Gente, todo cuidado com a proliferação do Aedes aegypti é pouco. Por conta do coronavírus e da pandemia, muita gente esqueceu a presença do vilão, que tantos problemas já nos causou, inclusive a microcefalia em bebês. Portanto, confiram as plantas aquáticas, as calhas de sua casa, se os depósitos d´água estão fechados, as tralhas do quintal. É que embora tenham caído os percentuais de incidência da dengue e da Zika, os casos de chikungunya pipocaram. É que nos primeiros sete meses de 2021, houve um crescimento de 469 por cento em relação ao mesmo período do ano passado.
A advertência é da Secretaria Estadual de Saúde, que computou 9.378 casos da doença em 2021, contra 1.648 do mesmo período de 2020. A chikungunya tem sintomas parecidos com o da dengue, porém apresenta um desconforto ainda maior, pois ataca as articulações dos pacientes por longos períodos, obrigando a pessoa a enfrentar longas sessões de fisioterapia, mesmo após as curas da doença. É sequela que não acaba mais. Tanto a chikungunya quanto a dengue e a zika são transmitidos pelo mesmo mosquito. No caso da dengue, houve uma queda de 15,2 por cento; e de 28,6 por cento para a zika, segundo a SES. Em 2021, já foram registrados 31 óbitos suspeitos para as arboviroses. Um foi confirmado para dengue, dois descartados, e os demais estão em investigação.

Embora mais recorrentes em períodos chuvosos, as arboviroses merecem atenção durante todo o ano. Pernambuco tem um clima bastante favorável à proliferação desse vetor, adverte a SES. “As chuvas constantes e temperaturas elevadas tornam-se os fatores perfeitos para reprodução do Aedes aegypti e essa combinação se intensifica no verão. A principal forma de prevenção contra os arbovírus é não deixar o Aedes aegypti nascer. Para isso, é preciso a adoção de medidas para evitar a proliferação do mosquito, manter caixa d’água, baldes e demais recipientes para armazenamento de água bem vedados, e sempre vistoriá-los”, frisa Claudenice Pontes, gerente de Vigilância em Arboviroses.
A população também precisa estar atenta aos sintomas específicos das arboviroses, que em sua fase inicial podem ser confundidos com a sintomatologia da Covid-19. As doenças relacionadas às arboviroses e o novo coronavírus apresentam, em muitos casos, o quadro comum de febre, dor de cabeça e dores no corpo. O que difere à primeira vista é a presença de manchas e coceiras na pele, o que não ocorre com a Covid-19. Para Covid-19, destacamos a tosse e o desconforto respiratório progressivo, pontua Claudenice Pontes.
Curioso é que mesmo com o Aedes tão presente em nossas vidas, a dengue a a zika estejam em queda. Mas, para os cientistas, alguma explicação deve haver para a chikungunia estar em alta. Para melhor combater as arboviroses, 127 cidades de dez das doze Gerências Regionais de Saúde (Geres) de Pernambuco receberam telefones celulares com o aplicativo e-visit@PE, tecnologia que proporciona mais agilidade no trabalho de monitoramento e consolidação de dados referentes à ocorrência das arboviroses. Para uso da ferramenta, a SES-PE já cedeu 2.281 smartphones para os agentes de endemias e outros profissionais da Vigilância em Saúde municipais. Assim, os agentes de saúde podem repassar em tempo real o resultado das visitas às Prefeituras.
A ferramenta, criada pelo Mato Grosso do Sul e cedida à SES-PE, substitui os boletins diários das visitas domiciliares realizadas pelos agentes de endemia, evitando a utilização de papel e a necessidade de digitação pós-visita, o que traz mais agilidade na consolidação das informações. No aplicativo, os agentes podem localizar os imóveis a serem visitados, selecionar o tipo de visita a ser feita e digitar as informações necessárias, como os focos encontrados e tratados. Ainda é possível fazer upload de imagens. Todos os dados podem ser compartilhados, em tempo real, com os gestores municipais e estaduais.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: SES e Internet