Praça Maciel Pinheiro encontra-se em situação cada dia pior: miséria, sujeira, calçadas ocupadas

Triste fim para uma praça com tanta história, como a Maciel Pinheiro. E que no passado chegou a ser frequentada por aquela que seria a grande escritora Clarice Lispector (1920-1977), cuja família morou ali em um sobrado, hoje em ruínas. Pelo logradouro, transitou o ator Henry Fonda (1905-1982), no início do século passado. Há moradores antigos, quase centenários, que lembram do astro de Hollywood passeando entre seus então bonitos canteiros. Provavelmente estava hospedado em algum dos hotéis próximos, quem sabe o Central, que à época recebia ídolos da música e do cinema e até presidentes do Brasil.

Todo recifense que se preze está triste com a decadência da Maciel Pinheiro, o que tem afastado até os clientes do comércio do bairro da Boa Vista.  Principalmente na Rua do Aragão (móveis), Avenida Manoel Borba (óticas), Conceição (antiquário). Eventos culturais que aconteciam ali perto – na Rua do Hospício – também mudaram de lugar. É o caso do Sarau da Boa Vista, cujos organizadores reconhecem que o entorno da Maciel Pinheiro não oferece condições de segurança ao público. A Praça vem sendo chamada de “cracolândia”, devido à quantidade de dependentes químicos que hoje residem em seus bancos e calçadas. Não era para ser assim. Sabemos das mazelas sociais do Recife, porém os espaços públicos – principalmente as praças –  precisam ser respeitados. Não devem ser ocupados dessa forma. Na manhã de hoje, não dava nem para passar na calçada.

Infelizmente, a fonte funcionando na Maciel Pinheiro é uma lembrança dos bons tempos da Praça histórica (LL)

Como se sabe a Praça foi implantada em 1876, para assinalar a vitória das tropas brasileiras contra a Guerra do Paraguai (1864-1870). No início, ela possuía jardins, chafariz (que levava água potável à população da Vista), e era cercada por grades. Posteriormente, o chafariz foi substituído pela fonte, que tem uma bela escultura em mármore: leões, máscaras,  ninfas, índia. Elas foram esculpidas em Portugal pelo artista  Antônio Moreira Ratto (1818-1903). Ao longo das décadas, a Maciel Pinheiro teve vários nomes: Moscoso, Largo do Aterro, Largo da Matriz, Praça da Boa Vista, Conde D’ Eu.

Até chegar ao nome atual, em homenagem ao abolicionista, acadêmico e jornalista Luiz Ferreira Maciel Pinheiro (1839-1889), autor de um brilhante artigo sobre a importância do voluntariado brasileiro na Guerra do Paraguai. A Maciel Pinheiro – que já foi ponto de encontro e uma das atrações do Bairro da Boa Vista – está degradada desde a gestão passada e até hoje nenhum gestor cuidou dela como deveria. Apesar de sua história. Nos  anos 1930, era frequentada por judeus que se instalaram no seu entorno, onde respondiam pelo comércio, principalmente o de móveis, ainda hoje muito presente naquela região. Cadê a Prefeitura, cadê o Ministério Público? Fazendo da praça quarto, banheiro e cozinha, os moradores em situação de rua também a usam como lixeira. Infelizmente, os grupos que levam alimentos ao local todas as noites, não orientam os famintos a colocarem os restos e quentinhas em um lixeiro. Aliás, nem levam um lixeirão ou sacos plásticos para acondicionar os resíduos. A comida chega, mas o que fica é o lixo junto ao meio-fio, na calçada, nas ruas. Trabalho social é bom e necessário, mas limpeza devia ser obrigatória!

O flagrante no alto da página é do fotógrafo Genival Paparazzi. Abaixo, você confere mais informações sobre a Boa Vista.

Leia também
Sessão Recife Nostalgia: Como era lindo o Bairro da Boa Vista
A Praça Maciel Pinheiro de Henry Fonda e Tia Teté
Praça Maciel Pinheiro vai de mal a pior
Histórica, Praça Maciel Pinheiro vive a decadência e o abandono
Praça Maciel Pinheiro: falta grama e sobra lixo
Praça Maciel Pinheiro pede socorro
Mobilização nas redes sociais contra o abandono das praças do Recife

Sozinho, o Teatro do Parque não conseguirá alavancar o bairro da Boa Vista. Cadê o Recentro?
Até novembro, Teatro do Parque terá nove sessões de “Retratos Fantasmas”
Teatro do Parque comemora 107 anos
Teatro do Parque restaurado: uma das maiores edições de minha vida
História rica e memórias afetivas: Teatro do Parque ganha livro
Governo estadual lança edital para restauração do Cinema São Luiz
Esvaziado e degradado,quase deserto, Centro lança duas campanhas para atrair consumidores 
Calçadas oferecem risco na Boa Vista
Cadê a requalificação das calçadas da Boa Vista? Dom Bosco pede socorro
Depois do teatro, que tal lutar pela recuperação do Hotel do Parque?
Caindo sobrado onde nasceu Nabuco
Lixo e abandono na casa de Clarice 
Em dois anos, lojas fechadas aumentaram 140 por cento na rua da Imperatriz 
Imperatriz tem  15 lojas fechadas
Imperatriz tem 26 lojas fechadas
Ponte da Boa Vista ganha abraço
Ponte da Boa Vista é eleita a mais bonita pelo Grupo Amantes Recife
Vamos salvar o centro do Recife?
Pobre Recife. Será que isso vai mudar?
Vamos revitalizar o centro do Recife?
O Recife que queremos, em 2019

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto:  Genival  Paparazzi – fotógrafo freelancer –  G.F.V Paparazzi / ZAP (81)995218132)/ gfvpaparazzi@gmail.com e Letícia Lins / Acervo #OxeRecife

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.