Pastoril das “Meninas Encantadas” e “véias” empoderadas movimentam o Dia de Reis na Várzea

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Além do espetáculo oficial de Queima da Lapinha, por sinal belíssimo, no Pátio de São Pedro, um outro, bem divertido, movimentou o Recife, no final de semana, no bairro da Várzea. Enquanto o primeiro, organizado pela Prefeitura, teve cortejo de 15 grupos de pastoris, três orquestras de frevo e um bloco lírico, o segundo contou com o Pastoril das Meninas Encantadas, Dança das Fitas, apresentação de “véias” e a animação da “Véia” Taioba, que comandou a festa, o cortejo e a cerimônia final, quando as palhas da manjedoura foram queimadas em frente à Igreja Imperial Nossa Senhora do Rosário, que fica em um dos mais pitorescos recantos daquele ainda bucólico bairro.

Ou seja, a diferença entre as duas mais famosas Queimas da Lapinha do Recife é que a do Pátio de São Pedro é oficial, organizada pelo poder público, enquanto a da Várzea é coordenada pela própria comunidade. Esta atrai a cada ano maior número de curiosos e tanto é assim, que pouco antes das 19h, já não havia uma só cadeira desocupada para o público,  em frente ao número 131 da Rua Francisco Lacerda, residência da arte educadora Beta Ferrac e também sede do Peixe Beta Espaço Cultural. Para os que não sabem: é a própria Beta (foto acima de vermelho e azul) quem encarna a Véia Taioba, a  versão feminina dos “véios” de pastoril de ponta de rua, como é chamado o pastoril profano, geralmente movido a piadas picantes e tradicionalmente machistas por eles contadas durante as apresentações de pastoras geralmente “endiabradas”.

Anjinhos do Pastoril das Meninas Encantadas conduzem palhas da manjedoura para queima da Lapinha, na Várzea.

Ou seja, a diferença entre as duas mais famosas Queimas da Lapinha do Recife é que a do Pátio de São Pedro é oficial, organizada pelo poder público, enquanto a da Várzea é coordenada pela própria comunidade. Esta atrai a cada ano maior número de curiosos e tanto é assim, que pouco antes das 19h, já não havia uma só cadeira desocupada para o público,  em frente ao número 131 da Rua Francisco Lacerda, residência da arte educadora Beta Ferrac e também sede do Peixe Beta Espaço Cultural. Foi dessa via, após pastoril, dança das fitas e muita gandaia das “véias“, que saiu  o cortejo  para a cerimônia da queima da Lapinha. Para os que não sabem: é a própria Beta (foto superior, de vermelho e azul) quem encarna a Véia Taioba, a  versão feminina dos “véios” de pastoril de ponta de rua, como é chamado o pastoril profano, geralmente movido a piadas picantes e tradicionalmente machistas por eles contadas durante as apresentações de pastoras “endiabradas”. A escritora Fátima Brasileiro, que foi comigo à Várzea, ficou tão empolgada que disse que quer ser “véia” também, entre 2024 e 2025. Já  estimulei minha amiga, que embora more no Recife, é sertaneja, e cresceu entre disputas dos cordões azul e encarnado e vendo os reisados de Afogados de Ingazeira, município localizado a 386 quilômetros do Recife.

No caso da Várzea, as “véias” contam piadas, mas com outra veia, mais feminista. E o pastoril não é o de ponta de rua, o profano, mas sim aquele que é também chamado de religioso, com direito a jornadas que anunciam o nascimento de Jesus e a chegada dos Reis Magos e a personagens religiosos, como José, Maria, o próprio Jesus bebê, anjos. E ainda, ciganas, borboletas, Diana.  “Realmente, surgiu essa ideia, mas o texto da gente evita aquele cunho sexual machista. Ninguém nega a condição de ser mulher, mas defende o direito de ser feliz sexualmente e não mero instrumento sexual”, diz Beta. “E somos muito mais que isso, mães, tias, avós, artistas, engenheiras, jogadoras de futebol. Ou seja, seres humanos de grande valor”, explica.

“Nesse sentido, a gente vem dando umas batidinhas nos “véios”, mas não é para dar rasteira não, mas sim para eles se aprumarem, afirma a artista em tom de brincadeira. “Eles podem até tirar essa onda, mas a letra da música da Taioba, por exemplo, diz que existem dois tipos de taioba mesmo na natureza .Tem uma que se você comer se envenena. A outra espécie de vegetal, que tem o mesmo nome popular, é totalmente comestível.  Ou seja, taioba mansa para quem sabe cozinhar. E Lei Maria da Penha para taioba violenta”, diverte-se a “véia”.  Em 2024, até o “Véio” Mangaba (personagem interpretado por Walmir Chagas) esteve na Várzea, para a ver a brincadeira das “véias” de perto. Mangaba já tem adotado cuidados, para que suas piadas picantes sejam adequada aos novos tempos.

E Taioba explica: “A gente tira essa onda de piadas picantes, com segundo sentido, mas  longe de argumentos de cunho machista. Este ano, o “Véio” Mangaba esteve aqui, e quero dizer que a gente tem muito respeito pelos “véios” de pastoril, inclusive na Várzea temos dois, o Massaranduba e o Bizuca.  Mas a gente vai afinar mais ainda o discurso, e continuar brincando com os “véios”, mas com o aspecto de empoderamento mesmo”. Minha amiga Fátima Brasileiro, que foi comigo à Várzea, ficou tão empolgada que disse que quer ser “véia” também, entre 2024 e 2025. Já estimulei minha amiga, que embora more no Recife, é sertaneja, e cresceu entre disputas dos cordões azul e encarnado e vendo os reisados de Afogados de Ingazeira,município localizado a 386 quilômetros do Recife. O tipo de comportamento da “Véia Taioba” já vem sendo observado em outro folguedo popular, o teatro de bonecos, mais conhecido em Pernambuco como mamulengos, como é o caso da Mestra Titinha, do município pernambucano de Glória de Goitá, considerado a capital nacional do mamulengo. Pelo seu empoderamento, Titinha já virou até tema de documentário.

Confira parte da “brincadeira” das “véias” de Pastoril  pouco antes da Queima da Lapinha, na Várzea:

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Texto, fotos e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife

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