Dia desses, estava tomando banho de mar em Boa Viagem, quando em uma rodinha de conversa, um cidadão criticava o governo federal, por ter reabilitado os programas culturais que estiveram engavetados na gestão passada. “Cultura não vale nada, cultura não enche barriga de ninguém, prá que cultura?”. Saí da água para não brigar. Primeiro porque um povo sem cultura é um povo sem alma nem identidade. Segundo porque o setor além de operar resgate social em muitas áreas carentes – estão aí as orquestras oriundas das favelas, que não nos deixam mentir – emprega mais de 6,2 milhões de pessoas no Brasil. É bom lembrar, também, que muitos jovens que poderiam ter sido cooptadas pelo tráfico, por exemplo, terminaram por ganhar outro destino, depois de se profissionalizar no balé, na música, na arte urbana, no hip hop, no maracatu, na quadrilha junina, na agremiação carnavalesca.
Conheço caso de jovens oriundos de projetos sociais que hoje ganham a vida tocando em orquestras até no exterior. Então, cultura é, muitas vezes, a salvação. Um caldeirão que, ao borbulhar, dá novo sentido à vida de muita gente. Aqui e ali sempre aparece um projeto que vale a pena citar, como a Orquestra Criança Cidadã Meninos do Coque e o Movimento Pró-Criança (no Recife); a Orquestra de Câmara do Alto da Mina (em Olinda); o Aria Social (em Jaboatão dos Guararapes); o Galpão das Artes (em Limoeiro). Agora, a boa notícia vem de Camaragibe, cidade vizinha ao Recife, da qual fica a uma distância de apenas 14 quilômetros. Projeto social oferta aulas gratuitas de balé, que acontecem no centro de compras da cidade, localizada a apenas 14 quilômetros do Recife. A ação é fruto da parceria entre o Camará Shopping, a Prefeitura de Camaragibe, a Fundação de Cultura e a Secretaria de Esportes daquela cidade. O Camarã é o único shopping center na Zona Oeste do Grande Recife.
As aulas são ministradas por professores credenciados e atendem, atualmente, cerca de 150 crianças de Camaragibe. Devido ao grande número de alunos, o Camará Shopping disponibilizou um ambiente seguro e adequado para a prática da dança. “Desta forma, a iniciativa contribui para o fortalecimento da cultura local, oferecendo uma atividade física acessível para a comunidade”, informam os responsáveis pela iniciativa. A parceria torna possível proporcionar às crianças da região não só um acesso à arte, mas também um incentivo à prática de exercícios e à adoção de hábitos saudáveis. As aulas acontecem durante todo o ano, nas terças e nas sextas-feiras. A má notícia é que não há mais vagas para o primeiro semestre de 2023. A boa notícia é que no segundo semestre de 2023 haverá novas matrículas. Então, pais ou responsáveis devem ficar atentos diante dessa oportunidade.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação
