Da lama ao caos: Escritos inéditos de Chico Science podem ser conhecidos pelo público no dia 13/3

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Ele revolucionou a MPP (Música Popular Pernambucana). Ganhou o respeito de medalhões da MPB, como Gilberto Gil. Inspirou a estética, a moda e resgatou tradições importantes da nossa cultura popular, incorporando-as ao ritmo de manguebeat.  Chico Science morreu muito jovem, aos 30 anos, em um trágico acidente de carro. Mas, entre “a lama e o caos”, fincou os pés na fama. No ano passado, a Fenearte, a maior feira de artesanato da América Latina, foi em sua homenagem. O artista, que ganhou estátua em área pública (Rua da Moeda), e conta com um Memorial (no Pátio de São Pedro) inspirou não só os músicos, como até mesmo espetáculos de dança (foto superior)

“Pernambuco embaixo dos pés e minha mente na imensidão”, dizia ele, na música “Mateus enter” que, segundo os críticos, dá ideia da grandeza do cantor e compositor, que ao partir deixou  para o público apenas dois discos gravados com a Nação Zumbi. Mas que ficaram para sempre. Porém o que poucas pessoas sabem é que ele anotava tudo que via, provavlmente para registrar memórias que lhe ajudassem na poética dos seus versos. E dessa mania – ou ofício – sobraram 27 cadernos e centenas de folhas soltas. Um Chico Science que talvez as pessoas não conheçam tanto. Mas agora, terão oportunidade conhecer melhor o cantor e compositor, através dos seus escritos.

Chico Science (em primeiro plano) em foto com a família, inclusive Louise (a filha) e Goretti (a irmã)

Ou seja, quem tiver interesse em estudar a sua obra e o seu pensamento, vai encontrar tudo em um só lugar e em formato digital. É que o acervochicoscience.com.br será lançado no próximo dia 13 de março, com páginas digitalizadas de sete dos 27 cadernos de anotações, que o artista deixou. A salvaguarda do material foi pensada e realizada por iniciativa de Goretti França e Louise França (irmã e filha de Chico, respectivamente). O material foi cuidadosamente guardado pela irmã do artista desde a sua partida, no dia 2 de fevereiro de 1997. Então, por volta de 2014, Louise, Goretti e Sonaly passaram a se reunir e mergulhar nas caixas com os cadernos e páginas soltas. A partir daí, o trio começou a pensar tanto na publicação do material como também na conservação e acondicionamento, já que alguns papéis estavam apagando ou rasgando.

“Chico tinha o hábito de acompanhar-se sempre de um caderninho, caderneta, bloco de notas, onde vida afora foi registrando suas ideias, escrevendo cartas, compondo músicas, anotando os seus pasmos com o belo e suas indignações com o mal”, explica Goretti, responsável pela produção executiva e curadoria da ação. Então, para garantir a conservação, com o incentivo do Funcultura, em 2021, todo o material foi encaminhado para a MUSEO – museologia e museografia. A empresa ficou responsável pela catalogação, limpeza, conservação e digitalização das páginas que agora estão disponíveis no site.  Já o site conta com design e direção de arte de Sonaly Macedo, amiga do artista.  Com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, através da Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), foi possível realizar a catalogação, limpeza, conservação e digitalização das páginas de 27 cadernos e mais centenas de folhas soltas com escritos de Chico Science.

Manuscritos de Chico Science foram recuperados, digitalizados e serão lançados, em site, para o público

“É uma fortuna termos todo o acervo preservado e acondicionado adequadamente, em meio físico também, para que possamos, futuramente, ter a sua guarda em uma estrutura física apropriada e disponível. Esse trabalho profissional foi fundamental para termos o site e assim cuidar da nossa memória e cultura”, revela Goretti.  Os sete cadernos do acervo disponibilizados no site até o momento não possuem ordem cronológica. “Dá para brincar de detetive com os cadernos. Não temos certeza do ano de cada um, mas se você prestar atenção vai encontrar várias pistas”, revela Louise, que atuou como curadora de todo o acervo agora disponibilizado no site.   O cotidiano das cidades do Recife e de Olinda foi de extrema importância na obra de Chico Science. Nas páginas de seus cadernos, a memória pernambucana é encontrada, como também em seus dois discos lançados com a Nação, Zumbi, “Da lama ao caos” (1994) e “Afrociberdelia” (1996).

Assim, seus registros revelam as entrelinhas das cidades irmãs, suas periferias e tradições culturais. Ao unir a cena urbana e o discurso social, o artista desenhou “impressionantes esculturas de lama” na sua música. Para apresentar o Acervo Chico Science, será realizado um bate-papo com Goretti França (irmã) e Louise França (filha), com a mediação de Roger de Renor, do Som da Rural. Roger era dono da Soparia, bar restaurante no Pina, onde os “caranguejos” se apresentavam, quando ainda eram desconhecidos. O evento acontecerá no dia do aniversário de Chico Science, dia 13 de março (segunda-feira), às 18h, no Cinema de Porto Digital. A entrada é gratuita e por ordem de chegada, sujeita à lotação do local. O bate-papo com Goretti França (irmã) e Louise França (filha), com a mediação de Roger de Renor, terá transmissão ao vivo no https://www.instagram.com/chicoscienceoficial/. O site https://acervochicoscience.com.br/ é uma contrapartida para a sociedade, contribuindo com a circulação da memória cultural pernambucana e brasileira, preservando a identidade do artista. A iniciativa, com certeza, vai agradar não só aos fãs, como também a pesquisadores.

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Serviço: 
Acervo Chico Science – Lançamento
Site: https://acervochicoscience.com.br/  com bate-pao com Goretti França e Louise França.
Mediação: Roger de Renor 
Quando: 13/03/23 (segunda-feira), 18h
Local: Cinema do Porto Digital (Avenida Cais do Apolo, 222 – Recife Antigo)
Entrada: gratuita e por ordem de chegada, sujeita à lotação do local

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Acervo #OxeRecife e acervochicoscience.com.br / Divulgação

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