Artigo: "A nova indignação da classe média. Saúde virou luxo, o medo virou certeza", por Raul Manhaes de Castro *

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Hoje, sentado como paciente, como cidadão comum, como mais um número na fila de um consultório com suor e esperança, eu vi. Vi com os próprios olhos e ouvi com os próprios ouvidos: a revolta contida, o desespero abafado, a indignação que transbordava nos rostos de quem, mesmo pagando caro um plano de saúde, não tem mais a quem recorrer. A classe média brasileira foi empurrada — silenciosamente, impiedosamente — para o abismo da proletarização sanitária.

Não se trata mais de um problema de “pobres”. Não é mais o drama do SUS superlotado, do exame que nunca chega, da cirurgia que atrasa anos. Agora, é o drama da mensalidade que devora grande parte do salário, do reembolso que não vem, da consulta impossível ou adiada por meses, do hospital privado que virou balcão de negócios. O sistema de saúde suplementar — esse que deveria complementar o SUS — tornou-se um negócio escandaloso de exclusão. E os que antes acreditavam estar protegidos, estão agora aterrorizados. Foi terrível ver e sentir isso hoje e eu que sou médico… E quem não é ?

Chegou a hora de dizer: basta!

Não há mais lugar para neutralidade. O brasileiro de classe média, aquele que paga dois, três, quatro mil reais por mês para proteger sua família, está fatigado, está acordando como nunca esteve antes. E está com medo. Medo de adoecer. Medo de ver pai, mãe ou filho morrerem na recepção de um hospital, mesmo com o cartão do plano no bolso. Cartão que vale nada, literalmente. Medo de, depois de uma vida inteira contribuindo, ser descartado como um fardo caro demais.

Este é o novo povo da saúde abandonada.

E aqui vai uma convocação de um velho
: quem tiver coragem de levantar essa bandeira, terá o apoio inequívoco de milhões. Não importa se é de esquerda ou direita, evangélico ou ateu, lulista ou bolsonarista. Essa dor é transversal. Essa revolta é geral. Esse medo é coletivo. O primeiro político — em qualquer estado — que disser, com clareza, que vai enfrentar os planos de saúde, regular com mão firme, defender os usuários como consumidores e cidadãos, terá uma vaga garantida no Congresso Nacional. Será eleito sem nenhuma dúvida, debaixo de aplausos, com lágrimas nos olhos de quem só quer ter o direito de viver com dignidade. Porque a saúde virou privilégio. E o povo não aguenta mais pagar para sofrer.

Esse é o grito que está preso na garganta de milhões. Vi hoje!!! É hora de transformar esse grito em voz política. Porque ninguém quer morrer à míngua, com um boleto no débito automático e um “aguarde” no atendimento. A saúde é um direito, não um produto de luxo.
E quem lutar por ela, com coragem, verdade e ação, vai ter ao seu lado o novo exército dos injustiçados — que não se vêm mais como classe média, mas como vítimas de um sistema que os vendeu ao capital e os abandonou à própria sorte.

O Brasil precisa de um novo levante. E ele começará muito em breve. Se já não começou.

*Raul Manhaes de Castro, 69 anos, é médico, pesquisador 1C do CNPq, é professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco. (Pesquisador 1C é aquele com alto nível de experiência e reconhecimento na sua área, com capacidade demonstrada de formar novos pesquisadores).

Nota da Redação: Como esse problema atinge gregos e troianos, vamos movimentar? Envie para cinco pessoas e peça para que elas compartilhem com mais cinco. Assim, quem sabe as autoridades se sensibilizem para problema tão grave que parecem não estar nem aí… O problema relatado pelo médico provoca sofrimento duplo: nos segurados de planos de saúde e de quem precisa de atendimento público, porque do jeito que a coisa vai, o SUS vai ficar cada vez mais sobrecarregado. O que acarretará uma prestação de serviço pior, concordam? Nos links abaixo, outros artigos enviados ao #OxeRecife para publicação.

Edição: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação

Recentemente fiz uma colonoscopia e endoscopia numa clínica de um empresarial e fui tratada com extrema negligência;dia seguinte senti meu corpo diferente,passando muito mal e com infecção urinária grave pelo vazamento do manitol durante o exame( o preparo foi feito na clínica) fui internada por 8 dias, após alta sai do hospital e após poucos dias voltei á ser internada com pneumonia adquirida no hospital; até hoje estou com sequelas,procurei o médico q fez os exames pra saber o q houve durante o exame, porque não conseguiu reverter a sedação em sala,etc e pra lhe dizer o q tenho passado em decorrência do ocorrido,ele se nega á me atender; vivo dias de extrema angústia,tem dias q tenho 2,3 médicos pra ir, coloproctologista, pneumologista, psicóloga,etc.Essas pessoas estão á cima de qualquer suspeita, geralmente médico protege médico,( uma minoria ainda tem opinião própria e age com imparcialidade)tem advogado renomado,tem muito dinheiro e tbm o próprio caráter e índole.Tenho 62 anos,estou prejudicada fisicamente, emocionalmente e todo o mais.Minha vida hoje é antes destes exames, pós estes exames.tenho q fazer uma manometria,sem movimentos peristálticos, inflamação e alargamento na área de início da colonoscopia,fazendo uso de proctil,região inflamada com trombo hemorroidal pós exame,crises de choro todos os dias,continuo procurando o médico pra saber o q houve e a secretária diz q ele não vai me atender; mandou procurar o advogado da clínica,o mesmo falou por mensagem no ZAP dizendo q o endoscopista iria entrar em contato com o meu gastro; ora,quem está com o ânus,reto,intestino, estômago e o emocional ferrado para sempre sou eu! Qd acordei da sedação estava com catéter de oxigênio, oxímetro,soro,ligada num monitor q mostrava minha saturação em 96,em cima de um lençol molhado ,um líquido amarelado,cheirei,parecia manitol q ainda tinha no intestino , provavelmente saiu durante a colonoscopia; faço colonoscopia desde 2011 pra acompanhamento de pólipos adenoma tubular com displasia grau leve,se não tirar esses pólipos eles malignizam; sempre acordei ao término do exame e ao sair da clínica nem médico,nem enfermagem na clínica, só a recepcionista… saí me sentindo mal d + até hoje durmo pensando e acordo pensando porque não consigo tomar uma providência Qt esse tratamento cruel,covarde e desumano por parte do médico e equipe; porque essa fragilidade diante de algo q me adoeceu terrivelmente e q ainda pode ser fatal pra mim?! não sei o q fazer.Hoje é sábado,9:03 hs estou deitada,sem ânimo pra nada! tá muito pesado pra mim conviver com isso.

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4 comments

SOFIA DE PAULA LOPES disse:

7 de maio de 2025 às 10:37

Endosso totalmente a proposta do dr.Raul.É uma vergonha a omissão da ANS na gestão e controle dos planos de saúde.
É preciso ficar atento à 03 itens que os planos de saúde estão querendo ” emplacar” com um lobby poderos no congresso:
Cancelamento unilateral dos planos;
Rastreamento do câncer de mama após os 50 anos
Proposta dos planos de saúde segmentados e de baixo custo,com cobertura reduzida,o que pode comprometer ainda mais o acesso à saúde de qualidade.
Vou mais além : devemos EXIGIR que todos os políticos usem o SUS que,segundo o nosso presidente, é perfeito e exemplo no mundo.
Eu pergunto porque o presidente
E demais autoridades não dão o exemplo,usando a rede pública de saúde legitimada,aprovada e consolidada que é o SUS?
É muita hipocrisia dos nossos dirigentes que fazerm um discurso pró SUS mas na primeira “gripe” correm para o Sírio Libanês que,vejam só,é pago com o suor e impostos do povo que morre à míngua na fila do SUS.
É um escárnio contra a população! É revoltante! Vamos reagir!

