Foi uma tarde alegre, de encontros, abraços, declamação de poemas e de rever velhos amigos e ex-clientes da extinta Livro 7, cujo fundador, Tarcísio Pereira, faleceu em consequência de complicações provocadas pela Covid-19, em 2021. Responsável por ter transformado a Livro 7 na maior livraria do Brasil e pela agitação cultural da cidade entre os anos 1970 e 2000, o livreiro acaba de ganhar uma estátua no centro do Recife. E passa a integrar, assim, o Circuito da Poesia. Na foto acima, ele recebe um abraço de Juliana Lins, filhota de “Seu Sete” – era assim que os amigos o chamavam – e da blogueira aqui.
Em concreto, a estátua fica na Rua Sete de Setembro, mais precisamente na esquina com a Avenida Conde da Boa Vista, no bairro da Boa Vista. A Sete de Setembro foi a via escolhida, porque foi ali que a Livro 7 funcionou por três décadas, em três sedes diferentes. Primeiro, em uma pequena sala, do Edifício Amaraji, onde logo se firmaria como ponto de encontro dos intelectuais da cidade e não só de agitação cultural, mas também um foco de resistência contra a ditadura. Depois, mudou-se para um casarão do outro lado da rua, onde havia, também, bar, um teatro de bolso, loja de discos. Por fim, ocupou um antigo galpão, no meio da qual instalou uma pracinha, onde os clientes podiam ler à vontade os livros que quisessem.

Eram 1 mil 200 metros quadrados, destinados não só a receber os clientes, como a sediar eventos culturais, incluindo noites memoráveis de autógrafos, como a protagonizada por Sidney Sheldon, que – apesar da fama internacional – espantou-se com o tamanho da fila de leitores à espera de autógrafos, que ocupou o quarteirão formado por Sete de Setembro, Riachuelo, Hospício, Conde da Boa Vista. Também ficaram na memória lançamentos de livros de lideranças políticas. Era da Sete de Setembro que saía, ainda, todos os sábados de carnaval a anárquica Troça Carnavalesca Independente Nóis Sofre Mais Nóis Goza.
A inauguração da estátua fez parte da programação do Festival Recifense de Literatura A Letra e a Voz, que se encerra neste domingo. O encontro teve programação movimentada, na Avenida Rio Branco, no Bairro do Recife, com debates, recitais, contação de histórias, feira de livros. Porém, na tarde desse domingo, a 19ª edição do festival literário, transferiu-se para o bairro da Boa Vista, para prestar homenagem a Tarcísio (1947 – 2021). A cerimônia foi prestigiada por velhos amigos do livreiro, por frequentadores da Livro 7 e por autoridades da Secretaria de Cultura da Cidade, de onde partiu a iniciativa da instalar a estátua de Tarcísio na Rua 7 de Setembro. Familiares, filhos, genros e netos estiveram presentes ao encontro. A escultura é assinada pelo artista Demétrio Albuquerque, e fica na esquina da 7 de Setembro com a Avenida Conde da Boa Vista.
A inauguração da estátua de Tarcísio Pereira foi animada por declamação de poesias e também com música de grupo comandado por Rafael Setestrelo.Vídeo abaixo:
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Fátima Barreto Campelo e Júlia Pereira / Cortesia
Parabéns Letícia por mais esse belo e emocionante texto, impregnado de emoção ao falar desse grande ser humano chamado Tarcísio! Sei que nem sempre é tão fácil falar de quem é tão próximo, mas você conseguiu nos trazer a emoção do que foi esse evento da inauguração da estátua de Tarcísio! Obrigado mais uma vez!! 👏🏽👏🏽👏🏽👏🏽
HOMENAGEM MUITO JUSTA PARA UM SER HUMANO MARAVILHOSO , FUI FUNCIONÁRIA DA LIVRARIA E CONVIVI INTENSAMENTE COM ESSE SER DE LUZ . MINHA ETERNA GRATIDÃO A TARCISIO SETE PELAS MINHAS CONQUISTAS PESSOAIS E PRIFISSIONAIS QUE ELE ME PROPORCIONOU.