Bairro de São José.
Entre os equipamentos encontram-se banquinhos de praça, jarros (que estão rareando) e também as luminárias tradicionais, de vidro leitoso que tanta graça dão – ou davam – a outros locais do Recife, inclusive o Cais da Jaqueira e o Cais da Aurora. Infelizmente, nesses dois locais, as luminárias anteriores, tão decorativas, foram trocadas pelo novo sistema de LED, mais moderno. Porém, sem nenhuma preocupação estética.
Nesses tempos de pandemia e quase sem sair de casa tenho “viajado” pelo mundo, via TV por assinatura. E uma das coisas que me chamam atenção em cidades europeias é justamente a preservação de luminárias tradicionais, sem prejuízo de uma iluminação mais clara e mais moderna. Então, por que não há esse critério no Recife, onde estão desfigurando praças, pontes, cais, parques? O que eu vejo é que poucos se pronunciam sobre isso. Cadê os urbanistas, os arquitetos? Cadê os vereadores da cidade?
“É verdade que as lâmpadas de LED são mais modernas e econômicas”, reconhece Séphora Silva, arquiteta, designer e urbanista. ” No entanto, há como adaptar a tecnologia moderna às luminárias tradicionais de rua”, diz ela, que reside na Rua da Aurora. E adverte:
Não há necessidade de mudar uma coisa que é datada de uma época. As luminárias do Cais da Aurora não eram tão antigas, pois foram colocadas em 2004, mas mesmo assim são réplicas das que antes eram muito vistas no Recife. Porém falta critério no que vem sendo feito. Pois as novas luminárias são de muito mau gosto, têm um design horroroso e nada contribuem para embelezar o Recife. E aí vem a pergunta: Como se padronizar a iluminação pública de uma cidade que tem quase 500 anos. Cadê o Iphan?
Séphora lembra: “Se é para mudar a iluminação, é preciso que sejam feitos estudos para que se saiba qual a opção mas adequada e há até fabricantes que podem suprir as necessidades da mudança, respeitando-se a paisagem da cidade”. É a mesma opinião e Márcia Chamixaes, especialista em iluminação pública. Ela lembra que cada localidade onde é feita a mudança merece um estudo à parte.
“Tem que ser tudo tão minucioso quando a restauração de um prédio histórico”. Bom, já se foram as luminárias leitosas do Cais da Jaqueira, do Cais da Aurora e…se o ritmo for esse, é provável que desapareçam, também, as do Cais José Estelita. Mas de acordo com a assessoria de imprensa da Emlurb não há previsão de mudança naquele local. Esperamos que a informação seja verdadeira. Caso contrário, teremos um cartão postal a menos no Recife.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Genival Paparazzi (Especial para o #OxeRecife)