Tem gente que tem pavor. Mas eu sou o contrário. Adoro um sapinho. Já me defrontei com cururu várias vezes “passeando” na minha casa, mas não ligo. Sobretudo pela varredura que os anfíbios fazem, pois comem insetos. Aqui no #OxeRecife já relatei estudos e descobertas de novas espécies de sapos, rãs, pererecas. Sabe qual é o menor anfíbio do mundo? É o sapinho-pulga (“Brachycephalus pulex”), uma espécie brasileira (foto acima, sobre uma moeda de um real). Que infelizmente está sob risco de sumir do mapa.
O sapinho-pulga desbancou o que se considerava ser o mais minúsculo do Planeta, um sapinho da Papua-Nova Guiné, que – quando adulto – mede apenas 7,7 milímetros. O brasileiro é ainda menor, pois o macho adulto encontrado tem só 6,45 milímetros. Aliás, para chegar a essa conclusão, a bióloga Wendy Bolaños estudou o sapinho pulga, determinando o sexo de 46 exemplares. E o macho adulto era realmente o menor do mundo. A pesquisadora iniciou os estudos com a espécie quando ainda era mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). A espécie é encontrada nos topos de morro na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Serra Bonita (em Camacan) e no Parque Nacional Serra das Lontras (em Arataca). Os dois municípios ficam a mais de 500 quilômetros de Salvador, no Sul da Bahia.
Os pesquisadores alertam que a sobrevivência dessa espécie não está garantida, como explica o Professor Mirco Solé da UESC: “É positivo que esse diminuto sapinho ocorra em duas áreas de conservação, mas sua vulnerabilidade às mudanças climáticas é preocupante. Espécies de baixada podem escapar do aumento de temperatura deslocando-se para áreas de montanha, mas as que habitam os topos de morro não têm para onde ir”. O Professor Iuri Ribeiro Dias, que também participou da pesquisa, alerta que mais de 40% dos anfíbios do mundo já estão ameaçados. E o sapinho-pulga é um deles.
“Infelizmente, na última reavaliação do status de ameaça feita pela União Internacional para a Conservação da Natureza, o sapinho pulga foi classificado como em perigo de extinção. Está em nossas mãos garantir que ele não desapareça e que as futuras gerações de brasileiros ainda possam se orgulhar de ter o menor anfíbio do mundo vivendo na Bahia”, alerta. As pesquisas tiveram apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Mohamed bin Zayed Species Conservation Fund. O artigo científico que revela o sapinho-pulga como o menor anfíbio do mundo foi publicado na revista Zoologica Scripta, uma das mais conceituadas na área de zoologia e que é editada em nome da Academia Norueguesa de Ciências e Letras e da Real Academia Sueca de Ciências. Leia aqui o artigo na íntegra: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/zsc.12654]
Abaixo, você confere outras informações sobre anfíbios e outros animais.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Renato Gaiga/ Divulgação