Começa, nessa segunda-feira(6/11) o Festival Janela Internacional de Cinema do Recife, que em 2023 entra em sua 14ª edição. A cerimônia de abertura acontece no Teatro do Parque, com o lançamento de “Sem Coração”, filme de Nara Normande e Tião, muito aguardado pelo público. Selecionado para o último Festival de Veneza – onde foi a única produção brasileira na competição – e com premiações no Brasil, o filme se passa durante o verão de 1996, no litoral de Alagoas. Tamara (Maya de Vicq, foto abaixo) está aproveitando suas últimas semanas na vila pesqueira onde mora antes de partir para estudar em Brasília. Um dia, ela ouve falar de uma adolescente apelidada de “Sem Coração” por causa de uma cicatriz que a menina tem no peito. Ao longo do verão, Tamara sente uma atração crescente por essa menina misteriosa. A obra traz duas marcas registradas de Nara: as memórias afetivas e a sensibilidade poética.
O longa de estreia desperta expectativas e curiosidade. Não confundir, no entanto . Por ocasião da exibição no Festival de Veneza (único brasileiro na competição), várias pessoas perguntaram aqui na caixa de mensagens do #OxeRecife se era o mesmo curta anterior. Não, não é. Mas há razão para essa confusão. É que o longa amplia história que Nara Normande e Tião contaram em 2014 no formato de curta, com 25 minutos de duração. Mas o longa tem 92 minutos. Trata-se de coprodução França, Itália e Brasil (Cinemascópio, leia-se Kleber Mendonça e Emilie Lesclaux). Aliás, é da responsabilidade do casal, também, a criação do Janela Internacional de Cinema do Recife, que começou em 2008, com a propósito de abrir espaço para produtores brasileiros e internacionais, tidos como independentes. Desde então, o Festival só se consolidou e ampliou o espectro. Já Sem Coração, o longa, estreou no Brasil no início de outubro deste ano no 25º Festival do Rio na Première Brasil, levando o Prêmio Félix de Melhor Filme e o Prêmio Redentor de Melhor Fotografia. Antes disso, em setembro, foi exibido na sessão Horizontes, no 80º Festival de Veneza, na Itália, único filme brasileiro da competição. Maeve Jinkings também integra o elenco.
Muito jovens, Nara Normande e Tião já marcam presença na história da cinematografia brasileira. Para os que não os conhecem, aí vão informações sintéticas sobre os dois, que costumam trabalhar em dupla. Nara é alagoana. Morou 20 anos no Recife, onde desenvolveu seus primeiros trabalhos no cinema. Em 2014, dirigiu com Tião a ficção com atores Sem Coração, curta ganhador do prêmio Illy na Quinzena dos Realizadores em Cannes. Em 2018, o documentário animado em técnicas mistas Guaxuma, coprodução com a França, ganhou mais de 70 prêmios em prestigiosos festivais como SXSW, Guadalajara, Ottawa AIFF e Brasília. Guaxuma é lindo e mexe com nossas emoções. Sem Coração, codirigido por Tião, é seu primeiro longa-metragem. Filmografia de Nara: Sem Coração, 92 min, 2023; Guaxuma, 14 min, 2018; Sem Coração, 25 min, 2014 e Dia Estrelado, 19 min, 2011. Tião nasceu no Recife. Em 2008, seu filme Muro recebeu o prêmio Un Regard Neuf de melhor curta-metragem na Quinzena dos Realizadores de Cannes. Seu filme Animal Político (2016) estreou no Festival de Roterdã em 2016. Filmografia de Tião: Sem Coração, 92 min, 2023; Animal Político, 70 min, 2016; Sem Coração, 25 min, 2014; Muro, 18 min, 2008 e Eisenstein, 19 min, 2006.
O Janela segue até o domingo (12). A sessão de abertura, com a presença da diretora, equipe técnica e elenco, dá a largada para uma programação recheada de longas e curtas, entre nacionais e internacionais, que serão exibidos nas mostras não competitivas de Clássicos, Lançamentos e Sessões Especiais num total de 60 títulos em cerca de 50 exibições. Uma novidade este ano são as apresentações artísticas ao vivo, performances de grandes Divas do Lipsync recifense, como Sharlene Esse, Odilex e Raquel Simpson que abrirão algumas sessões surpresas de filmes. As performances vêm para dar continuidade ao legado dos nossos cineteatros, locais em que as artes performáticas e o cinema sempre andaram juntas. O XIV Janela Internacional de Cinema do Recife é uma realização da Cinemascópio, com patrocínio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura | FUNCULTURA PE, Fundarpe, Secretaria de Cultura, Governo de Pernambuco e do Sistema de Incentivo à Cultura da Cidade do Recife.Lamentável que nosso cinema tão tradicional, o São Luiz, fique fora do festival (pois está em obras). Também é estranho que o Cinema do Museu da Fundaj (tão prático para quem mora na Zona Norte) não tenha sido incluído no evento.
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Serviço
Festival Internacional Janela de Cinema do Recife
Onde: Além do Teatro do Parque, a programação estará em cartaz no Cinema da UFPE, na Cidade Universitária; e nas salas Derby e Porto Digital do Cinema da Fundação, com ingressos antecipados vendidos pelo Sympla e uma parte também à venda nas bilheterias antes de cada sessão, sujeito à capacidade da sala.
Quando: de 6 a 12 de novembro
Horário: 19h
Ingressos: serão vendidos a R$ 5,00 (meia) e R$ 10,00 (inteira). As sessões no Cinema da UFPE são gratuitas.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Evgenia Alexanndrova / Divulgação
Excelente dica Letícia! Seu texto como sempre acaba nos seduzindo e nos instigando a querer conferir esse filme com temática bem interessante! Obrigado