Sinceramente, cadê os vereadores do Recife? E os órgãos de fiscalização, que não zelam pelos direitos da população? O Ministério Público, o TCE? Desse jeito, o recifense fica ainda mais “órfão” do que sempre foi. Como se não bastassem os riscos oferecidos nas vias públicas – calçadas esburacadas, pista irregular, falta de sinalização eficiente em obras no asfalto (o que vem provocando acidentes), insegurança – agora o poder público descobriu um meio de ludibriar o cidadão.
Prestem atenção na placa acima. Alguma dúvida? Sim. Prazo de 60 dias. E cadê as datas do início e de conclusão da obra? Não tem. E o cidadão comum, que passa ali todo dia vai ter, claro, um pouco mais de dificuldade para fiscalizar. Menos facilidade para cobrar do poder público o seu dever.
Pela legislação, as obras públicas do município devem ser sinalizadas com placas que informem “data prevista para início e conclusão da obra”. Porém, infelizmente, nós – aqui do #OxeRecife – estamos percebendo que essa preciosa informação está desaparecendo das placas que sinalizam realização de obras públicas da nossa cidade. O que, de certa forma, dificulta o exercício da cidadania aos moradores do Recife. Pelo menos, é o que acontece na placa acima, colocada à margem do Açude de Apipucos. Ela está lá há um tempão, mas sinal de obra que é bom, zero. Alguém sabe quando a obra vai começar? Ou seja, o cidadão que passa por lá todo dia, nem sabe quando começa o trabalho. E muito menos quando termina. Isso porque, ao contrário do que determina a lei, a informação foi omitida.
Se não fosse a lei, o bom senso e a seriedade das autoridades deveriam colocar a informação, como forma de dar satisfação – por mínima que seja – à população, ao eleitor, ao cidadão. No Recife, fica parecendo que a falha é intencional, devido ao erro em repetição. Outra, com o mesmo problema, pode ser observada na foto abaixo. Foi colocada na Rua do Sol, perto da cabeceira da Ponte da Boa Vista, onde a Prefeitura implantava serviço de iluminação cênica, obra que se arrastou por período muito maior do que o o “prazo” de “60 dias” determinado no contrato. Porém o cidadão que por ali passa, à margem do Rio Capibaribe, não tinha como conferir. Sem saber, foi obrigado a andar no breu, exposto a assaltos, por um período mais prolongado do que oficialmente acordado nos gabinetes oficiais.
Além da data do início e final dos trabalhos, a placa deve conter o nome do órgão da municipalidade responsável pela obra; nome e endereço da empresa contratada; nome e registro do técnico responsável; valor total da obra e fonte de recursos; área total da obra em metros quadrados. Nessa reportagem, temos dois exemplos que não obedecem à legislação. Também faltam o endereço das empresas contratadas e do técnico responsável. É verdade, que nem todas as placas estão totalmente omissas.
A que indica a reconstrução da Ponte Jaime Gusmão, por exemplo, mostra as informações necessárias: prazos, valores, fonte dos recursos, empresa responsável. Também… a ponte, que já deveria estar ligando os bairros de Iputinga e Monteiro, como se sabe, já enterrou R$ 16 milhões, sem que tenha sido concluída. Ou seja, por conta de falhas no projeto inicial, aquele valor que representa o seu, o meu, o nosso dinheiro foi embora pelo ralo. Alguém devolveu o que se perdeu aos cofres públicos? Então, não colocar todas as informações necessárias à execução da nova obra seria uma forma de deixar o cidadão ainda mais desconfiado, quanto ao destino da nova aplicação de tanto dinheiro . Quase tudo teve que ser destruído. E a ponte vai consumir, agora, mais R$ 38 milhões. Meu Deus…
Mas, pelo menos, a população sabe os prazos oficiais de início e conclusão prevista da obra. Abaixo, você confere informações sobre obras que nunca terminam e o descaso do poder público com a segurança de motoristas e pedestres.
Leia também
Ponte que enterrou R$ 16 milhões (sem levar a lugar nenhum) é retomada
Ponte Boa Vista ganha iluminação cênica, mas pedestre fica no escuro
Ponte da Boa Vista interditada. Choque?
Ponte da Boa Vista tem trechos no breu
Três pontes em obras. E a da da Boa Vista?
Ponte da Boa Vista pede socorro
Ponte da Boa Vista ganha abraço
Ponte da Boa Vista ganha reparos
Cadê a sinalização? E o respeito à vida?
Calçadas assassinas: Novas vítimas
Armadilhas junto ao meio-fio
Prestadoras de serviço: Descalabro
Operadoras ameaçam pedestres
Os cem buracos do meu caminho
Demandas urbanas: Abrigos de ônibus oferecem riscos
Calçadas assassinas: “É sair e cair”
Recife: calçadas e ruas assassinas
Vocês lembram dessa calçada? A Compesa “consertou”
As inviáveis calçadas da Avenida Norte
Perigo à vista na esquina da Futuro
Futuro das usurpações urbanas
Charme: calçada para andar e sentar
Discutindo o Recife a 5 km por hora
Uma “piscina” no meio do caminho
Cidadania a pé está difícil
Bueiros viram armadilhas mais perigosas em dias de chuva
Calçada: Que saco, torci o pé de novo
Tombos nas calçadas requalificadas
Quem chama isso de calçada….
Calçadas melhoram na Av Norte, mas…
Oxe, cadê as calçadas da Avenida Norte?
Calçadas crateras na Avenida Norte
Av. Norte: reforma só atinge 12 por cento das calçadas
Acidente em calçada requer até Samu
“Revoltado com queda na calçada”
Depois daquele tombo (12)
Depois daquele tombo
Depois daquele tombo (1)
Depois daquele tombo (2)
Depois daquele tombo (3)
Depois daquele tombo (4)
Depois daquele tombo (5)
Depois daquele tombo (6)
Depois daquele tombo (7)
Depois daquele tombo (8)
Depois daquele tombo (9)
Depois daquele tombo (10)
Depois daquele tombo (11)
Assim não dá: Calçada com buracos e lixo
Riscos para quem anda e pedala
Calçadas: acessibilidade zero
Cadê o respeito aos cadeirantes?
Calçadas assassinas: “É sair e cair”
Calçadas nada cidadãs na Zona Norte
Novas calçadas: 134 quilômetros até 2020
Calçada larga na Rua Gervásio Pires
Convite ao tombo no Centro
Centro do Recife precisa de Mais Vida
Você está feliz com o Recife?
Calçada dá medo na gente de afundar
Acidente em calçada requer até Samu
Calçadas cidadãs da Jaqueira e Parnamirim: todas deviam ser assim
Comunidade recupera calçadas em Casa Amarela. Essas cenas vão sumir?
O drama das nossas calçadas
Quem inventou as famigeradas tampas duplas de nossas calçadas?
Já torci o pé três vezes
Quem chama isso de calçada…
Alguém chama isso de calçada?
Andando sobre o inimigo
Recife: calçadas e ruas assassinas
Os cem buracos do meu caminho
Mais uma calçada cidadã
Cidadania a pé: calçada não é perfeita
Charme: calçada para andar e sentar
Quem chama isso de calçada….
Pedras nada portuguesas
Santo Antônio sem pedras portuguesas
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Genival Paparazzi / Especial para o #OxeRecife