Cadê os órgãos de defesa do meio ambiente de Pernambuco e de Alagoas? Comunidades dos dois estados denunciam ao #OxeRecife que a fauna e a flora do Rio Jacuípe estão sendo dizimadas devido à extração ilegal de areia lavada e de barreira, à altura dos municípios de Água Preta (PE) e Campestre (AL).

E o serviço não é pequeno não, pois não é feito por barqueiros artesanais, mas sim com máquinas pesadas (como dragas) e com uso de caminhões do tipo caçamba, para o transporte. De acordo com comunidades que residem às duas margens do Jacuípe, a retirada não é pouca. Chega, “somente”, a 20 caçambas por dia. Eles relatam que a empresa que opera o serviço não tem licenciamento.
O #OxeRecife não conseguiu localizar os responsáveis pelo serviço que pode configurar crime ambiental. O Rio Jacuípe nasce na Serra da Catita, entre os municípios de Itabeguara e Colônia Leopoldina, ambos em Alagoas. Ele desce a Serra e deságua no Rio Una, que banha a cidade de Água Preta, localizada a 130 quilômetros do Recife. O município pernambucano tem histórico de agricultura açucareira.

Porém virou um destino turístico, depois que sua maior agroindústria sucroalcooleira , a Santa Terezinha, transformou-se em um museu a céu aberto, a Usina de Arte, e substituiu o canavial por um jardim botânico. Ou seja, deixou de moer cana e passou a moer cultura. Durante um longo período, a draga fez extração de areia à altura da Usina de Arte, que fica em Água Preta.

Mas com a exploração predatória, não houve mais o que escavar e os serviços, agora, estão sendo feitos em Alagoas, prejudicando propriedades rurais e moradores da margem alagoana do Jacuípe. De acordo com as comunidades, peixes antes abundantes desapareceram. De acordo com os moradores até mesmo jacarés e capivaras, que eram observados com certa frequência, também sumiram. Cadê a Agência de Meio Ambiente de Pernambuco (Cprh) e o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA)?
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
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