Brasil está longe dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)

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Vai mal o Brasil, quando o assunto é o avanço do cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU. A julgar pelo Relatório Luz 2024, que será lançado em Brasília nesse 22 de outubro, dificilmente o país conseguirá efetivar as ações previstas até a terceira década do milênio. Análise realizada por 80 especialistas e 47 organizações mostra resultados “alarmantes”, pois das 169 metas previstas, apenas  7,73 por cento estão com “progresso satisfatório” no nosso país.  Pior: 23, 8 por cento retrocederam e nada menos de 25,59 por cento permaneceram estagnadas.

Ou seja, caso persista a situação e o governo e a sociedade civil não corram contra o tempo, o Brasil perderá o prazo para atingir as metas dos ODS previstas pela ONU.  Como se sabe, a Agenda 2030 foi criada em 2015, quando foram estabelecidos os 17 objetivos e 169 metas para erradicar a pobreza e garantir vida digna em 193 países, membros da ONU. As ações deveriam estar efetivadas até 2030. Mas… cadê? Pelos números apresentados no documento a ser apresentado em Brasília, a situação do nosso país não é nada confortável. Pode ser classificada até mesmo de vergonhosa. É verdade que entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022, tivemos quatro anos de atraso e retrocessos nas conquistas sociais e ambientais, perdas que não se recuperam de um momento para outro.  Mas a  situação também parece não ter evoluído muito, na atual gestão.

Observem o gráfico abaixo:

Ou seja, das 169 metas, apenas  13 (7,73 por cento) registraram progresso satisfatório; 58 (34,52%) apresentaram progresso insuficiente; 40 metas (23,8%) retrocederam; 43 (25,59%) permaneceram estagnadas e 10 (5,95%) estão ameaçadas. Além disso, quatro metas (2,38%) não possuem dados suficientes para avaliação. Outra informação revelada pelo relatório e que muito preocupa é a falta de financiamento adequado em 12 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, como o ODS 1 (Pobreza), ODS 3 (Saúde) e ODS 5 (Igualdade de Gênero) e os ODS que contemplam a dimensão ambiental (6, 7, 11, 12, 13, 14 e 15).  Embora tenha ocorrido uma redução de 62,2% no desmatamento da Amazônia (entre 2022 e 2023), o Cerrado registrou um aumento de 67,7% no mesmo período, evidenciando as ameaças contínuas ao meio ambiente e aos povos indígenas.

O Relatório Luz da Sociedade Civil da Agenda 2030, é organizado  e editado pela ONG Gestos — Soropositividade, Comunicação e Gênero desde 2017, e se encontra em sua oitava edição. Ele é  o principal documento de monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU no Brasil e o único construído pela sociedade civil. Oferece um monitoramento abrangente dos 17 ODS e suas 169 metas, com base em dados oficiais. Além disso, apresenta 160 recomendações para a implementação de políticas públicas que dialoguem com o desenvolvimento sustentável do país. 

Em julho, foi apresentado nas Nações Unidas, durante o Fórum Político de Alto Nível em Nova York, o Relatório Nacional Voluntário (RNV), do Governo do Brasil. Em sua publicação, o RNV ressaltou a importância da participação da sociedade civil e reconheceu o Relatório Luz como “um exemplo significativo de instrumento de monitoramento e avaliação da Agenda 2030 em nível nacional, que também conquistou visibilidade internacional”. O relatório completo só será conhecido na próxima terça-feira, quando será lançado em cerimônia a ser realizada em Brasília, às 14h. A mesa de abertura do evento contará com a participação de representantes de alto nível, como as ministras Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Nísia Trindade (Saúde), o ministro Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência) e exibição de vídeo exclusivo da primeira-dama, Janja Lula. Este é o segundo ano consecutivo que o lançamento acontece na Secretaria-Geral da Presidência.

A questão do desmatamento é outro problema do Brasil, em relação aos ODS

Segundo Alessandra Nilo, co-fundadora da Gestos e co-facilitadora do GT Agenda 2030, embora existam avanços, o Brasil ainda está em um processo de reconstrução e enfrentando desafios complexos. Ela também destaca a importância do governo atual em reabrir o espaço cívico e retomar a participação social, refletindo-se no diálogo com o Relatório Voluntário Nacional 2024, apresentado na ONU. “Observamos avanços, mas isso não significa que estamos caminhando rápido o suficiente para alcançar os ODS até 2030. Estamos reconstruindo o que foi destruído e ainda enfrentamos um cenário desafiador”, afirma Alessandra.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos:  PRF/ FPI / Acervo #OxeRecife

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2 comments

  1. Cientistas de Administração, hoje esquecidos por “animadores de auditório das empresas” sabem muito bem desses dados, e muito piorado, pesquisas flutuam na velocidade da ausência de Administração e seus Objetivos, Finalidades e Atribuições. Quando falamos disso em encontros de Profissionais de Administração, todos, ficam admirados pois nem ouviram isso em sala de aula, e os motivos principais que nas Escolas de Administração até a palavra Cultura Organizacional é marginalizada por Professores que nem sabe da importância da Ciência da Administração na Vida Humana. Querem medir o quanto estamos atrasados ?? Basta andar pelas ruas do Recife e assistirmos a “procissão de ônibus” vindo do Interior do Estado e dormindo inseguros em nossas ruas, com seres humanos que vem somente tirar um “simples radiografia do pulmão” em Clínicas da Capital. E fico perguntando, por onde andam as Verbas de Saúde Pública dos Municípios, o que os Prefeitos fazem com essas Verbas, quando um simples aparelho para Radiografia de mama custa um pouco mais de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) ??? Texto perfeito, daria por completo um Encontro de Saúde Pública, com a participação de todos que poderiam oferecer as respostas sobre tudo que passamos de atraso na Saúde Pública e na Cidadania com Dignidade Humana, desde o Presidente da República, Governadores, Prefeitos, Congresso Nacional, Assembleias Legislativas, Câmara Municipais e o Poder Judiciário e as Cortes de Contas Públicas que aprovam Contas Públicas sem medir se os Objetivos, Finalidades e Atribuições dos Cargos e Administradores Responsáveis cumpriram essas metas em destaque nas Pesquisas da Cidadania.

  2. Concordo com Alessandra, a destruição nos últimos anos foi terrível. A desigualdade social cresceu, o fosso entre pobres e ricos se alargou, a reconstrução está difícil, seria preciso pelo menos 12 anos com essa política vigente, para se chegar algum avanço; Social, ambiental, saúde, educação…Triste

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