Galeria Urbana: Janete Costa, artesãos e QR Code em Boa Viagem

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Tem coisa mais feia do que tapumes fechando uma obra? Algumas construtoras, no entanto, os utilizam para fazer propaganda dos seus empreendimentos. Outras lembram os números de árvores que serão “preservadas”. Há, ainda, as que anunciam a restauração de casarões antigos, localizados nos terrenos onde serão construídos os famigerados espigões. A Construtora Rio Ave decidiu fazer diferente, transformando-os no que chama de “Galeria Urbana”, no seu mais recente canteiro de obras. É a segunda vez que a empresa toma esse tipo de iniciativa, que considera como “gentileza urbana”

Os leões de Nunca, já falecido, mostram a arte do mestre que inclusive decora jardins na Avenida Boa Viagem.

A primeira foi implantada em 2019, um pouco antes da eclosão da pandemia. E reunia obras de artes públicas do Recife em um mural de imagens na Avenida Conselheiro Aguiar, Rua Padre Carapuceiro e Rua dos Navegantes. A exibição foi feita em parceria com a arquiteta Lúcia Padilha, coordenadora do Projeto Recife Arte Pública, que realizou o mapeamento de 357 obras de arte públicas – entre painéis, murais, vitrais e esculturas – presentes na capital pernambucana. A segunda acaba de ser implantada em uma movimentada esquina da Zona Sul Recife: no cruzamento da Rua Arthur Muniz com a Avenida Conselheiro Aguiar, na altura do Segundo Jardim de Boa Viagem. Ou seja, atrás do Edifício Califórnia.

A mostra presta homenagem a um ícone da arquitetura e do design em Pernambuco: Janete Costa (1932-2008), a quem tive o prazer de entrevistas muitas vezes. Ela caracterizou o seu trabalho, também, por sempre buscar inserir elementos da arte nordestina em projetos modernos de arquitetura e em grandes exposições nacionais e internacionais. Por esse motivo, a Galeria Urbana mostra não só Janete, como fotografias de produções de mestres do artesanato pernambucano.

Maré Amélia, de Tracunhaém, é homenageada na Galeria Urbana com uma foto da imagem de São Francisco.

Parte das obras exibidas são do seu acervo pessoal e da sua família. Entre eles: Galdino, Nuca, Lourenço, Eudócio, Nicola, J. Borges, Maria Amélia, Fida, Joaquim de Tracunhaém, Cunha, Vitalino e Bajado. Desta vez, a galeria tem mais uma novidade: além de fotografias, amostras reais das artes. Os visitantes poderão conferir pessoalmente as obras conhecidas como: o Leão de Nuca, a Cabeça de Nicola, o Barco de Zé Alves e o Boi de Eudócio, dispostos em nichos ao longo do mural. Cada obra será acompanhada por informações e um QR Code, por meio do qual é possível acessar mais detalhes sobre os autores.

A curadoria foi feita pelas próprias filhas de Janete, a galerista Lucia Santos e a arquiteta Roberta Borsoi. “Ela misturava tudo, o trabalho dela como arquiteta, como curadora, pesquisadora, produtora: foi uma incentivadora. Fazia muitos projetos culturais, muitas exposições, e sempre criou espaço para expor o trabalho desses artistas. Essa curadoria que a gente fez foi focada em Pernambuco, com mestres com quem ela conviveu ou trabalhou”, comenta Roberta. Beto Ferreira da Costa, sócio e CEO do grupo Rio Ave, conta que a galeria urbana é um projeto que nasceu para favorecer a comunidade, o urbanismo e o paisagismo no entorno de empreendimentos da construtora. “A iniciativa ainda exalta a produção artística local e propicia sua disseminação, na medida em que permite o acesso à cultura e à informação para quem circula pelas ruas”, afirma.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Divulgação / Rio Ave

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