Por enquanto, vacina contra a dengue é luxo para poucos. O jeito é a população esperar no SUS

Notícia boa para a população. Mas, infelizmente, um benefício para poucos. É que finalmente está disponível a vacina contra a dengue, doença transmitida por um vírus durante a picada do mosquito Aedes aegypti (foto acima). Só no primeiro semestre de 2023, a infecção já acometeu 2,9 milhões de pessoas na América Latina, dos quais 80 por cento no Brasil. Ou seja, um problemão de saúde pública. A eclosão de novos casos já foi inclusive alertada pela Organização Mundial de Saúde. No nosso país, o aumento de contágio em 2023 é 70 por cento maior, quando comparado à média dos últimos cinco anos.

Como se sabe, a doença pode evoluir para casos gravíssimos, a chamada dengue hemorrágica que pode até levar à morte. Para evitar a proliferação do contágio, medidas são tomadas em todas as regiões do País e mutirões são formados a fim de eliminar possíveis focos do mosquito da dengue. Entretanto, mesmo com a ajuda da população, os casos continuam a subir. Você, por exemplo, já checou se tem algum foco do mosquito na sua casa, como cisterna sem tampa, água armazenada, plantinhas aquáticas sem tratamento? A forma mais eficaz de se prevenir da doença é evitando acumular água parada, o que é difícil no nosso país, onde muita gente com torneiras secas (ou sem elas) reserva água em casa para uso doméstico. Aqui no Recife, os agentes de saúde sempre passavam com o Bacillus thuringienses, um pozinho que era aplicado na água e que era uma garantia para matar o mosquito, pois ao comer o produto, as larvas morrem. Aqui em casa fiz um teste uma vez, com a planta na água, durante 40 dias. Pensem em um pozinho eficiente, que inclusive passou por muitos testes na Fiocruz/PE. Nem uma larva viva. Todas as vezes que recebo um agente de saúde do Recife, pergunto pelo BTI mas a informação que tenho é que não se usa mais. Uma pena. Pois funciona melhor do que o fumacê, que pode até intoxicar a população, não é não?

Sem água na torneira, população de favelada junta água em baldes no Recife: Vulneráveis e sem acesso à vacina contra dengue

Bom, mas tem vacina por aí.  E em ambientes  insalubres (sem água encanada nem  saneamento), a alternativa eficaz de não desenvolver a doença é por meio da imunização. No Brasil, o imunizante QDenga, fabricado pelo laboratório Takeda, já está disponível na rede particular, segundo informação encaminhada ao #OxeRecife. “Pessoas de 4 a 60 anos podem ser imunizadas, independente de ter pego a doença ou não, esse é o grande diferencial dessa nova vacina.  A aplicação consiste em duas doses com intervalo de três meses”, conta Thaís Farias, sócia diretora da AMO Vacinas. Já para o SUS, existe uma vacina em fase 3 de pesquisa clínica, que será incorporada de acordo com as análises e discussões nos comitês orçamentários, mas ainda não há previsão e nem informações sobre a faixa etária que será designada. Infelizmente,  pois o acesso à imunização contra os vírus transmitidos pelo Aedes é de grande importância para a população. Eu, por exemplo, tomo todas as precauções mas já tive a dengue. Mas para sorte minha, foi bem fraquinha. E só foi uma vez.

Um aviso: o preço da vacina disponível no mercado é salgado. Pois a Rede AMO Vacinas, por exemplo, “especializada em tornar o momento da vacinação o mais confortável e humanizado possível, passou a oferecer em seu portfólio esse imunizante”. Agora vejam os preços: “O valor de cada dose é  R$599,00 e a AMO preparou um combo por  R$ 1.099, 00 com as duas doses”.  Thaís lembra:“Como estamos a poucos meses do pico da doença, uma vez que é durante o Verão que ocorre uma explosão de casos,  esse é o momento ideal para que a população se vacine e esteja com as duas doses entre novembro e dezembro”.  Há quatro vírus da dengue circulando no Brasil, e as pessoas podem ter dengue quatro vezes. Os vírus são: DEN 1, DEN 2, DEN 3, DEN 4 “Por isso, é extremamente importante se vacinar”, finaliza Thaís. Pena que uma vacina tão importante não esteja acessível justamente a quem mais precisa: a população mais vulnerável, sem esgoto, sem água encanada, sem moradia digna e sem… acesso à saúde. Para mais informações, acesse: Site: https://amovacinas.com.br/ e Instagram: @amovacinasoficial.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / AMO Vacinas e Letícia Lins / Acervo #OxeRecife

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