Cientistas descobrem nova espécie de perereca devido ao canto diferente

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Uma gracinha, essa perereca. O mais curioso, no entanto, não aparece na foto. Ela  chamou atenção dos cientistas pelo canto, totalmente diferenciado de outros animais do gênero. Eles gravaram o áudio do então animal desconhecido em 2000. Mas somente em 2010, os pesquisadores conseguiram coletar o primeiro indivíduo que emitia aquele som, que os especialistas nunca haviam ouvido antes. Em 2019, iniciou-se o Projeto de Monitoramento de Aplastodiscus, com foco especial na descrição da nova perereca, que já foi observada em 20 localidades.

Ela foi encontrada inicialmente na Serra do Espinhaço, que fica entre Minas Gerais e Bahia. A cadeia de montanhas é tida como uma das mais ricas em anfíbios no mundo. A descoberta da perereca acaba de ser alvo de publicação em revista científica internacional. A espécie foi batizada pelos cientistas de Aplastodiscus heterophonicus. O nome Aplastodiscus se refere ao gênero do anfíbio, que atualmente é reconhecido em 15 diferentes espécies.

heterophonicus faz referência ao fato da perereca ter um canto muito diferente das demais, sendo essa a melhor maneira de identificá-la em campo. A descoberta foi publicada recentemente na revista alemã Salamandra, importante veículo internacional de divulgação científica na área da herpetologia (ramo da zoologia dedicado aos estudos de répteis e anfíbios). A pesquisa que levou até a identificação da perereca foi fruto de parceria entre a mineradora Anglo American, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a empresa de consultoria Sete Soluções e Tecnologia Ambiental.

A descoberta traz informações fundamentais para o avanço do conhecimento sobre a fauna da região da Serra do Espinhaço, segunda maior cadeia de montanhas da América do Sul, atrás apenas da Cordilheira dos Andes, e uma das mais ricas em espécie de anfíbios no mundo. “Não se pode almejar a conservação de organismos que não podem ser identificados. E as nossas tentativas para entender as consequências das modificações ambientais estarão fatalmente comprometidas caso não sejamos capazes de reconhecer e descrever os integrantes dos sistemas naturais. Por isso, a descrição dessa espécie é tão importante”, explica o biólogo e professor da UFV, Felipe Leite. Ele é um dos pesquisadores do artigo. Como se sabe, os anfíbios têm importante papel na natureza, fazendo o controle biológico de insetos.

Durante as atividades de monitoramento, foram realizadas visitas aos locais onde a presença da espécie já era conhecida, com o objetivo de buscar por indivíduos machos e fêmeas em diversos estágios de desenvolvimento (girinos, imagos e adultos). Além disso, foram coletadas informações sobre o seu comportamento, como locais de canto e de desova. A pesquisa permitiu também identificar que presença da perereca ocorre em mais de 20 localidades, e não está restrita apenas àquela região. “Esta descoberta ressalta a importância de se realizar projetos no âmbito do licenciamento ambiental em cooperação com instituições de pesquisa, mostrando que estudos de alta qualidade podem resultar dessas parcerias. Demonstra também a importância do atendimento aos requisitos legais e às medidas compensatórias por parte dos empreendedores, resultando em descobertas científicas de alto nível e de enorme relevância”, destaca o analista Ambiental da Anglo American, Josimar Gomes.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Anglo American /  UFV/  Sete Soluções e Tecnologia Ambiental

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