Antas ajudam na regeneração das matas

Cada vez mais raras no Nordeste –  precisam de grandes espaços para sobreviver – as antas desempenham importante papel  na recuperação de  áreas deterioradas e inclusive naquelas que tiveram vegetação nativa devastada por incêndios. É o que mostram pesquisadores do Projeto Antas da Tanguro, que é fruto de parceria entre o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). O Projeto se desenvolve na Fazenda Experimental Tanguro, em Querência, no estado de Mato Grosso, onde indivíduos da espécie do maior mamífero da fauna brasileira são observados desde 2016.

O projeto Antas da Tanguro integra o PELD (Projeto Ecológico de Longa Duração) e é financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Ele procura entender os impactos do desmatamento e da degradação da vegetação natural na biodiversidade de mamíferos, aves, peixes e insetos. ” No caso das antas, elas dispersam sementes em áreas degradadas pelo fogo , auxiliando na recuperação”,  afirma Ludmila Rattis, pesquisadora do IPAM e do Wodwel Climate Research Center, e também coordenadora na Tanguro. Seu primeiro trabalho publicado sobre a importância das antas na recuperação da vegetação foi publicado já em 2019. “O volume de sementes dispersadas pela população de antas na Tanguro correspondia, na época, a 10% do usado em trabalhos de restauração na região”, conta ela.

Muito jovem, caroço ainda não recebeu colar com GPS, mas cinco antas adultas têm o dispositivo.

“Tal resultado chamou a atenção da Patrícia Medici [bióloga e fundadora da Lowland Tapir Conservation Initiative], que trabalha com antas há mais de duas décadas. Ela estava expandindo o trabalho dela para a Amazônia e pediu para incluir a Tanguro como um sítio de coleta. Iniciamos em agosto de 2021 e os primeiros indivíduos começaram a ser monitorados agora”, complementa a pesquisadora e coordenadora.  Atualmente,  oito antas são monitoradas pelos cientistas na Tanguro:
Luigi, Zé Trovão, Léo, Sacha, Paquita e Nicole. Mais dois indivíduos foram incorporados ao grupo:  Manga e Caroço (foto central), que são mãe e filhote.  Eles  receberam esses nomes por terem sido achados comendo mangas de uma pilha no chão.  Foram encontrados perto de casas de pesquisadores.

Todos são estudados, porém cinco vêm sendo melhor monitorados.  Para isso, a equipe dá tranquilizante aos animais, e quando a anta adormece tem os olhos vedados, para se acalmar (foto superior).  Em seguida, tem o sangue coletado para se saber se está saudável, se está se alimentando direito. Depois, o mamífero ganha um colar de monitoramento GPS por rádio.  Dois oito, cinco já estão com o Colar GPS: Manga, Luigi, Zé Trovão, Léo e Sacha. O animal fica sendo acompanhado pelos cientistas até o despertar, momento em que é liberado.  Na mata, ele passa a ser monitorado com a ajuda do aparelho “Isso é super importante para sabermos o quanto andam, qual a sua área de vida, qual o tamanho da população, se gostam mais de locais abertos ou fechados, o que comem e por aí vai”, diz a pesquisadora. A Fazenda Experimental Tanguro fica em Querência,  a 336 quilômetros de Cuiabá, capital de Mato Grosso. Caroço, Paquita e Nicole ainda são pequenos para usar o dispositivo.

E viva às antas! Abaixo você lê mais informações sobre antas e outros mamíferos.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação / Ipam / Fazenda Experimental Tangure

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