Natureza: O jacaré-de-papo-amarelo ainda está na lista de animais ameaçados de extinção?

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Vez por outra aparece um jacaré passeando pelo asfalto no Recife. Nos últimos anos, foram vistos na Zona Norte – atravessando a Rua Apipucos, entre o Rio Capibaribe e o Açude de Apipucos – e na semana passada foi observado um na Zona Sul, que ganhou as  redes sociais. Para quem observa o animal assim, desfilando na cidade, a impressão que se tem é que são abundantes. Mas nem tanto. O jacaré-do-papo-amarelo  (“Caiman latirostrispode”)  está incluído na Lista  do Ibama de Animais Ameaçados de Extinção. A espécie vem se ressentindo da destruição do habitat e também da poluição dos rios, à qual resistem heroicamente.

De acordo com as populações ribeirinhas do Capibaribe, sempre aparecem esses indivíduos no leito do rio. Também são observados no Açude de Apipucos, onde à tarde, costumam tomar sol às suas margens. Mas se hoje chamam a atenção, no passado era comum que aparecessem em quantidade. A espécie ainda é observada no Cerrado, na Caatinga, na Mata Atlântica e no Pampa. O seja, o réptil é comumente encontrado em regiões próximas às bacias dos rios Paraguai, Paraná, Uruguai e São Francisco, no sudeste da América do Sul, tendo ainda mais predominância do leste do Brasil até o Uruguai. Em cidades sertanejas às margens do Rio São Francisco, até o final do século passado eram vendidos em feiras e até em carros de mão, por pescadores. Por ter uma carne saborosa, o jacaré era muito consumido. Hoje sua caça é proibida. Os ecossistemas prediletos desses animais são os costeiros – como os mangues – e costumam ainda habitar as margens de rios, brejos, riachos, lagos e lagoas. Ele chega a medir até três metros e possui cor-oliva na fase adulta, enquanto os filhotes são mais amarronzados, com costas listradas em preto e pontos escuros na cabeça e lateral da mandíbula.

A aparência de bicho pré-histórico faz do jacaré um dos animais mais solicitados no Parque Estadual de Dois Irmãos

No Parque Estadual de Dois Irmãos, no meio do qual funciona um zoológico, a espécie é uma das que mais chamam atenção. Ali vivem livremente, embora haja alguns animais em local de fácil acesso aos visitantes, para observação.  De acordo com Marina Falcão, diretora do Parque Dois Irmãos, a dieta do animal é carnívora e variada. “São animais que se alimentam de moluscos, mas também comem pequenos vertebrados, mamíferos, aves e répteis que estiverem ali, no nicho dele”, explica. Vivendo em média até os 50 anos, esses animais são ovíparos, isto é, se reproduzem liberando ovos, resultando em 40 filhotes por período reprodutivo. “Eles são territorialistas, principalmente na época de acasalamento, que é quando esses animais põem ovos.

A fêmea tende a ficar sem comer para fazer a proteção do ninho até os ovos serem eclodidos. Ela vai fazer todo aquele mapeamento daquela área e todo o acompanhamento do animal até os ovos serem eclodidos”, destaca Marina. Ela conta que é comum observar o jacaré estático na água e nas margens dos corpos hídricos do Parque durante o dia, já que possui um hábito noturno. Isso acontece porque ele precisa realizar um processo chamado de termorregulação, que consiste no aquecimento da temperatura corporal para, no caso do jacaré-do-papo-amarelo, viabilizar a metabolização. Diferente dos outros répteis e espécies de jacarés, ele não tem escamas propriamente ditas, mas possuem placas dérmicas que vão auxiliá-lo na proteção do organismo.   As informações são da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e da Sustentabilidade e do Parque Dois Irmãos, que sempre divulgam a história de espécies de animais de vida livre que habitam o trecho de Mata Atlântica ao redor do parque. No Recife, há um trabalho de monitoramento de jacarés, liderado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco.

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Serviço
Para quem deseja aproveitar o feridão de fim de ano, é bom ficar atento aos horários e atividades do PEDI
Dias e horários de funcionamento: No sábado, dia 30, o equipamento funciona normalmente, das 9h às 17h (a bilheteria funciona até as 16h).  Já no domingo, dia 31 de dezembro, o Parque estará aberto para os visitantes das 9h até as 12h. Nesta data, haverá uma programação voltada à educação ambiental. Entre as atividades planejadas, estão o enriquecimento ambiental (atividades para estimular o desenvolvimento de habilidades naturais e bem-estar dos animais) e atividades lúdicas para as crianças.  Os visitantes também podem aproveitar os espaços ao ar livre para fazer piquenique e visitar a exposição botânica “Os Sentidos da Natureza”. Bebedouros com água mineral foram espalhados ao longo do equipamento, sendo necessário apenas que os visitantes tragam suas garrafas. No dia 1 de janeiro, o Parque é fechado, retomando suas atividades no dia 2 de janeiro.
Preços dos ingressos –  R$ 5,00 (entrada inteira) e R$ 2,50 (meia entrada). O acesso é gratuito para crianças até 5 anos de idade e idosos a partir de 60 anos.
Programação do dia 31/12 – 9h30 às 11h30 –  Brincadeiras lúdicas voltadas à educação ambiental; 10h – Enriquecimento com macaco-aranha-da-testa-branca.

Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos: Juliana Barreto/PEDI.

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