Carnaval 2024 no Recife terá dois grandes homenageados: Lia de Itamaracá e Chico Science

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Justiça. Dois grandes personagens da MPP (música popular pernambucana), Lia de Itamaracá e Chico Science (1966-1997), serão os dois homenageados do Carnaval 2024 do Recife. Lia vinha sendo alvo de uma campanha nas redes sociais, para que o Recife lhe rendesse uma homenagem em sua maior festa popular. Até porque no próximo ano, a nossa cirandeira será o enredo “somente” de duas escolas de samba, uma do Rio de Janeiro e outra de São Paulo. E, claro, em Pernambuco não poderia ficar a ver navios. Ou melhor, a ver o bloco passar de longe.

Em 2024, Lia será enredo das escolas de samba Império da Tijuca (RJ) e Nenê da Vila Matilde (SP). Já Chico é um ícone do Manguebeat, aliás, seu idealizador. O movimento, que teve influência na música, na estética e que valorizou a cultura popular do estado lhe atribuindo nova roupagem, completou 30 anos em 2023. Chico já virou estátua, deixou uma multidão de órfãos, discípulos e fãs, mas morreu de forma muito prematura, em um acidente de carro. Estava no auge da glória. Os nomes foram anunciados hoje pelo Prefeito João Campos (PSB). Chico Science foi homenageado na edição de 2022 da Fenearte e em 2023 foi também lembrado no Festival Recifense de Literatura A Letra e a Voz.

Criador do manguebeat, Chico Science será homenageado no canaval 2023, junto com Lia da ciranda

“Vamos homenagear Chico Science, em memória, e Lia de Itamaracá, a maior cirandeira que o nosso estado já viu. Ela é uma mulher negra, de atitude, e que completará 80 anos no ano que vem. Chico é o grande ícone do Manguebeat, movimento que completa 30 anos e, por incrível que pareça, ele ainda não tinha sido homenageado no Carnaval do Recife. Eles têm uma história fantástica e algo que une muito os dois: ambos representam nossa cultura popular e foram grandes responsáveis por levar a cultura popular do Recife e de Pernambuco para o mundo inteiro”, declarou o prefeito.

Lia de Itamaracá é a maior cirandeira do estado, Com 1,80 metro de majestade musical, é rainha na beira da maré sempre cheia da cultura popular pernambucana. A “morena queimada do sal e do sol da Ilha de Itamaracá”, como ela própria canta, toda faceira e muito orgulhosa, cresceu nas rodas de ciranda da praia de Jaguaribe, onde nasceu e vive até hoje. Começou a cantar aos 12 anos, entre os seus, e pelejou como pode para defender as tradições que herdou dos antepassados, até cair nas graças do mundo inteiro, há mais de duas décadas. Sagrou-se Patrimônio Vivo de Pernambuco em 2005 e agora, prestes a completar 80 anos, segue embalada pelas pancadas das águas do mar, defendendo a ciranda nos palcos do mundo e ensinando o futuro a mergulhar nas tradições mais profundas do Nordeste, que inauguram o Brasil.

Chico Science foi idealizador e ícone absoluto do movimento Manguebeat, Chico Science liderou a evolução musical que modernizou o passado, tirando da lama o sustento e o esteio cultural de todas as gerações pernambucanas e brasileiras da década de 1990 em diante. Fincando parabólicas no mangue e perfumando com as novidades musicais do mundo as ideias de teóricos nordestinos importantes, como Josué de Castro e os acordes ancestrais do frevo, do coco, do maracatu, da ciranda de Lia e de tantos outros brincantes que resistiam, de mãos dadas, nas rodas da cultura popular junto com ela, o músico nascido no Recife e criado em Olinda convidou o Nordeste a (re)conhecer sua própria identidade cultural para dizer ao mundo inteiro que tradição não rima com revolução por acaso.

Mais informações sobre Lia, Chico Science e manguebeat nos links abaixo

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Texto: Letícia Lins / #oxeRecife
Fotos: Ytalo Barreto / Acervo #OxeRecife

3 comments

  1. Excelente texto,Letícia!
    Escolha acertadíssima,pois são dois ícones da cultura pernambuca,valorizando e divulgando a nossa música mundo afora, celebrando as nossas raízes e,também, revolucionando o mundo musical numa estética até então desconhecida,como foi o caso de Chico Science.Ele soube traduzir as entranhas da Geografia da Fome de Josué de Castro para criar um ritmo que expressava o sofrimento, angústia,revolta e pobreza da região. Revolucionou a cena cultural da cidade ao falar da lama como protesto contra a desigualdade social.
    Lia de Itamaracá é um monumento da nossa cultura.

  2. Perfeito seu texto Letícia sobre a escolha desses dois ícones como homenageados do carnaval do Recife! E a Cezar o que é de Cezar: parabenizar a prefeitura pela brilhante escolha, de dois personagens que apesar dos poucos recursos materiais, esbanjaram e esbanjam riqueza cultural e com elas encantaram o mundo!!

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