Visita inusitada em Apipucos: jacaré passeando pelo bairro na Zona Norte

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Situado entre o Rio Capibaribe e o Açude de Apipucos  – pontilhado de resquícios de Mata Atlântica e vizinho ao bairro onde fica o Parque Estadual de Dois Irmãos – Apipucos era chamado de “rurbano” pelo seu morador mais famoso, o sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987). Ainda hoje, moradores costumam conviver com visitantes muito bem vindos: pássaros, sapos, saguis, quatis, preguiças. Até tamanduá mirim já vi por aqui.

No ano passado, um grupo de quatis atacou três cães de um casarão onde funciona um seminário da Igreja Católica. Os caninos tiveram que ir para o hospital veterinário, pois tiveram muitos ferimentos. Pois hoje apareceu no portão de ferro do mesmo seminário um visitante ainda mais inusitado: um jacaré. A presença do animal mobilizou os moradores do bairro, que logo apareceram para fotografar e tentar algum órgão que o resgatasse.

Parado, só mexendo os olhos e o papo, ele posicionou-se em frente ao portão, impedindo a passagem dos seminaristas, que ficaram no interior do casarão temendo ataque. Mas o bicho ficava imóvel, só acompanhando o que acontecia ao redor. A população telefonou várias vezes para acionar os órgãos competentes , mas até o fechamento desse post, não havia aparecido ninguém para resgatar o bichinho. Até que ele mesmo resolveu sair, caminhando em direção à Praça de Apipucos. Jacarés não são tão surpreendentes no bairro. A população ribeirinha da comunidade do Areal, por exemplo, afirma conviver  com frequência com esses animais, que sobrevivem à poluição do Rio Capibaribe. Também no Açude de Apipucos, a turma da limpeza (Emlurb) já está habituada a ver jacarés, ao utilizar o barco para recolher detritos do Açude.

E a população do entorno do lago também está habituada a ver esses animais, principalmente no final da tarde, quando eles gostam de ficar às margens, parece que aproveitando os raios mais leves do sol poente. Uma cadelinha do bairro, que costuma conviver com os garis da Emlurb, Princesa, já foi até atacada por um jacaré no Açude e até foi socorrida. Já Dona Noêmia, residente na Rua Laura Gondim, ao lado do lago, tem amizade com um animal. É um jacaré de “estimação”. Todos os dias, o bicho a visita em busca de comida. Ele sempre o aguarda com expectativa. Os encontros entre os dois já  fazem parte da rotina da idosa e do animal, em uma amizade improvável.

Lembrei da música de roda que a gente costumava cantar na rua, quando o trânsito  e a violência não eram tão intensos e a meninada se encontrava para brincar, em vias públicas, após concluir o dever de casa da ecola: “Jacaré foi à feira/ comprou uma cadeira / prá comadre se sentar / A comadre se sentou / a cadeira esborrachou / Jacaré ficou chorando com o dinheiro que gastou? Alguém lembra?”

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Texto, fotos e vídeo: Letícia Lins / #OxeRecife

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