Era eu repórter da Sucursal no Recife do Jornal do Brasil (do Rio de Janeiro), ainda no início de carreira, quando por acaso conheci o pintor Murillo La Greca (1899-1985). Não lembro onde nem em que ano aconteceu esse primeiro contato com o artista, na época já bem idoso. Acho que o vi trabalhando, em algum lugar, e fiquei encantada com aquela figura que parecia ter saído de um outro tempo e ainda usava terno no seu dia a dia. Terminei ficando fã de La Greca após entabular com ele uma boa conversa sobre sua arte e sua vida. Ao chegar na sucursal do JB, escrevi um texto para uma coluna sobre personagens que merecessem algum tipo de destaque. Não lembro se o nome da coluna era “Gente”, mas o objetivo era esse: mostrar pessoas interessantes, de qualquer lugar do país.
Fiz o texto e enviei para o Rio de Janeiro, sede do JB. O então Chefe da Sucursal, Amaury Mattos (já falecido), não gostou de minha iniciativa. Me fez um discurso, esculhambou a matéria, e disse que um “velho gagá” não enriquecia a coluna. Ouvi calada, mas a resposta viria no dia seguinte. Ao abrirmos o jornal impresso (naquele tempo não havia o digital nem Internet), a publicação de maior destaque ente os personagens do dia era justamente a de La Greca, com foto e tudo. Anos depois, soube que sua obra era mais grandiosa do que eu pensara, pois são dele os afrescos dos Quatro Evangelistas, na Basílica de Nossa Senhora da Penha, no bairro de São José. Lembro dessa história porque, se vivo fosse, La Greca completaria 124 anos, em 2023. E a festa para comemorar a data acontece no sábado (5/8), a partir das 15h, no Museu Murillo La Greca, que fica na Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, 366, no Bairro do Parnamirim (perto do Plaza Shopping e defronte do Cais da Vila Vintém).

O Museu reúne o acervo do artista, cartas que ele trocou com Cândido Portinari (1903-1962), com quem morou na juventude, no Rio de Janeiro. Várias outras curiosidades serão reveladas na homenagem que será prestada no sábado, quando o Museu inaugura a exposição (de longa duração) “MuriLLo”. A festa deve se prolongar até 19h. E como tudo que acontece no La Greca é bem deslocado, os organizadores convidam o público a levar sua cadeira de praia e canga, para cair no clima de “praia do Capibaribe” (evento com esse nome já ocorreu no passado, lá mesmo, no La Greca). Ou seja, a festa ultrapassa as paredes da expô, ganha o gramado e atravessa a rua, para se expandir pela margem do Rio, justamente no Cais da Vila Vintém. Haverá um ateliê especial na sala Sílvia Decusati, para adultos e crianças.
Quem for ao La Greca, ainda pode visitar a exposição temporária A Pele no INfinito, que está em cartaz no Museu e você não paga nada para ver. Também vai participar da inauguração da expô “O traçado da pele”. Vai ter comes e bebes nos jardins da Cozinha Bendita (@casa.astral). E, para quem quiser levar o seu pet – totó ou o bichano (só não vale levar o papagaio, que é animal silvestre) – haverá espaço Pet friendly. Importante: Será colocada uma placa “Estação Murillo La Greca” às margens do Rio, pois mesmo que Parque Capibaribe e o transporte fluvial ainda não sejam uma realidade no Recife, já tem barquinho e até catamarã parando no píer do Cais da Vila Vintém, fazendo percursos de lazer ao longo do Rio. Então, na prática, a Estação Murillo La Greca já funciona. Não tanto quanto desejamos ou sonhamos, quando o “Cão sem Plumas”nos servisse, também, como uma hidrovia.
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Serviço:
Evento: MuriLLo (124 anos de Mueillo La Greca)
Onde: Museu Murillo La Greca
Endereço: Rua Leonardo Bezerra Cavalcanti, 366, Parnamirim
Horário: 15h às 19h
Acesso livre
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Museu Murillo La Greca / PCR / Divulgação
Que lindo depoimento no seu início de carreira, essa consagração. E uma ótima oportunidade pra visitar. Valeu Letícia.