Como se sabe, o recifense tem uma mania triste. Se alguém fizer descarte de forma incorreta, as pessoas não costumam limpar o local. Ao contrário, costumam sujar ainda mais, jogando lixo em cima de lixo, fabricando “montanhas” do que não se deve: detritos infectos. Era o que estava acontecendo na calçada ao lado do Edifício Baraúna, na Avenida Dezessete de Agosto, onde todo mundo – de dono restaurante a de imóvel em construção – se achava no direito de jogar lá metralhas, restos de comida, garrafas. Um horror. Às vezes, o pedestre tinha que caminhar pelo asfalto, porque não dava para “escalar” as montanhas de lixo no local, em frente ao antigo Bar Pirata,que fica vizinho ao Baraúna. Eu que costumo passar sempre por ali, perdi a conta das vezes que tive que andar pelo meio da rua, disputando espaço com os automóveis.
Os condôminos do Baraúna viviam se queixando, com muita razão. Em uma das vezes que passei lá, nem na calçada dava para andar. Registrei, então, a queixa dos moradores do prédio aqui no #OxeRecife. No dia seguinte, a Emlurb passou lá e deixou tudo limpo. Até me surpreendi com a rapidez. Fiquei feliz com o resultado do esforço coletivo. Dois dias depois, os monturos de porcaria estavam lá de novo.
Pode? Eita gente mal educada e sem consciência ambiental, viu… Na sexta, quando vinha para casa encontrei uma equipe imensa da Secretaria Executiva de Inovação Urbana, cuidando da questão. O lixo foi retirado, no local foram colocadas caqueiras com plantas, e a fachada do imóvel vizinho ao Baraúna, onde a “seboseira” era deixada, está sendo pintada. E terá frases pedindo aos vizinhos que não joguem lixo no local. Em outras palavras: que sejam mais civilizados. Até o final da tarde de ontem o serviço ainda não havia sido concluído.
Até a calçada está ganhando uma nova cor, bem diferente da do chorume que vivia escorrendo lá. De acordo com servidores da pasta que lá estavam, foi feito um trabalho de diálogo, com a população local para evitar que o problema volte a se repetir. Estou já pedindo uma visitinha dessa aqui no bairro de Apipucos, onde há dias que retiro sacos de lixo do chão da praça onde resido. Na Dezessete, em Casa Forte, o jeito, agora, é todo mundo do Baraúna se juntar e ficar na vigilância. Mas tenho observado que se o lugar está bonitinho, mais bem cuidado, a bagaceira é menor aqui no Recife.
Essa mania de juntar lixo depois que um primeiro “inaugura” um ponto irregular de descarte acontece em todos os lugares, aqui na cidade. Tanto em bairros sofisticados, como nos populares. Tanto na orla, quanto nos altos, embora haja alguns altos – como o Santa Isabel (na Zona Norte), onde a população é bem mais civilizada. Observei isso lá em cima, durante minhas caminhadas. Até perguntei a um gari se era impressão minha, ou se o pessoal daquele Alto era mais limpo mesmo. Ele me disse que não era impressão. Que o pessoal bota o lixo nas sacolas plásticas, não deixa na rua. Bonito, né?
Já em Casa Forte há muitos casos como o da calçada vizinha ao Baraúna. E em Boa Viagem (na Zona Sul), há vias como a Rua dos Navegantes que lembram um lixão, ali nas proximidades do Edifício Holiday. Até de dia a gente vê gabiru passeando por lá. Outra prática incorreta pode ser observada ali mesma naquela altura, na areia da praia de Boa Viagem. Basta um barraqueiro mais sujinho – e não punido pela fiscalização da Prefeitura – para que todo mundo se ache no direito de fazer a mesma coisa: juntar lixo na areia (latas, garrafas, restos de comida, cascas de ostras, de caranguejo…). Quem quiser conferir, é só dar um “passeio” pela areia da praia, entre os quiosques 24 e 30, que vai encontrar pano para as mangas, na areia vizinha ao paredão que dá para o calçadão. É bom educar, orientar. Depois, notificar, aplicar multa ou cassar a licença. Só assim, com a punição doendo no bolso, os porcalhões tomam jeito… Pois são sempre os mesmos que fazem a sujeira.
No vídeo ligeirinho, abaixo, você confere como vai ficar a calçada onde antes só tinha lixo.
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Texto e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Letícia Lins e Maria Amélia Almeida (Ed. Baraúna)
Que resultado maravilhoso, decorrente da sua reportagem. Parabéns,Letícia.