Escavação preocupa na Zona Norte

Moradores da Zona Norte estão apreensivos. Principalmente os que residem no Alto do Mandu, na Estrada do Arraial e na Estrada do Encanamento, em Casa Amarela. Os primeiros mostram temor por conta de escavações realizadas em uma barreira, em meio a obras de construção de um residencial.  Já os moradores das duas vias informam que, a cada chuva, as duas estradas ficam completamente inundadas, tomadas por uma lama barrenta, que desce da barreira ao pé da qual está sendo construído o prédio. A obra fica na primeira via, próxima ao Mercado de Casa Amarela, no lado direito para quem passa no sentido cidade – subúrbio.

E conta com escavação em encosta de barreira, cujo lado posterior dá para Alto do Mandu (foto superior). Os que moram lá em cima  temem deslizamentos, já que é grande  a quantidade de sedimento que rola a cada temporal.  Realmente já vi essa escavação, e temi pelo que poderia acontecer durante as últimas enxurradas registradas na Região Metropolitana, quando foi grande o número de barreiras desabando. Para os moradores do alto o clima é de temor. Para os duas estradas,  o problema da lama descendo o morro tornou-se corriqueiro, após o início da intervenção no alto. Um desconforto cada vez mais frequente, como mostra a foto da Estrada do Encanamento, tomada pelo barro. “A construtora escavou um muro de arrimo do Alto do Mandu. O resultado é que quando chove mais forte, o barro escoa e chega até a Estrada do Encanamento”, diz a jornalista Rosa Falcão. A via é uma paralela, que fica entre a Estrada do Arraial e a Avenida Dezessete de Agosto. Segundo Rosa, o fenômeno nunca foi visto por lá.

“Moro aqui desde 2019, e nunca encheu de água esse trecho da Estrada do Encanamento”.  Os vizinhos mais antigos dão o mesmo testemunho. Há momentos, que o barro é tanto que as pessoas não têm como sair de casa. Outra moradora, Ana Célia de Lima, fez as fotos para mostrar a situação, que começa na  Estrada do Arraial, por onde a água passa e escoa por gravidade para o Encanamento, onde ela reside. Sinceramente, os moradores que ficam na encosta, do Alto do Mandu, têm suas razões para externar preocupação com as escavações no muro. E os das duas vias também não querem calar diante do desconforto. E o Crea, diz o quê? E a Prefeitura?

A Construtora responsável pela obra é a Moura Dubeux, que desculpou-se pelo incidente e na manhã dessa quinta-feira, já tinha limpado as vias. Só que a cada chuva… desce tudo de novo. Em nota enviada ao #OxeRecife, a Moura Dubeux confirma que “realiza uma intervenção no muro de arrimo da área”. Porém assegura que isso não implica em risco para os moradores do Alto: “Sempre preocupada com a segurança dos moradores do entorno, a construtora está reforçando a contenção que existe no local, fazendo  a substituição de uma antiga por uma nova”.

De acordo com a construtora, a nova obra  foi “planejada com base em estudos e soluções técnicas, indicadas por uma empresa especializada no segmento, e que não coloca em risco moradores daquela região”. Sobre a concentração de água com lama na Estrada do Arraial (a nota não se refere à Estrada do Encanamento), a empresa afirma que  “assim que o tempo melhorar, providenciará a limpeza da área”. O que foi feito na manhã dessa quinta-feira, conforme mostram as fotos enviadas pela própria construtora. De acordo com a Moura Dubeux, a execução  ocorre “de forma transparente,  seguindo todas as normas de segurança, além de contar com o respaldo jurídico e todas as licenças necessárias à realização da obra”. Faltou dizer, no entanto, até quando os moradores das duas estradas terão que conviver com rios de barro, que descem da encosta em escavação. Até porque a cada chuva, o problema se repete, provocando transtornos a pedestres, motoristas e ciclistas.

“É um desconforto grande até para quem não mora aqui. Passo sempre de bicicleta e a quantidade de lama barrenta na pista é grande, o que implica em risco para pedestres e ciclistas, pois os buracos ficam encobertos o tempo todo”, diz Tiago Silva, que precisa sempre ir à feira vender mercadorias. Muros de arrimo feitos por construtoras para condomínios não chegam a oferecer tanta segurança para moradores dos prédios e de comunidades vizinhas, principalmente diante da ocorrência de temporais. Foi o que mostrou por exemplo o Residencial Dois Carneiros, em Jaboatão dos Guararapes, cujo muro de contenção desabou, ameaçando a piscina do próprio residencial e prejudicando comunidade vizinha, que tiveram suas casas atingidas.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  Ana Célia de Lima / Foto do leitor

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