Muito biodiverso, Parque Estadual Cristalino está sob ameaça

O Parque Estadual Cristalino é considerado o mais rico em biodiversidade da Amazônia. Além de 1.400 espécies vegetais já catalogadas – sendo nove novas para a ciência – os seus 184.900 mil hectares (em duas áreas contíguas) concentram 520 espécies de aves, 36 de mamíferos, 16 de peixes de valor comercial, 43 de répteis e 29 de anfíbios. No entanto, o Parque vive sob pressão, sob constante ameaça de queimadas e desmatamento (extração de madeira sem manejo). Agora, tem empresa reivindicando a propriedade da área II do parque, para justificar a sua extinção. Portanto, colocando-o sob ameaça de atividades como mineração e implantação de usinas hidrelétricas em sua área.

Entre suas árvores, encontram-se o mogno, o ipê, o jatobá, a sumaúma, o jequitibá, o angelim e a seringueira. Os mamíferos  constituem vários tipos de macacos (como o prego e o bugio), capivaras, pacas, onças, jaguatiricas, antas, lontras. Entre as aves, há 36 endêmicas (só existem no local) e onze tidas como ameaçadas ou quase ameaçadas. O parque, formado pelo Cristalino I (desde 2000) e Cristalino II (desde 2001) – é considerado de muita importância para a biodiversidade, mas está sob ameaça, segundo relata a Save Brasil. E o que é pior, sob risco de extinção.

É que desde 2023, a extinção do Parque Cristalino II, situado no extremo norte de Mato Grosso, na região Sul da Amazônia, vem sendo abordada nos órgãos públicos. “Juízes estaduais aceitaram o pedido de uma empresa privada que alega possuir terrenos na área”, diz a entidade. “Durante a semana, o governador Mauro Mendes (União) informou que não há investimento para a preservação do local. Ainda cabe recurso do Governo do estado”.

A Advocacia-Geral da União (AGU) entrou com um pedido de anulação do processo de extinção do Parque Estadual do Cristalino II e informou que o fim do parque pode comprometer o investimento de quase meio bilhão de reais em recursos voltados para o cuidado de Unidades de Conservação. O local compõe o Programa do governo Federal de Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) e só na região há R$18 milhões já aplicados para esse fim.

A Procuradoria Geral de Mato Grosso avalia o recurso sob pressão, com cobranças sendo realizadas em sessão de convocação dos representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e Procuradoria Geral do Estado (PGE), na última segunda-feira, 20, na Assembleia Legislativa. A situação foi ironizada pelo governador Mauro Mendes, com falas de desprezo sobre atuação de instituições internacionais e  indenização às pessoas, ao afirmar que o estado não tem condições financeiras. Ironia para cá e para lá, ações judiciais à parte, vamos torcer para que o Parque Estadual permaneça íntegro. Pois, nesses tempos de mudanças climáticas e eventos extremos, todo verde é preciso.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto:  Divulgação / Save Brasil

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