“O Retábulo de Lins” marca centenário de Osman Lins no Museu do Estado

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Passando aqui para lembrar que o Museu do Estado de Pernambuco (MEPE) abre as portas às 19h dessa terça-feira (10/12) para a Exposição “O Retábulo de Lins”, que comemora o centenário do escritor Osman Lins, autor de livros como “Os Gestos”, “O Fiel e a Pedra”, “O Visitante”, “Avalovara” e da peça teatral “Lisbela e o Prisioneiro”, sua obra mais popular.  Com curadoria da pesquisadora Elizabeth Hazin – uma das maiores autoridades do país na obra de Osman – a coletiva se inspira nos doze mistérios do conto “O Retábulo de Santa Joana Carolina”, do livro “Nove, Novena”, o seu primeiro a fazer sucesso no exterior.

Os artistas reunidos por Hazin para a empreitada artística e literária são: Álvaro Caldas, Antônio Henrique, Clériston de Andrade, Fabíola Pimentel, Jessica Martins, Maurício Arraes, Rikia Amaral, Roberto Ploeg, Romero de Andrade Lima, Tereza Perman, Timóteo e Vânia Notaro. Junto com Hazin, eles mergulharam no universo do escritor, com leituras, análises e discussões.  O projeto  ” O Retábulo de Lins” não se limita à exposição. É bem mais amplo e inclui até um desfile de moda, com looks criados pela estilista Eliane Mello que, como o escritor, nasceu em Vitória de Santo Antão, cidade localizada a 51 quilômetros do Recife.   Os looks são inspirados na “obra osmaniana”, segundo Hazin. Também haverá um concerto da Orquestra Criança Cidadã. Todos os participantes do evento atuam como voluntários. Pois embora a curadora tenha tentado mecanismos locais de incentivo à cultura, a proposta foi rejeitada, mesmo diante data oportuna de nascimento do escritor. A produção é de Bárbara Collier.

Elizabeth Hazin idealizou o projeto “O Retábulo de Lins”, pensando em uma forma de marcar o  centenário do também autor de obras como “A Rainha dos Cáceres da Grécia”, “Problemas Inculturais Brasileiros” e “Guerra sem Testemunhas”. Tentou então a Lei Rouanet (Lei 8.313/1991) de Incentivo à Cultura, e conseguiu aprovação. Mas não conseguiu contrapartida do empresariado. Decidiu, então, tentar o Sistema de Incentivo à Cultura do Recife. Embora o projeto não tivesse nenhum problema de ordem técnica e apesar da oportunidade da data – o centenário – foi recusado no SIC. Decidiu, então, concretizá-lo com a cara e a coragem e a colaboração de artistas, do Museu do Estado, da Orquestra Criança Cidadã e da estilista de Vitória.

Hazin é leitora de Osman desde a adolescência.  Com vasta vida acadêmica, ela costuma lembrar sempre com muita propriedade, ” os dois homens de minha vida”. Refere-se assim a Guimarães Rosa (1908-1967) e a Osman Lins (1924-1978),  pois durante longo tempo dedicou suas pesquisas ao primeiro. Quanto ao segundo, ela não consegue parar de estudar.  Há 16 anos, dedica-se a investigar  a obra do pernambucano, colecionando sobre ele pelo menos 80 atividades que incluem  publicações, conferências, livros, organização de eventos, orientação de dissertações e teses. Em 2024, decidiu prestar-lhe uma homenagem merecida, “O Rétabulo de Lins“, porém esbarrou na burocracia e na indiferença do setor oficial e até mesmo do empresariado, para a realização do evento. O sonho de Hazin é que algum colecionador ou instituição pública adquira a coleção que assinala o centenário do escritor.

Exposição: Cada um desses artistas inspirou-se em um mistério de “O Retábulo de Santa Joana Carolina”

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Serviço:
O quê: O Retábulo de Lins (exposição, desfile de moda e concerto com a Orquestra Criança Cidadã)
Onde: Museu do Estado de Pernambuco (MEPE)
Endereço: Avenida Rui Barbosa, 960, Graças
Quando: de 10 de dezembro a 12 de janeiro
Horário da abertura: 19h dessa terça (10/12)
Entrada gratuita

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Divulgação; quadro de Maurício Arraes

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4 comments

  1. Sem dúvida será um oportunidade única de conhecer a obra de Osman Lins dentro de uma perspectiva visual/ musical , enriquecendo ainda mais a leitura universal desse grande escritor.

  2. Que vergonha o empresariado ter se recusado a colaborar com a curadora Hazin na sua empreitada de homenagear o escritor Osman Lins. E o setor oficial ter agido da mesma forma foi pior ainda. Mas acredito que o Museu do Estado receberá muitas visitas e o esforço da curadoria certamente será recompensado.

  3. Que maravilha Letícia. Uma homenagem mais do merecida ao escritor Osman Lins, o “artesão da palavra”. Essa mostra com essa nova perspectiva, mostrar sua obra em quadro, foi genial. Parabéns Letícia

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