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ALEXANDRE JORGE DE ARAUJO BRAGA disse:

9 de maio de 2025 às 14:48

Cada político, cada burocrata, juiz, desembargador, autoridades em geral terá uma explicação, justificativa, teoria ou ressalva, porém tudo leva a apenas uma verdade: o Brasil é um país de elites onde impera a injustiça, o engodo, o clientelismo e a impunidade. Quem quiser se iludir mais e viver apenas de esperanças vote no populista de plantão.

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Vera Lúcia Garcia De Medeiros disse:

10 de maio de 2025 às 09:05

Recentemente fiz uma colonoscopia e endoscopia numa clínica de um empresarial e fui tratada com extrema negligência;dia seguinte senti meu corpo diferente,passando muito mal e com infecção urinária grave pelo vazamento do manitol durante o exame( o preparo foi feito na clínica) fui internada por 8 dias, após alta sai do hospital e após poucos dias voltei á ser internada com pneumonia adquirida no hospital; até hoje estou com sequelas,procurei o médico q fez os exames pra saber o q houve durante o exame, porque não conseguiu reverter a sedação em sala,etc e pra lhe dizer o q tenho passado em decorrência do ocorrido,ele se nega á me atender; vivo dias de extrema angústia,tem dias q tenho 2,3 médicos pra ir, coloproctologista, pneumologista, psicóloga,etc.Essas pessoas estão á cima de qualquer suspeita, geralmente médico protege médico,( uma minoria ainda tem opinião própria e age com imparcialidade)tem advogado renomado,tem muito dinheiro e tbm o próprio caráter e índole.Tenho 62 anos,estou prejudicada fisicamente, emocionalmente e todo o mais.Minha vida hoje é antes destes exames, pós estes exames.tenho q fazer uma manometria,sem movimentos peristálticos, inflamação e alargamento na área de início da colonoscopia,fazendo uso de proctil,região inflamada com trombo hemorroidal pós exame,crises de choro todos os dias,continuo procurando o médico pra saber o q houve e a secretária diz q ele não vai me atender; mandou procurar o advogado da clínica,o mesmo falou por mensagem no ZAP dizendo q o endoscopista iria entrar em contato com o meu gastro; ora,quem está com o ânus,reto,intestino, estômago e o emocional ferrado para sempre sou eu! Qd acordei da sedação estava com catéter de oxigênio, oxímetro,soro,ligada num monitor q mostrava minha saturação em 96,em cima de um lençol molhado ,um líquido amarelado,cheirei,parecia manitol q ainda tinha no intestino , provavelmente saiu durante a colonoscopia; faço colonoscopia desde 2011 pra acompanhamento de pólipos adenoma tubular com displasia grau leve,se não tirar esses pólipos eles malignizam; sempre acordei ao término do exame e ao sair da clínica nem médico,nem enfermagem na clínica, só a recepcionista… saí me sentindo mal d + até hoje durmo pensando e acordo pensando porque não consigo tomar uma providência Qt esse tratamento cruel,covarde e desumano por parte do médico e equipe; porque essa fragilidade diante de algo q me adoeceu terrivelmente e q ainda pode ser fatal pra mim?! não sei o q fazer.Hoje é sábado,9:03 hs estou deitada,sem ânimo pra nada! tá muito pesado pra mim conviver com isso.

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Luciana Câmara disse:

10 de maio de 2025 às 09:39

Apoiem o Idec. É um instituto independente q defende os consumidores e consumidoras e atua fortemente pela regulamentação dos planos de saúde.
Apoiem que apoia o SUS! Não pensemos só nos lanos privados, mas no sistema como um todo. Justiça mesmo é todo mundo ter acesso irrestrito a tudo!

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Artigo: “A nova indignação da classe média. Saúde virou luxo, o medo virou certeza”, por Raul Manhaes de Castro *

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