Centenário: Osman Lins vira selo dos Correios e “Cadeia Cultural” em Vitória

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Passei praticamente todo o dia na cidade de Vitória de Santo Antão, participando das comemorações promovidas pela Prefeitura, para assinalar o centenário de nascimento do escritor Osman Lins, meu pai, que encantou-se em 1978, com apenas 54 anos e no auge de sua carreira literária. Fui com minhas irmãs, Litânia e Ângela, e voltamos satisfeitas com o tributo que o município faz ao seu filho ilustre. Ele merece.

Houve encenação musical inspirada em “Lisbela e o Prisioneiro” (sua peça de teatro mais popular), palestra do Professor Lourival Holanda (Presidente da Academia Pernambucana de Letras) e novidades anunciadas pelo Prefeito Paulo Roberto Leite de Arruda, que está instalando uma “Cadeia Cultural Osman Lins” (foto acima). O nome tem tudo a ver, porque trata-se de um complexo cultural que vem sendo implantado a partir da antiga cadeia pública do município, localizado a 51 quilômetros do Recife.

Companhia de Dança Carlos Nascimento preparou um musical inspirado em Lisbela e o Prisioneiro

Nela – que vem a ser um dos “cenários” da peça “Lisbela e o Prisioneiro” – será instalado um museu, dedicado não só a Osman, mas também a outros filhos ilustres da terra, como Nestor de Holanda, Maria do Carmo Tavares de Miranda, Marta de Holanda. A calçada da cadeia será ampliada, para sediar eventos culturais,funcionar quase como um palco.

E ao seu redor, vêm sendo requalificados ou reformados outros equipamentos de cultura e lazer: a Praça Luiz Boaventura e o Cinema Iracema, que ficam defronte da cadeia e no qual o escritor deve ter visto os primeiros filmes de sua vida. Boaventura foi o fundador do Iracema (cinema que muito frequentei na infância, durante férias em Vitória, e cujas cadeirinhas em madeira serão preservadas). O cinema está quase pronto, para voltar a ser utilizado pela população. Provavelmente  será reaberto com exibição dos filmes “A Partida” (Sandra Ribeiro) e ”Lisbela e o Prisioneiro” (Guel Arraes).

Um pouco distante dali, outra obra pública para lembrar o escritor:

“Toda cidade tem seu Marco Zero, mas Vitória terá o “Ponto de Partida”, que funcionará na antiga Estação Ferroviária da cidade, e no qual haverá uma estátua de Osman, sentado em um banco para receber vocês”, diz Paulo Roberto. Fomos visitar as obras da antiga estação, onde desembarcávamos do trem, quando éramos crianças, para passar férias na terra dos nossos ancestrais. Realmente está ficando linda. A referência do Prefeito tem a ver com um dos comoventes contos de Osman Lins, no qual ele descreve os últimos momentos antes de viajar para o Recife, quando relata a tristeza da avó por sua partida e a expectativa do jovem do interior, em busca da cidade grande. O conto virou o filme “A Partida”, tendo Paulo Autran (1922-2007) como ator.

As homenagens ocorreram no interior do Silogeu, que pertence ao Instituto Histórico e Geográfico de Vitória de Santo Antão. Houve apresentação do musical pela Companhia Carlos Nascimento de Dança, fundada em 2016, e que já encenou 28 espetáculos. Também foi feito o lançamento da revista “Pernambuco” (da Cepe) com cerca de 40 páginas dedicadas à vida e obra de Osman, com textos de especialistas e reportagem. Já os Correios lançaram um selo comemorativo do Centenário do escritor, que nasceu no dia 5 de julho de 2024. Professora aposentada, Marilene da Paz leu um texto que escrevera pela manhã, inspirado no conto “A Partida”. Mas o fez pela ótica não de quem vai, mas de quem fica, no caso, Joana Carolina ao ver o neto partir.  Já Presidente da APL, Lourival Holanda, deu uma declaração brilhante, sempre com a simplicidade dos sábios, ao definir a Literatura de Osman Lins, quando citou três autores e três momentos da Literatura Brasileira:

“O primeiro momento acontece quando Manuel Bandeira tira a poesia do parnasianismo e a coloca entre o sublime e o simples. O segundo vem com João Cabral de Mello Neto, quando desromantiza a poesia, faz uma lipoaspiração, deixando só o músculo na linguagem. E em um terceiro momento, surge esse rapaz de Vitória de Santo Antão, Osman, que eleva a prosa à décima potência, e você não sabe se está lendo poesia ou prosa.

Posteriormente, teremos mais informações sobre o centenário de Osman Lins. Confira uma parte da encenação musical pela Companhia Nascimento de Dança:

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Texto, fotos e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife

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