Fundarpe desautoriza “vaquinha” virtual para jardins do Museu do Estado

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O matagal que toma conta dos jardins do Museu do Estado de Pernambuco vem dando o que falar. O que não falta é reclamação nas redes sociais, sobre a falta de cuidado com os canteiros de tão importante instituição para a nossa cultura e  para preservação da memória da nossa sociedade, da cidade, da nossa história.

Durante a pandemia, quando passou um tempão fechado, o Mepe parecia um casarão fantasma, apesar de ficar em uma esquina movimentada no bairro das Graças, aquela da Avenida Rui Barbosa com a Rua Amélia. Os jardins e o quintal estavam mal cuidados e houve uma degola grande de árvores. Também havia lixo acumulado nas calçadas. Estas, mal conservadas, convidavam o pedestre a um tombo, pois o que não faltava era pedra solta, buraco, desnível, revestimento irregular. A bagaceira nos jardins do Mepe incomoda tanto a população que até vaquinha apareceu na Internet, para arranjar recursos para custear a capinação, poda, cuidado com os jardins. A iniciativa foi do estudante de Direito Ricardo Bandeira de Melo, que decidiu mobilizar os amigos, para arrecadar recursos para manutenção dos jardins da instituição. Porém ele retirou a iniciativa do ar. Depois de publicar a “vakinha” nas redes sociais, recebeu uma mensagem da Fundarpe, desautorizando a iniciativa. “Prezado Ricardo, favor retirar essa vaquinha virtual sobre os jardins do museu”, diz a mensagem. E explica: “O jurídico da Fundarpe não permite esse tipo de ação”. Para, enfim, encerrar: “Os jardins já vão ser recuperados pela Fundarpe”. Ah…. bom.

Como vocês sabem, o antigo casarão em que hoje está instalado o Mepe,  pertenceu a Francisco Antônio de Oliveira (1788- 1855),  o Barão de Beberibe, tido à época como “rico comerciante e empreendedor brasileiro”, com negócios no Brasil, Portugal, África. Mas  ele ganhava dinheiro mesmo, era com o tráfico de escravos, na primeira metade do século 19. O sobrado sedia o Mepe desde 1940. O prédio sofreu diversas intervenções – como a superposição do segundo piso à construção inicial- mas as características originais do andar térreo foram mantidas. Ele tem estilo eclético, detalhes em estilo entre o gótico e o classicismo. O acervo do Mepe é patrimônio nacional (mobiliário do século 19, louças, cristais, iconografia holandesa da paisagem urbana e rural, arte sacra, pinacoteca e coleção de etnografia.   Mas, pelo visto, os jardins viraram terra de ninguém…

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Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Foto: Acervo #OxeRecife

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