Movimento Armorial: livro “Poeira, Sagrado e Festa – 25 anos do Grupo Grial” é lançado

Compartilhe nas redes sociais…

Criado em 1997 pelo escritor Ariano Suassuna (1927-2014) e pela bailarina Maria Paula Costa Rego, o Grupo Grial está de volta. E em dose dupla. É que virou tema de livro e deverá voltar a ocupar os palcos brevemente. Pois acaba de receber o Prêmio Banco do Nordeste, para remontagem de “Uma Mulher Vestida de Sol”, com o qual Paula espera circular pelo interior de Pernambuco. Além disso, a coreógrafa e dançarina trabalha no momento em uma nova coreografia, mas ainda mantém segredo quanto a esse novo e inédito espetáculo.

Se a retomada de apresentações ainda não tem data definida para começar, o livro sobre o Grial está pronto, e mostra não só a história do grupo, seus objetivos, conquistas e como também um ensaio fotográfico com os treze espetáculos realizados pelo grupo ao longo de  duas décadas e meia. Poeira, Sagrado e Festa – 25 Anos do Grupo Grial será lançado às 17h do próximo sábado (25/11), no Museu do Estado de Pernambuco (MEPE), que fica no bairro das Graças. A iniciativa da publicação é da Cepe (Companhia Editora de Pernambuco). Durante o lançamento, haverá apresentação do Cavalo-Marinho Estrela de Ouro (de Condado, PE). Antes, às 16h, Maria Paula conversa com o brincante Pedro Salustiano, sobre a dança armorial, dentro dos “Diálogos Petrobrás”, que integram a programação da Mostra Movimento Armorial 50 anos, em cartaz no MEPE.

Figuras da cultura popular do Nordeste inspiram os espetáculos armoriais do Grupo Grial de dança

Como vocês sabem, o Grial é um grupo de dança contemporânea, porém inspirado nas tradições populares, o que é justamente a marca e a filosofia do Movimento Armorial, criado por Ariano Suassuna: dar tratamento erudito à cultura popular do Nordeste. Por esse motivo, as fontes de inspiração para as coreografias criadas por Paula são manifestações como o maracatu (de baque virado ou baque solto), o reisado, o cavalo-marinho, o caboclinho. “O Grial aprofundou o mergulho no universo da dança e dos espetáculos populares, conseguindo promover, finalmente, a fusão do erudito com o popular com a qual Suassuna tanto sonhava”, escreve Carlos Newton Júnior. Professor e especialista na obra de Ariano, ele assina um dos textos do livro.

“Para melhor compreensão da leitura, é preciso entender o uso de termos como bailarino erudito e bailarino popular, no contexto de um grupo armorial. Não há paleta melhor que a outra. Mas é preciso dizer que a paleta da erudição evolui na horizontalidade e a paleta popular, na verticalidade”, diz Paula. Com isso, ela quer dizer que o brincante é um ser criador, com evolução aprofundada e específica, porque nas repetições da brincadeira, ele tem liberdade para recriar. Os eruditos, têm paleta horizontal, baseada na quantidade de experiências que ele pode vivenciar na cidade.

O livro tem, ainda textos de Helena Katz (crítica de dança), Kleber Lourenço (intérprete e coreógrafo), Mateus Araújo (jornalista) e a própria Maria Paula (responsável pela organização).  Maria Paula costuma dizer que o Grial teve três fases e é assim que ela apresenta o grupo no livro. A primeira reuniu seis dançarinos intérpretes, de 19 de março de 1997 com o espetáculo de estreia, A Demanda do Graal Dançado, roteirizado por Ariano, até 2004. A segunda, com 11 dançarinos e brincantes, vai de 2004 a 2010 (Brincadeira de Mulato é um dos espetáculos dessa etapa), e a terceira, de 2010 a 2014, trouxe solo, duo e equipes de oito integrantes em apresentações como Castanho sua cor e Terra.

Para Maria Paula, o livro é um importante registro da dança armorial. “Memória é algo tão precioso para um povo! Devemos ter consciência dessa riqueza e importância sempre. Toda peça cultural, material ou imaterial, nos traz indícios de caminhos feitos e de mundos existentes no passado longínquo, ou não. Para além de representar pontos de partidas, representam também continuidades.” O Grupo obteve várias premiações, porém enfrentou um intervalo de cinco anos, enquanto Paula dedicou-se ao setor público, respondendo pelo setor de dança, da Secretaria de Cultura de Pernambuco, cargo do qual desligou-se em 2022. Agora, é retomar a estrada e manter acesa a chama da temática armorial na dança. Até porque é preciso preservar nossas raízes, nesses tempos de ameaças e invasão de tanto lixo cultural.

Leia também
Exposição Armorial 50 começano Museu do Estado e revive a magia da obra de Ariano
Mulher faz regência inédita na história da Orquestra Sinfônica do Recife: Missa Armorial
Armorial 50 mostra trajetória do movimento cultural lançado por Ariano Suassuna em 1970
Galpão das Artes leva “O peru do cão coxo” de Ariano Suassuna ao Teatro Bianor de Mendonça
Bloco fundador por Ariano Suassuna sai nesse sábado: “Em redor do buraco tudo é beira”
Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, viraópera e vai a três capitais.E Pernambuco?
Estátua de Ariano Suassuna no chão. Vandalismo dá prejuízo anual de R$ 2 milhões
Flávia Suassuna  é eleita e vira imortal
Samico: o Devorador de Estrelas é homenageado em calendário da Cepe
Samico: O Devorador de Estrelas
Cais do Sertão mostra arte de Jota Borges
J.Borges lança três álbuns inéditos
O mundo fantástico de J.Borges
Xilogravura se aprende no Instituto Ricardo Brennand. Vamos lá?
Fechado, Cais do Sertão movimenta programação virtual
Lampião e seu cangaço fashion e social
Lampião, bandido, herói ou história?
No Sertão, na trilha de Lampião
Massacre de Angicos em palco ao ar livre
Duas costureiras e dois maridos: um cangaceiro e um gay
Filme gratuito na Academia Pernambucana de Letras
Livro conta lendas do Sertão
Esgotado, livro “Estrelas de Couro – a Estética do Cangaço” é relançado
Memórias afetivas, praia do Sertão, rendas de bilro e primeiro amor
O Sertão no Coração de Pedra de Carol
No Sertão, na trilha de Lampião

O Sertão no Coração de Pedra de Carol
O bode dançarino do Sertão
É sempre tempo de reisado no Sertão
Missa do Vaqueiro: do Sertão ao Cais
Os misteriosos tabaqueiros do Sertão
Caretas, caiporas e tabaqueiros
Tributo a Altino Alagoano, que não era ele. Era ela: “O viulino do diabo”
O último rei perpétuo de Pernambuco
História: Livro sobre Pau de Colher e Guerra dos Caceteiros mostra messianismo no Sertão Profundo

Serviço
O que: Lançamento de Poeira, Sagrado e Festa – 25 Anos do Grupo Grial e apresentação do cavalo-marinho Estrela de Ouro
Quando: 25 de novembro
Hora: 17h
Onde: Museu do Estado de Pernambuco (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças, Recife)
Preço: R$ 150
*Bate-papo entre Maria Paula e Pedro Salustiano sobre dança armorial na programação da mostra Movimento Armorial 50 Anos, às 16h

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação

Continue lendo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.