Física da UFPE brilha no Prêmio Nobel

Para o #OxeRecife não foi surpresa as citações sobre artigos de professores do Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco, por parte  dos premiados do Nobel de Física 2021. O Departamento é tido como centro de excelência e não é novidade que trabalhos dos seus professores estejam sempre sendo publicados nas mais conceituadas revistas científicas do mundo. Nos meus tempos de repórter de jornais de circulação nacional, sempre estive por lá em busca de notícias científicas. Pois cultura, ciência e tecnologia, e meio ambiente sempre foram as editorias dos meus sonhos, embora o ofício me obrigasse a fazer mais política e mais economia. Passava uma manhã lá, e vinha com um “baú” de matérias interessantes, feliz da vida.

A primeira vez que lá estive, foi para entrevistar o Professor José Rios, que me deu uma paciente aula sobre o que é o raio laser, do ponto de vista da física. Lembro-me também, que ao andar pelos corredores dos departamentos, em direção a algum dos  laboratórios, me defrontei mais de uma vez com professores “estranhos” ao quadro. Ao indagar quem seriam, obtive resposta curiosas. “É um Nobel de Física”. A naturalidade da resposta me fez entender que aquilo era comum. Foi pelas mãos de Anderson Gomes – um dos citados no Nobel de Física 2021 – que entendi melhor as funções e múltiplas possibilidades do raio laser. Lembro, também, que uma vez fui entrevistar o Professor Celso Melo, a respeito de “polímeros não convencionais” durante uma pesquisa por ele realizada sobre condutividade nos plásticos (que eu nem sabia que era possível).

Ao terminar a entrevista, indaguei ao professor: “Como foi possível estudar a condutividade nos polímeros não convencionais?” E ele respondeu, na maior simplicidade: “Foi preciso produzir um filme da espessura de uma molécula”. E ai indaguei: “Quem já fez isso no Brasil?”. E ele respondeu: “Só nós, não só no país como na América Latina”. E aí, eu disse: “Professor, desculpe, mas a matéria virou, é diferente e ainda melhor do que eu supunha. Então, vamos recomeçar a entrevista”. E ele me explicou tudo de novo, com a maior paciência. “Professores” nota dez, os do Departamento de Física da Ufpe. Os meus entrevistados na Física nunca me deixaram na mão. Sempre tiveram a maior paciência, me passando uma espécie de introdução sobre as pesquisas em andamento, para que – depois – eu os entrevistasse sobre os assuntos mais curiosos, inéditos ou de futura utilidade na vida prática. Isso, embora eu já tivesse enfrentado péssimas experiências com mestres de outros departamentos (muito menos complicados,como o de Biologia), mas que me obrigaram a procurar “tradutores”, pois não tinham interesse em “clarear” o entendimento da repórter.

Aplausos, portanto, para o pessoal da Física. Quatro artigos de pesquisadores da UFPE são citados no relatório do Comitê Nobel de Física da Academia Real das Ciências da Suécia deste ano. O documento, que menciona trabalhos considerados relevantes no meio científico, justifica a escolha dos premiados com o Nobel de Física, que, em 2021, são os pesquisadores Giorgio Parisi (Universidade de Roma “La Sapienza”, Itália), Klaus Hasselmann (Instituto Max Planck de Meteorologia, Alemanha) e Syukuro Manabe (Universidade de Princeton, Estados Unidos), por suas contribuições seminais para o entendimento de sistemas complexos. O anúncio do prêmio aconteceu na última terça-feira (5). Os pesquisadores da UFPE citados são: Anderson Gomes, Antônio M. S. Macêdo, Cid Bartolomeu de Araújo, Ernesto Raposo e Leonardo de Souza Menezes atuam no Departamento de Física da Universidade. Parabéns para eles. E voto de pesar para o Governo Federal, cujo Ministério da Economia realizou um corte de 87 por cento (R$ 635 milhões) no encaminhamento de verbas para o setor de pesquisa das universidades públicas, em 2021. Um país sem educação e sem pesquisa é um país sem futuro. Só o Governo do Capitão (que se orgulha de nunca ter lido um livro) não sabe disso.

Abaixo, você confere outras informações na Universidade.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação /UFPE

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