Cacá Diegues volta ao Nordeste para filmar “Deus ainda é brasileiro”, uma “comédia cívica”

Alagoano – nasceu em Maceió – e com a direção de 19 belos filmes no currículo, o cineasta Cacá Diegues está de volta ao seu estado, para as gravações de seu vigésimo longa-metragem: Deus ainda é brasileiro. As filmagens começaram na cidade de Ipioca, a 25 quilômetros de Maceió. E o longa será totalmente rodado em Alagoas, tendo como cenários, também, o Parque Municipal de Maceió e o histórico município de Piranhas, que fica no Sertão e é localizado às margens do Rio São Francisco. Pelo que pretende o cineasta, já dá para se imaginar o que vem por aí. É que o filme reflete o Brasil de quase duas décadas depois do filme Deus é brasileiro, de 2003.

Naquela época, Antônio Fagundes interpretou Deus que, cansado de tantos problemas  para resolver, decide tirar um período de férias não sem antes procurar no Brasil um substituto que possa lhe “render” durante o merecido descanso.  A escolha do Brasil deve-se ao fato de ser um país muito religioso. O filme de 2003 se baseia no conto O Santo que não acreditava em Deus, de João Ubaldo Ribeiro (1941-2014). Do elenco daquela produção constam, ainda, Wagner Moura  (o pescador Taeco), Paloma Duarte (a solitária Madá) e Bruce Gomlevsky (Quinca das Mulas). Do elenco original, só Fagundes e Bruce na nova produção.

Equipe da comédia cívica “Deus ainda é brasileiro” faz gravações em Alagoas: Direção de Cacá Diegues (de branco)

Cacá define o novo filme como uma “comédia cívica”. E diz não ser   propriamente de uma continuação de Deus é brasileiro, já que o que vai mostrar um outro contexto .“Apesar de tudo, Deus Ainda é Brasileiro e, por isso, retorna ao Brasil para tentar recuperar a esperança na humanidade, parando justamente em Alagoas que é um paraíso na terra”, diz o cineasta. “Esse filme aborda uma outra etapa da nossa história, convidando o espectador a refletir sobre o nosso momento político e de que forma podemos contribuir para a sociedade brasileira”, afirma o também diretor de Chuvas de Verão. Fagundes faz outra vez o papel de “Deus”.  Além dele e de Bruce, também integram o elenco os atores Otávio Müller, Ivana Iza (Madá) e Laís Vieira (faz a personagem Linda).

O longa será distribuído pela Imagem Filmes e contará com 70% da sua mão-de-obra local. A produção é da LC Barreto Produções.  Carlos José Fontes Diegues, o Cacá Diegues- como é mais conhecido – ostenta carreira invejável no cinema nacional, respondendo por grandes sucessos, como Xica da Silva, Tieta do Agreste, Orfeu, Quando o carnaval chegar, Bye Bye Brasil, Dias melhores virão, Chuvas de Verão, Joana a Francesa. Seu último filme foi o belíssimo O Grande Circo Místico. Diegues é um dos grandes do  Cinema Novo, juntamente com Glauber Rocha, Leon Hirszman, Paulo Cesar Saraceni e Joaquim Pedro de Andrade. Em agosto de 2018, o cineasta foi eleito novo imortal da Academia Brasileira de Letras, na cadeira de nº 7, que já foi ocupada pelo escritor Euclides da Cunha.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Deus ainda é brasileiro

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