Nesses tempos de tantos desmatamentos e de aquecimento global cada vez mais grave, é digna de registro a criação da primeira cooperativa de crédito de carbono do Brasil. Trata-se da Associação de Produtores de Crédito de Carbono Social do Bioma Caatinga, que congrega pessoas que possuem áreas preservadas na região de caatinga em quatro estados: Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe. A caatinga é o único bioma do país que é exclusivo do Brasil, porém sofre muita pressão, devido ao avanço da agroindústria, da pecuária, do extrativismo e também da expansão urbano das cidades do Sertão. Além dos proprietários, a entidade reúne técnicos comprometidos com o desenvolvimento de projetos sustentáveis, com a redução de desigualdades, economia regenerativa, mercado de carbono, serviços ambientais, recuperação de ecossistemas e proteção da biodiversidade.
Entre as prioridades iniciais da Cooperativa, destacam-se: levantamento do estoque de carbono das áreas preservadas dos associados; modelagem do cálculo de captura de carbono, agregando valor social e mecanismos de justiça climática, visando redução de desigualdades; levantamento de áreas desmatadas para regeneração; construção do modelo colaborativo de gestão dos créditos de carbono e aplicação das respectivas receitas. E ainda: articulação de compradores de créditos de carbono e de serviços ambientais, comprometidos com o desenvolvimento inclusivo e regenerativo do bioma; estudos para agregar diversos eixos de Economia Regenerativa, visando geração sustentável de renda e empregos verdes. Por exemplo: rede Cooperativa de Produção de Energia Solar, sementeira para produção e plantio de espécies nativas, ecoturismo, escolas de sustentabilidade e sistemas integrados de reciclagem, etc. A Cooperativa pretende contribuir na difusão do conceito de Crédito de Carbono Social do Bioma Caatinga e Justiça Climática.
“A Associação está alinhada com os conceitos mais arrojados de desenvolvimento regenerativo e conseguiu reunir um conjunto impressionante de forças e de conhecimentos, tornando-se uma referência inspiradora para outros biomas do Brasil”, ressalta Sérgio Xavier, articulador do Lab de Economia Regenerativa. “A Associação é um passo muito importante para a valorização, reconhecimento e preservação do bioma caatinga”, enfatiza Haroldo Almeida, presidente eleito da Associação. “A Associação é um passo muito importante para a valorização, reconhecimento e preservação do bioma caatinga”, enfatiza Haroldo Almeida, presidente eleito da Associação. A articulação iniciou-se há um ano com Pedro Soares Neto (proprietário de áreas preservadas), Haroldo Oséias de Almeida (ambientalista) e Nilson Lopes Alves (engenheiro ambiental), residentes em Delmiro Gouveia (AL).
Eles convidaram Sérgio Xavier (articulador do Centro Brasil no Clima – CBC e ex-secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco) e Fabiana Couto (Diretora de Mudanças Climáticas da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas) para discutir formas de desenvolver modelos de participação de pequenos produtores rurais no emergente mercado de carbono global. A nova Associação terá apoio do Lab de Economia Regenerativa do rio São Francisco, que está sendo estruturado em Paulo Afonso – BA, no âmbito do Projeto HidroSinergia. A reunião de fundação contou com a participação de mais de 70 pessoas dos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Sergipe.
Confira outras iniciativas de preservação da Caatinga. A foto superior é de uma reserva particular de patrimônio natural criada por ação exemplar de um casal em Santana do Cariri, no Ceará, cuja história consta no primeiro link abaixo.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação e Acervo #OxeRecife