A Caatinga merece. O único bioma que é exclusivo do Brasil está e sempre esteve ameaçado. Por conta das secas periódicas e da ação antrópica que, muitas vezes, desenvolve práticas predatórias, principalmente durante as secas, quando a oferta de alimentos se reduz. Também há o contrabando de madeira, o agronegócio, as grandes obras e indústrias como o Polo gesseiro de Pernambuco, que contribuem para reduzir as chances de preservação da vegetação característica do Sertão, onde há grandes áreas já em processo de desertificação. Estudos recentes indicam que há pelo menos 481 espécies de plantas e animais ameaçados de extinção na Caatinga, que cobre onze por cento do território nacional e 70 por cento do Nordeste.
São 844.453 quilômetros quadrados, que se espalham por Alagoas, Bahia, Ceará, Sergipe, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e Minas Gerais. Então, todo esforço é pouco para preservar bioma tão importante e, também, muito biodiverso, ao contrário do que muitos pensam. Aliás, a Caatinga é tida como uma das florestas semiáridas mais biodiversas do mundo. Cientistas indicam que no bioma há 3.150 espécies de plantas floríferas, mais de 270 de formigas, mais de 400 de peixes de água doce, 98 anfíbios, 548 tipos de aves e 183 mamíferos (hoje, a maioria de pequeno porte), 196 espécies de répteis.
O 28 de maio é o Dia da Caatinga. Para assinalar a data, a Governadora Raquel Lyra anunciou o plantio de 500 mil mudas de espécies nativas do bioma em Pernambuco, o que exigirá investimento de R$ 16 milhões. Entre as espécies que serão plantadas, encontram-se aquelas usadas no cultivo da agricultura familiar, em sistemas agroflorestais, o que significa um alento para pequenos produtores. Isso é muito bom, mas infelizmente ainda demora a virar realidade. Porque ainda vai ser aberto um edital, o da Caatinga, direcionado a organizações da sociedade civil que tenham experiência em recuperação ambiental e ação de reflorestamento.
Até a liberação dos recursos, há um longo caminho a percorrer, incluindo a habilitação de entidades com expertise em reflorestamento. Ao ser selecionada pelo Edital da Caatinga, a organização será braço desta primeira fase do programa de recuperação de áreas degradadas no semiárido pernambucano que deverá ocupar a população sertaneja. “Uma das exigências do documento é o envolvimento de mão-de-obra local da região envolvida no processo de reflorestamento e no monitoramento do plantio”.
“Para garantir a perenidade dos resultados, o edital sugere estratégias de sensibilização e mobilização de proprietários de terras, através de incentivos, para a adesão ao programa”, informa o Palácio do Campo das Princesas. Os recursos, vinculados do Fundo de Compensação Ambiental, gerido pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), serão aplicados em aproximadamente 300 hectares de áreas degradadas em Unidades de Conservação localizadas em Pernambuco ou suas respectivas Zonas de Amortecimento, de maneira a promover a regeneração florestal dessas regiões.
Esperamos que dê certo. Com a regeneração da vegetação, voltam os pequenos riachos e a fauna. De acordo com a secretária de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha, Ana Luiza Ferreira, o Edital da Caatinga faz parte do programa de reflorestamento de Pernambuco, o Plantar Juntos. Esse vídeo, feito pela Associação Caatinga e pelo Estúdio Barong Anima mostra a importância do bioma. Assista:
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: CPRH/Acervo #OxeRecife e Miva Filho/Secom
Vídeo: Associação Caatinga/ YouTube
Muito bom! Letícia, o seu texto vem divulgar essa inciativa, que já devia fazer parte de todo plano de qualquer governo, no sentido da preservação do meio ambiente. Já é um ponto de partida para que as futuras gerações seja envolvida na luta pelo restauro desse bioma tão importante para todo Nordeste brasileiro.
OBG Emanoel.