Parem de derrubar árvores (500). Arboricídios na Rua Guedes Pereira

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A matança de árvores nunca para no Recife. É motosserra insana agindo em todos os lugares: nas áreas públicas e nas áreas privadas. Compensações são prometidas, mas sabe Deus onde ocorrem. Estamos chegando ao post número 500 da série “Parem de derrubar árvores”, que virou uma campanha de caráter permanente como meio de mostrar o triste retrato do que acontece com o patrimônio verde da cidade.

Nesse espaço, denunciamos as degolas não só em locais públicos – calçadas, parques, praças, margens de rios, áreas com obras oficiais – como também em áreas particulares, já que a cada dia cresce o território da selva de concreto. Nesta semana, comecei a preparar o material para assinalar o número redondo (500), quando recebi imagens dos arboricídios que ocorreram a Rua Guedes Pereira, Nº 80, no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife. Ao longo de alguns dias, foram suprimidas três árvores seculares, o que chocou moradores de imóveis vizinhos.

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Após os arboricídios, as árvores foram esquartejadas e transportadas em "postas"

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Árvore tomba após ter sido golpeada na raiz

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Buraco feito na raiz com uma enxada, a árvore não consegue ficar mais em pé

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Restos morais das vítimas de arboriciídio ainda verdes jazem no chão do terreno

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Homem começa a cavar o chão, faz um grande buraco e árvore perde o equilíbrio

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Vizinhos do terreno acham que essa da foto será vítimas de arboricidio também

No terreno onde as degolas acontecem, havia um prédio baixinho, o Ed. Guedes Pereira, cujos apartamentos eram bem amplos e ventilados, como as construções o exigiam antigamente. E que foi demolido para ceder lugar para um espigão. Segundo os vizinhos, será um prédio de 30 andares. Ou seja, mais um “arranha céu” na cidade. A área constituía um dos últimos dos grandes quintais do Recife, pois o antes arborizado terreno ia da Guedes Pereira até a Estrada do Arraial, bem próximo do limite entre os bairros de Parnamirim e Casa Amarela. No passado, era um terreno imenso, cheio de fruteiras.

Nesta semana, uma pessoa que mora em edifício vizinho ao espaço depenado ligou para o #OxeRecife, com tristeza e aflição, ao identificar o início da operação para “assassinar” a primeira árvore. “Letícia, acho que vai ter um arboricídio aqui do lado. Uma árvore secular está ameaçada!”, desabafou, sem conseguir conter a indignação, mas ainda sem certeza se a planta cairia mesmo. Não era impressão não. Na sexta, 3/10, dois homens começaram a cavar um buraco na raiz da árvore, até que a planta desabou com a força de uma jaca que cai de um galho alto.

Confesso que não conhecia essa metodologia, mas foi assim. Cavaram, cavaram na altura da raiz, até a planta perder a sustentação. “Letícia, a árvore caiu e os homens estão fotografando o resultado com o celular e enviando as fotos para alguém”, disse a vizinha do terreno que começa a parecer um cemitério de árvores. No começo da semana passada, novo alerta. Outra árvore derrubada, com o mesmo método. Golpes na raiz para que o vegetal perca o equilíbrio. E, depois, o barulho da motosserra insana, esquartejando os troncos para transformar em cinzas o que já foi vida um dia. “Vão derrubar a terceira árvore, aquela ali”. E derrubaram mesmo.

Ela tentou saber o que fazer e foi orientada por vizinhos a telefonar para a Emlurb, que é o órgão encarregado de cuidados e manutenção com as árvores da cidade. Mas a empresa responde pelas áreas públicas. Nos quintais, o melhor seria avisar à Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife (que é muito inoperante, infelizmente) ou à CPRH, que tem interditado – vez por outra – serviços de erradicação de árvores, como aconteceu recentemente em Boa Viagem, onde a Prefeitura do Recife suprimiu cem no mês passado. Vamos ver em que vai dar. Quem é o responsável para derrubar? Era preciso licença ambiental? Vai ter compensação pelas árvores derrubadas, ou a ação é clandestina? Com a palavra os órgãos ambientais da cidade, que parecem não estar nem aí para essa matança generalizada no Recife da emergência climática.

No final de semana, as árvores esquartejadas começaram a ser levadas em uma camioneta vermelha. Abaixo, outras perdas no bairro de Casa Amarela, outrora povoado de grandes quintais e árvores frutíferas e que, a cada dia, se verticaliza mais. E a luta aqui, por conta do número 500 não acaba não. Vamos continuar denunciando perdas verdes. O Recife merece coisa melhor do que uma infinidade de arboricídios, como vem ocorrendo na cidade. Uma bagaceira cruel. Logo logo, daremos um balanço sobre os nossos números e as consequências disso no Recife da emergência climática.

Veja flagrantes da matança, em imagens enviadas por vizinhos do terreno dos arboricídios.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e vídeo enviados por leitora

Um comentário

Carlos disse:

15 de outubro de 2025 às 07:36

O concreto avança galopante, O verde, árvores, cada dia mais raro. Na UFPE, que era um local para se ter essa consciência de preservação, essa semana 3 árvores foram derrubadas, no departamento de farmácia. Triste fim dessa cidade.

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