Vocês lembram da torre da Faculdade de Direito, que um dia tombou? E que a histórica instituição teve que suspender as aulas, já que o acidente representava um risco para estudantes, professores e servidores? Pois no domingo (16/7), quando estive na Praça da Independência para participar de mais uma edição das Caminhadas Domingueiras, tomei um susto ao ver a ruína em que se encontra a sede anterior do Diário de Pernambuco. Cada vez que vou ao Bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife, percebo que falta mais um pedaço na sua torre. Se ela desabar, não corre o risco de ir parar no meio da rua e atingir algum pedestre?
E embora não seja idêntica à da Faculdade, essa torre do DP me lembra sim a que tombou da FDR, fato que foi registrado com exclusividade aqui no #OxeRecife em 14 de novembro de 2018. Felizmente após um trabalho minucioso que exigiu até guindaste, a torre finalmente voltou muito bem restaurada ao seu lugar. Pois a da velha sede do “jornal mais antigo em circulação na América Latina”, pelo visto, vai cair também. É que a cada passagem pela Praça da Independência, vejo que a torre está mais escangalhada, com espaços cada vez maiores entre suas colunas. Afinal, ela está caindo aos pedaços ou sendo pilhada? Pois até o relógio do prédio sumiu. E onde foi parar? Alguém sabe?
É preciso, urgentemente, que os órgãos ligados à defesa do patrimônio resolvam logo a situação do prédio não só pelo valor arquitetônico, como também pela sua importante história. Pois foi de sua sacada que aconteceu um fato que, segundo alguns historiadores, teria contribuído para o fim da ditadura comandada por Getúlio Vargas. Em 1945, discursaram contra o regime o então estudante Odilon Ribeiro Coutinho, o escritor Gilberto Freyre e o estudante Demócrito de Souza Filho, que foi baleado e morto pela polícia de Pernambuco, quando também foi baleado e morto trabalhador Manoel Carvoeiro, que estava no meio da multidão, assistindo o comício dos três “subversivos”.
O prédio do DP, como o da FDR, tem estilo eclético e também foi construído no início do século passado. Após ser desocupado pela empresa jornalística, foi comprado pelo Governo de Pernambuco, que pretendia nele acomodar o Arquivo Público Estadual. Depois, seria o Porto Digital. O fato é que, até agora, não é nada e virou mais um prédio arruinado, como muitos no Centro do Recife que se espalham por ruas como a da Aurora, da Imperatriz e Nova. O governo do Estado ainda não anunciou qual será o seu destino. Cadê a Fundarpe? Cadê o Iphan? E o Recentro? E o que diz o Governo de Pernambuco, que hoje é o proprietário do prédio? Se ele está se degradando mais a cada dia, maior será o volume de dinheiro público a ser investido em sua restauração, não é? Então, é preciso correr para arranjar-lhe uma função e restaurar o quanto antes. Prá já!
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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife
