O jornalismo pernambucano está bem mais pobre. Nas últimas 24 horas perdeu dois grandes nomes da Imprensa no Estado: Celso Marconi (93) e Ivan Maurício (72). Quando ingressei na profissão, ainda era estudante, conheci Celso Marconi, na Redação do Jornal do Commercio, onde ele assinava uma coluna sobre cinema. Já Ivan Maurício era colega da mesma turma da Universidade Católica de Pernambuco, mas já era um repórter tarimbado do extinto Diário da Noite, vespertino que pertencia ao Sistema Jornal do Commercio e que fazia sucesso naqueles tempos em que as notícias circulavam mais devagar, e o JN sempre dava furos e notícias de primeira mão.
De Ivan, tenho duas grandes referências. Quando falava nele, a palavra que me vinha à cabeça era “bizu”, talvez desconhecida pelas novas gerações. Mas foi com um “bizu”, que levou à anulação de um vestibular, porque alguns vestibulandos haviam pago pelas respostas do teste de acesso à universidade. O então jovem repórter sabendo da “mutreta” (outra expressão usada nos anos 1970), inscreveu-se na seleção, mas no dia da prova o DN noticiou antecipou as respostas com aquilo que hoje chamam de gabarito. Foi um escândalo, e o vestibular foi anulado. Aprendi, também, a admirar Ivan pela sua versatilidade. Costumávamos dizer entre os amigos de geração que ele era o único do grupo que “botaria um jornal sozinho na rua”. Sim, porque ele era repórter, editor, diagramador, mancheteiro, o que fosse preciso.

De Ivan, tenho duas grandes referências. Quando falava nele, a palavra que me vinha à cabeça era “bizu”, talvez desconhecida pelas novas gerações. Mas foi com um “bizu”, que levou à anulação de um vestibular, porque alguns vestibulandos haviam pago pelas respostas do teste de acesso à universidade. O então jovem repórter sabendo da “mutreta” (outra expressão usada nos anos 1970), inscreveu-se na seleção, mas no dia da prova o DN noticiou antecipou as respostas com aquilo que hoje chamam de gabarito. Foi um escândalo, e o vestibular foi anulado. Aprendi, também, a admirar Ivan pela sua versatilidade. Costumávamos dizer entre os amigos de geração que ele era o único do grupo que “botaria um jornal sozinho na rua”. Sim, porque ele era repórter, editor, diagramador, mancheteiro, o que fosse preciso.
Já Celso Marconi, lembro dele já com cabelos grisalhos, atuando na Redação, escrevendo sobre cinema. Foi ele, aliás, que me fez penetrar conhecer os melhores diretores de cinema, quando eu era ainda estudante e curtia filmes franceses e italianos, no Cinema de Arte que tinha sessões diárias no Recife, no extinto Cinema Coliseu, na Estrada do Arraial. Celso me dizia, “vá assistir esse que é bom, e explicava quem era o cineasta” (além de Celso, quem me guiava na escolha de filmes a assistir e até me emprestava livros sobre cinema era o saudoso Ivan Soares). Lembro de Celso Marconi fazendo elogios ao tropicalismo e aos tropicalistas. E também a Jorge Mautner, pois “Quero ser locomotiva”, estava “mil anos à frente dos outros compositores”. Celso integrou um grupo de cineastas de várias gerações que fez de Pernambuco um centro independente de produção de filmes na bitola Super-Oito. Entre eles, os saudosos Fernando Spencer, Geneton Moraes Neto e Amin Steple.
Hoje os jornais e meios de comunicação estampam a biografia dessas duas grandes figuras do jornalismo em Pernambuco. Eu preferi registrar minhas memórias, pois convive com os dois durante um bom tempo. Celso Marconi teve falência múltipla de órgãos. Deixa quatro filhos, de dois casamentos. E ainda netos e bisnetos. O velório começa agora, ao meio dia, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, Região Metropolitana do Recife. Ivan Maurício será sepultado no Cemitério de Santo Amaro, onde ocorre o velório.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Redes sociais