Parceria entre Galpão das Artes e Museu do Mamulengo rende primeiros frutos

São duas instituições pelas quais tenho o maior respeito:  o Museu do Mamulengo (em Glória do Goitá) e o Centro de Cultura Galpão das Artes (em Limoeiro). Ambos ostentam uma luta incansável em defesa da cultura popular, trabalham não só para preservar nossas mais autênticas e tradicionais manifestações, como também para repassar ensinamentos para as novas gerações, estimulando – assim – não só o resgate de nossa riqueza cultural como possibilitando a expansão de uma economia criativa com a qual todos só têm a ganhar. Em agosto do ano passado, o Galpão das Artes e o Museu do Mamulengo fecharam uma parceria, que garantiu ao primeiro um espaço permanente para apresentações de grupos de teatro popular de bonecos de Glória do Goitá no Galpão. A “tenda” (ou “empanada”) está sempre armada, aguardando os mamulengos que tanta alegria nos dão nas festas de rua do interior e até mesmo da capital. Mas não é só isso. O Galpão das Artes acaba de inaugurar a exposição Memória do Museu do Mamulengo de Glória do Goitá, alusiva ao transcurso dos 19 anos dessa exemplar e dinâmica instituição.

Exposição também tem peças de mamulengo para vender: uso como ferramenta educativa e objeto de decoração.

A mostra  fica em cartaz até o dia 11 de junho, na sede daquela entidade, à Rua  Vigário Pinto, no centro de Limoeiro, município que ficou famoso no início do século passado como a  terra do “Coronel” Chico Heráclio. No século 21, a referência do município mudou: saiu da política do voto de cabresto para a democratização da cultura. Falar em Limoeiro, hoje, vem logo à lembrança o Galpão das Artes, e seu trabalho de resgate social e cultural, cujo raio de influência se estende a municípios vizinhos.

Glória do Goitá também era famosa pela força de suas lideranças políticas, à frente a matriarca Fernanda Paes. Ela tinha tanta força, que no século passado o seu município foi o único em Pernambuco a dar vitória ao então deputado Ulisses Guimarães,  em sua solitária campanha para a presidência da República, em 1989. Hoje, como em Limoeiro, a referência para que alguém lembre de Glória é o seu belo e dinâmico Museu, que funciona no prédio de um antigo mercado de farinha. E tanto é assim, que Glória do Goitá é considerada hoje como a Capital do Mamulengo.  As duas forças culturais fizeram uma parceria, da qual  a Exposição Memórias do Museu do Mamulengo de Glória do Goitá é um dos frutos. A  mostra assinala, também, os 21 anos de existência do Galpão. Nem mesmo na crise sanitária, esta entidade deixou de atuar, levando cestas básicas a famílias carentes e assistindo a grupos mambembes de circo, quando ficaram proibidos de movimentar o picadeiro.

Só em 2022, o Galpão das Artes conseguiu distribuir até maio 750 livros infantis, 200 cestas básicas, e alcançou 3 mil espectadores ao circular por seis cidades pernambucanas. Também conseguiu renovar a subvenção social com a Prefeitura de Limoeiro, o que é mais do que justo diante do serviço prestado à população, principalmente às crianças em situação de vulnerabilidade social. A exposição permanece em cartaz, nos períodos da manhã e da tarde. São  bonecos históricos do Museu do Mamulengo, como também estão disponibilizados bonecos para venda. As peças hoje são disputadas não só por artistas e educadores, mas também por decoradores. A entrada é gratuita, mas solicita-se  doação de gêneros alimentícios, que serão doados para famílias residentes na Vila Urucuba (em Limoeiro), que foram prejudicadas pela enchente do Rio Tracunhaém. Em Limoeiro, o excesso de chuvas provocou uma morte por soterramento.

Também aproveite para comprar alguma peça, pois estará colaborando com artesãos que vivem da arte mamulengueira. Confira, no vídeo abaixo, o que dizem três pessoas que lutam em defesa dessa arte popular: Pablo Dantas (Presidente da Associação de Mamulengueiros de Glória do Goitá, que administra o Museu do Mamulengo), Fábio André (criador e coordenador do Galpão das Artes), e Dolores Carmen (Secretária de Cultura, Turismo e Lazer de Limoeiro).

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Museu do Mamulengo / Galpão das Artes

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