Um dos preferidos pontos de lazer do centro do Recife nos anos 70 do século passado – quando eram famosas suas noitadas movidas a rodas de ciranda – e hoje quase deserto, o Pátio Pedro acaba de ganhar uma atração. É que a Casa do Carnaval foi reaberta e tem exposição para o público ver: “Ciranda de Todos Nós”. A Casa do Carnaval é um importante espaço de memória, construção e preservação das tradições e manifestações da cultura pernambucana. A visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. O acesso é gratuito.
O Prefeito do Recife, João Campos (PSB), escolheu um dia cheio de significados para reinaugurar a Casa do carnaval: 31 de agosto. Na mesma data, o Iphan confirmou a revalidação do Frevo e o registro da Ciranda como patrimônios culturais imateriais do Brasil. Ele tinha autorizado a recuperação há três meses e a ação é a primeira do Movimento de Valorização dos Equipamentos Culturais, programa mais conhecido como Move Cultura. E que é muito oportuno.
O Move Cultura é necessário demais, demais. Até porque o nosso patrimônio cultural não teve o tratamento que devia do gestor anterior. Na última vez que estive no imóvel, para assistir a ensaios de pastoril, deu para perceber que a Casa do Carnaval realmente precisava de reparos. Estava um caco. E a cerimônia de entrega não poderia dispensar a presença de Lia de Itamaracá, o maior ícone da ciranda no estado. Lia está, também, homenageada nas paredes da mostra.
“É importante que a cultura esteja revivendo, e uma alegria para nós, cirandeiros, ver a ciranda virar patrimônio imaterial”, diz Lia. “Se você não conhece, vem até o Pátio de São Pedro, visitar a Casa do Carnaval e celebrar nossa cultura”, convida o Prefeito. Está certo.. Até porque a exposição desvenda alguns mistérios da ciranda, inclusive quanto ao movimento dos passos. Para a Lia, no entanto, não há segredo. “Basta imitar o movimento das ondas do mar”, aconselha.
O Centro de Formação, Pesquisa e Memória Cultural da Casa do Carnaval tem 31 anos de serviços prestados à cultura local. O espaço cultural é mantido pela Prefeitura. A reforma contemplou novos espaços expositivos, climatização (realmente o calor era o inferno), adequação de instalações, serviços de manutenção e recuperação do acervo, que possui mais de mil volumes impressos. Entre estes: livros, periódicos, partituras de frevo, fotografias, cartilhas culturais.
E está digitalizada boa parte da farta e rica documentação que serviu como fundamento para a criação do Paço do Frevo e para o registro do ritmo como patrimônio junto ao Iphan. O Paço do Frevo, situado na Praça do Arsenal, é hoje um dos mais queridos equipamentos culturais do Recife. Já o Pátio de São Pedro foi o primeiro conjunto arquitetônico de Pernambuco a ser classificado como monumento nacional pelo Iphan. Porém atenção que lhe vem sendo dedicada pelos gestores do Recife não condizem com sua importância, pois na gestão passada houve até pilhagem de equipamentos de ferro, como seus antigos lampiões.
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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Rodolfo Loepert/ Divulgação / PCR