Xô, almas sebosas: Vandalismo na estátua de Manuel Bandeira, do Circuito da Poesia, na Aurora

O vandalismo realmente não dá trégua no Recife. Como se não bastassem os furtos de obras de arte  de praças, pontes, avenidas – como esculturas, painéis, estátuas – os marginais não poupam nem mesmo os personagens do Circuito da Poesia, com “agressões” que já atingiram figuras como Ascenso Ferreira e Ariano Suassuna. A vítima mais recente é o poeta Manuel Bandeira (1886-1968), que tantas alegrias nos dá, ainda hoje, com o brilho dos seus versos, inclusive com poemas sobre a cidade onde nasceu, como “Evocação do Recife”, “Cotovia” e “Recife”.

Ao todo, o Circuito da Poesia possui 20 estátuas, sendo que a maioria está no centro da cidade. Foram esculpidas pelo artista Demétrio Albuquerque, porém vez por outra, precisam de restauração devido à ação de vândalos. Entre as que já sofreram depredações estão as de Ascenso Ferreira (1895-1965), Carlos Pena Filho (1929-1960),  Joaquim Cardoso (1897-1978) e Ariano Suassuna (1927-2014). Elas ficam respectivamente no Cais da Alfândega, na Praça da Independência, na Ponte Maurício de Nassau e Rua da Aurora. Até mesmo Reginaldo Rossi (1944-2013), o Rei do Brega já sofreu ação de vândalos. Ele está fincado no Pátio de Santa Cruz, no bairro da Boa Vista.

Nem mesmo a placa com indicações do Circuito da Poesia e QR Code escapuliu da ação de marginais,na Rua da Aurora

A estátua de Manuel Bandeira já havia sofrido antes com atos de vandalismo. Ela fica na Rua da Aurora, uma das mais icônicas da cidade. Agora, o #OxeRecife acaba de receber fotos gentilmente cedidas pela AgênciaJCManzella, mostrando que o grande poeta sofreu pichações, ganhou caracterização do personagem Anonymous e o símbolo da anarquia na testa. E até mesmo a placa  turística foi totalmente pichada e arranhada impedindo ao visitante ou ao curioso de utilizar o QR  Code ou fazer a leitura do texto explicativo. Sinceramente, onde é que isso vai parar? O que passa pela cabeça de uma alma assim tão sebosa? O autor devia ser identificado, e obrigado a lavar e restaurar o que vandalizou.  Além de ter que assistir a várias aulas para saber a importância de Manuel Bandeira para a nossa cultura. E o que é um país sem cultura? Esse povo sem noção precisa saber, para ter respeito!

Além das estátuas do Circuito da Poesia, outros bens públicos encontram-se na mira de marginais. Só entre o final da gestão passada e a atual, o município já perdeu: 68 de suas 74 peças do Parque de Esculturas Francisco Brennand, no Marco Zero, um dos locais de maior demanda turística do Centro. Também sumiram placas de bronze centenárias da histórica Ponte Maurício de Nassau, o marco comemorativo em bronze da Praça do Pirulito, a estátua do mascate (na Avenida Dantas Barreto),o busto de Frei Caneca (no bairro de São José), o pálio e outras peças do Maracatu de Abelardo da Hora (também em São José). Isso sem falar nos lampiões antigos da cidade, em ferro fundido, que foram retirados pela própria prefeitura e substituídos por outros de péssima qualidade (com luz de LED). O destino das luminárias antigas, ninguém sabe, ninguém viu… Nesse caso, vandalismo oficial mesmo, como o que ocorreu na Ponte Velha.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: AgênciaJCMazella / @agenciajcmazella

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