Advogado denuncia que acervo do jurista Roque de Brito Alves foi descartado no lixo

Conhecido colecionador – ao longo da vida, não mediu esforço nem dinheiro para compra de  porcelanas, o Professor e advogado Roque de Brito Alves doou todo o seu  valioso acervo ao Museu do Estado de Pernambuco, incluindo louças  francesas do século 19, peças que serviram ao Império e até vaso de opalina de Bacacarat, datado de 1867, que tem exemplar igual, em exposição no Museu D’ Orsay.  A coleção hoje fica em exposição permanente, no Mepe.

Porém, não se pode falar  no mesmo cuidado com os escritos daquele que foi um dos juristas mais importantes do país. É que segundo o advogado Antônio Ribeiro Júnior, a produção intelectual do advogado e professor acaba de ser jogada no lixo. Antonio Ribeiro Júnior é consultor jurídico, especialista em direito eleitoral, advogado na área de Direito Público, além de professor, autor de artigos jurídicos e sócio do escritório Herculano & Ribeiro Advocacia e membro da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP).

Ele divulgou o seguinte texto sobre perda tão importante.

“A Carta de Consolação era uma escola literária e filosófica que se debruçou sobre o fenômeno da perda e do luto. Em alguns escritos da época, há mensagens de cura. O tratamento da dor, através das boas lembranças. No dia de ontem (08.03), a comunidade jurídica foi abalada com um fato que entristeceu a todos: o acervo literário, escritos e fotos pessoais do professor Roque de Brito Alves, armazenadas na sua antiga residência, na praça de Casa Forte no Recife, foram jogados, literalmente, na rua, com total desprezo pela sua história, seu nome e o riquíssimo legado, que deixou após o seu falecimento em 13 de junho de 2020.

A história desse grande homem que ensinou e transformou gerações transcende as imagens melancólicas de um amontoado de documentos jogados na calçada de sua antiga moradia, sem importância para os pedestres que ali passavam, que possivelmente não conheciam o valor e a importância do professor de todos nós. Apesar da tristeza e indignação pelo ato de barbárie contra o nome e o legado de Dr. Roque, a tristeza paralisante que tomou conta de muitos dos seus alunos, que foram ao local para tentar resgatar parte das suas obras, em boa hora, se transformou em conversas e lembranças sobre a gentileza, a vontade e o espírito do professor, que inspirou seus alunos a serem advogados, juízes, promotores, professores e pessoas de bem.

Professor Roque, a lembrança que ficará guardada nos nossos corações será a paixão que sempre demonstrou pela Criminologia, o Direito Penal, Literatura e a docência, além de todos os inestimáveis ensinamentos jurídicos, cívicos e humanos que proporcionou a muitos o crescimento profissional e humano. O homem se foi, mas a lenda e o exemplo permanecerão por toda a eternidade. Se depender de nós, seus eternos aprendizes, a sua história também será preservada”.

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Divulgação 

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