CREA-PE faz caminhada pelo centro do Recife para avaliar condições de acessibilidade das calçadas

Hoje foi mais um domingo de explorar o centro do Recife a pé. Mas não foi com o Caminhadas Domingueiras, Bora Preservar, Andarapé, Meninxs na Rua nem Caminhadas Pilateiras, que são alguns dos grupos com os quais costumo andar. Dessa vez quem convocou o passeio foi o CREA-PE (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura). Tudo para assinalar o encerramento da Semana Nacional do Trânsito. Porém a proposta era motivar uma reflexão sobre as condições de acessibilidade das nossas calçadas. O roteiro não foi longo, apenas 4,6 quilômetros, percorrendo-se umas dez vias da cidade. Mas foi o suficiente para percebermos como estão precárias nossas calçadas e como os pedestres correm risco, ao transitar pelo Recife. Seja pelas calçadas ou fazendo travessias nos cruzamentos do asfalto.

Ao longo do nosso itinerário, duas pessoas sofreram as consequências do descalabro das calçadas do Recife. Uma caiu e outra levou uma topada, que quase virava tombo. Percorrermos: Rua Buenos Aires, Avenida Agamenon Magalhães, Rua Monte Castelo, Avenida João de Barros, Rua do Príncipe, Rua do Hospício (trecho entre a Riachuelo e a Av Conde da Boa Vista), Avenida Conde da Boa Vista, Rua Dom Bosco entre outras. E Agamenon de novo rumo à sede do CREA. Observação do #OxeRecife: calçadas em boas condições apenas em três artérias: João de Barros, Príncipe e Conde da Boa Vista (que foi totalmente requalificada). A caminhada foi conduzida por Francisco Cunha, arquiteto, urbanista, ativista da cidadania a pé e criador das célebres  Caminhadas Domingueiras.

CREA organizou caminhada para testar a acessibilidade nas calçadas do Recife que não é nada boa.

Encontramos calçadas terríveis no bairro da Boa Vista: pedras soltas, buracos, galerias pluviais sem tampa, desnivelamento, pedras portuguesas soltas, uma bagunça. O pior mesmo do nosso caminho foi na Monte Castelo e na Hospício. Francisco Cunha chamou a atenção, também, para sinalização horizontal inadequada em vários trechos de nossa caminhada, normalmente concebida para ajudar os motoristas sem, no entanto, se pensar no pedestre como prioridade. O que é uma outra falha dos nossos planejadores. Na Rua do Príncipe, as calçadas foram alargadas, há árvores e o passeio público ficou mais humanizado. Na verdade, a requalificação foi uma sugestão da Universidade Católica, posteriormente encampada pela Prefeitura do Recife, o que foi uma boa ideia. Inclusive o modelo de calçadas largas estendeu-se, depois, à Rua Gervásio Pires (porém essa não entrou no nosso roteiro).

Outra coisa que chama a atenção na Príncipe é a iluminação adequada, pois está voltada para o local do pedestre, ao contrário do que o poder público costuma fazer no Recife, que é iluminar o local por onde passam os carros, deixando escuros os caminhos dos pedestres, como ocorre na Avenida Norte e na Avenida Recife, E até mesmo em áreas do centro, como a Ponte da Boa Vista, que ganhou iluminação cênica, porém deixando às escuras as laterais por onde passam as pessoas que se deslocam entre o bairro da Boa Vista e o de Santo Antônio. E vice-versa.

A questão iluminação, aliás, poderia render tema para uma outra caminhada. Dessa vez noturna. Porque aí, vai se perceber que a bagaceira é tão feia quanto a conservação de nossas calçadas. A Conde da Boa Vista também ficou bem razoável após a requalificação. Para o que era antes, pode até parecer um primor. As calçadas foram reformadas, estão planas, sem desnível nem pedras soltas.  Os alegretes (canteiros) foram ampliados, deixando espaço para expansão das raízes das árvores, com menor risco de danificar o passeio público. O canteiro central embora esteja com um trecho no barro seco, em outro as plantas cresceram, o que contribuiu para tornar a via mais graciosa. As paradas de ônibus também são diferentes das do resto da cidade: banquinhos, laterais  transparentes e coberta, para o pedestre se proteger do sol, qualidades que não são comuns nos outros abrigos de parada de coletivos da cidade.

Abaixo, galeria para você conferir nossas calçadas e nos Leia também, links sobre as calçadas do Recife.

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Texto e fotos: Letícia Lins / #OxeRecife

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