O Recife é um ovo? Na expressão popular, sim, mas não na forma interrogativa. É sempre na afirmativa que se usa, para designar uma cidade onde todo mundo se conhece. E é exatamente a frase afirmativa “O Recife é um Ovo” que virou o título escolhido para a coletiva que abre às 18h dessa quarta-feira (11/12), no Museu Murillo La Greca, que fica no bairro do Parnamirim, em uma das margens do Rio Capibaribe.
A mostra reúne 30 artistas locais e de diversas gerações, com quadros e esculturas. “E traz leituras de uma cidade cuja expressão popular presente em seu título reflete bem a dinâmica do seu funcionamento, caracterizado por encontros e coincidências cotidianas”, afirma a curadoria. A expô, aliás, foi pensada a partir desse “emaranhado de coincidências do Recife”, conforme lembra Márcia Cabral, curadora da mostra. E segundo a qual a expô transmite “a inspiração que o artista sente e traz para esse encontro, do relacionamento com o bairrismo presente na cidade e o sentimento poético que o Recife evoca”. Tem mais. A exposição provocou um desafio criativo comum para todos os artistas. Cada obra na parede conta, também, com um ovo correspondente em argila. “Os ovos em cerâmica simbolizam os relacionamentos que a cidade proporciona”, diz. Pelo visto, uma criativa viagem em torno do Recife.
Uma viagem sobre encontros, reencontros, nas esquinas, nos bares, nas ruas em uma cidade, talvez a mais cantada em versos no Brasil, porque o Recife, além de encontros e reencontros é, também, poesia. Que o digam (ou disseram) Castro Alves, Mário de Andrade, Augusto dos Anjos, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Carlos Pena Filho, Mauro Mota, Ariano Suassuna. Também cantaram a cidade em versos José Mário Rodrigues, Alberto Cunha Melo, Marcus Acioly entre tantos outros. E “Recife é um Ovo” procura explorar o lado poético da cidade através das artes visuais.
“Na rua, todo mundo acaba se conhecendo ou reconhecendo”. A mostra encerra as atividades de 2024 da Convocatória Agenda La Greca, edital de ocupação do museu. Entre os artistas que participam da mostra estão: Agenor Martins, Ana Veloso, Ana Santiago, André Cardoso, André Luiz Santana (ALSAL), André Menezes, Arine Lira, Daniel Dobbin, Diogo Alves, Dirce Camargo, Edson Menezes, Fábio Rafael, Filipe Arruda, Ilton Duarte, Ivan Torres, Jonatas Duarte, Júlia Costa, Kilma Coutinho, Leopoldo Nóbrega, Lorane Barreto, Lúcia Pereira, Luiz Rangel, Rafael Mont’elberto, Roberto Botelho, Rosana Vieira, Vânia Notaro, e Zelito Passavante.
Ao longo do período da mostra, ocorrerão eventos paralelos, todos programados para janeiro e cujas datas serão oportunamente divulgadas. Haverá, por exemplo, passeios panorâmicos de van pelo Recife, voltados para crianças e adolescentes de bairros populares. Os passeios serão gratuitos, seguidos de visitas à exposição “O Recife é um Ovo”, onde os pequenos “turistas” conhecerão as obras de arte e, em seguida, ganharão lanches para, depois, voltar às suas comunidades na mesma van. Também serão ofertadas oficinas de confecção de mamulengos, desenho, gastronomia e artesanato com papel machê.
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Serviço:
Exposição “Recife é um Ovo”
Onde: Museu Murillo La Greca
Endereço: Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, 366, Parnamirim
Data da abertura: quarta-feira, 11/12
Horário: das 18h às 21h
Visitação: de 12/12 a 02/2/2025.
Quanto: Entrada gratuita
Produução: Alexandre Albuquerque, Márcia Cabral (Curadora), e Daniel Dobbin
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Alexandre Albuquerque e Divulgação/ Museu Murillo La Greca
“O Recife é um ovo.” Que lindo! E que título sugestivo para uma expo. Bateu vontade de ver. Mas este mês não dá, estou praticamente com o pé na estrada. Vai ficar até janeiro aberta ao público em geral ou só para a criançada? A julgar pelo título e pelo texto, o que no La Greca está exposto é pura tradução poética. Recife é um ovo, sim – um ovo que nasceu dentro d’água – tendo nela crescido e se desenvolvido. Um ovo repleto de gente que se conhece como você bem o disse.