Sinceramente. Sou fã da Arte Urbana. No Recife, muitas paredes são poupadas por vândalos, quando recobertas por trabalhos realizados por grafiteiros. É uma boa estratégia para manter a cidade mais alegre e menos emporcalhada pelos marginais de plantão. Não só o Recife, mas também em cidades do exterior, há áreas degradadas que ganharam nova vida depois de ter painéis coloridos e gigantes em edifícios, muros, repartições, parques, áreas portuárias. A capital pernambucana pretende ser a maior galeria de arte ao ar livre do mundo. Será que chega lá? Em todo caso, a cidade acaba de ganhar uma nova nova intervenção artística. É um megamural, na fachada do Edifício Santa Apolônia, localizado no bairro da Boa Vista, o “Recife meu amor”, do artista Marquinhos ATG.
A obra, com 390 metros quadrados, resulta do Edital de Credenciamento para Realização de Intervenções Artísticas em Empenas Cegas, o primeiro do gênero em Pernambuco. Empenas são aquelas fachadas laterais dos prédios, chamadas também de “cegas”, e que não possuem janelas nem portas. O “Recife Meu Amor” é o quarto megamural promovido pela Prefeitura do Recife em fachadas de prédios localizados no bairro da Boa Vista, região central da capital pernambucana. “A gente percebeu um olhar de felicidade das pessoas ao redor. Mas não é só o visual. O impacto causado aqui vai desde a gente que está pintando, a equipe que a gente formou, os moradores e o comércio ao redor”, afirma o artista. “A ideia de fazer esse megamural é que as pessoas olhem para ele e vejam felicidade, festa e sintam a música tocar. Os ritmos, né? Eu queria que as pessoas olhassem para esse painel e tivessem esse sentimento de escutar todo aquele fervor do pernambucano, do recifense”, explica ele.
O megamural exigiu 519 litros de tinta, que foram fornecidos pela Tintas Iquine, parceira do projeto. Os megamurais evidenciam o poder transformador da arte em espaços públicos. Além de promover interação e diálogo, essas obras revitalizam as fachadas dos edifícios e têm o potencial de atrair turistas, impulsionando a economia criativa local”, explica a secretária executiva de Inovação Urbana do Recife, Flaviana Gomes. Aliás, foi o que aconteceu na área degradada de Sacavém, na Quinta do Mocho, em Portugal que de território marginalizado passou a ser disputado por turistas. No Recife, já foram até realizados cursos, que ensinaram aos grafiteiros como trabalhar com segurança nas alturas. Marquinhos trabalhou com equipe composta por doze profissionais.
A obra é mais uma do edital Megamurais, que classificou 24 projetos que retratam através da arte o tema “Recife Cidade da Música”. Dois foram concluídos e um está em andamento. Antes do de Marquinhos, um megamural abordou a cultura afro. A contratação para execução dos megamurais depende da disponibilidade de realização e capacidade técnica do proponente conforme exigência do edital, bem como à disponibilidade orçamentária durante o tempo da vigência. O valor pago pelos serviços prestados é de R$ 75 mil, correspondente ao tamanho padrão da empena de 200 (duzentos) a 400 (quatrocentos) metros quadrados. Fica sob a responsabilidade do proponente credenciado a totalidade dos custos referentes ao planejamento e a execução das intervenções artísticas em empenas cegas de edifícios de visibilidade pública no Recife.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Uenne / PCR / Divulgação
