Urucum: Colorau e outros usos

Fazendo uma caminhada pela Rua Teles Júnior, no bairro do Rosarinho, encontrei essa beleza da foto: um pé de urucu ou urucum (Bixa orellana), em plena calçada, que logo me chamou a atenção. Nunca tinha visto esta espécie plantada, assim, em área pública. Para os que não sabem, é do fruto do urucum que se extrai o coloral, tempero muito comum no Brasil e indispensável nas cozinhas nordestinas.

À primeira vista, o urucum lembra o rambutã (Nophelium Lappaceum). O primeiro é nativo da América Tropical. O segundo (foto menor) é comum nos países do Sudeste Asiático, principalmente na Tailândia, onde é muito consumido. No Brasil, já é encontrado nas gôndolas de supermercados e frutarias. Ambos são vermelhos e possuem espinhos. Mas o nativo tem formato de coração, enquanto o asiático é redondo. Porém são de famílias e gêneros diferentes. No Brasil, urucum já era usado pelos nossos ancestrais.

Seu corante vermelho servia para adornos corporais em nossos índios. O urucum é um arbusto, mas sua árvore pode chegar a seis metros de altura. As flores são brancas ou rosadas, e as sementes são revestidas de matéria vermelha, muito solicitada na culinária e na tinturaria. Afirmam os cientistas que o fruto é rico em vitamina E, sendo também um excelente antioxidante natural. Na medicina popular é solicitado, também, como anti inflamatório.

Embora não seja muito lembrado na bibliografia atual sobre suas utilidades para a saúde, o urucum já tinha propriedades  medicinais descritas no começo do século 20.  É que em 1908, o Professor Dias da Rocha (1869-1960) informava que o urucum tem cinco indicações na medicina popular:  sua raiz (na forma de infusão)  é usada como diurético, no trato de infecções renais. Já as sementes (como xarope ou infusão) são conhecidas contra a tosse, a bronquite, resfriados e até contra a coqueluche.

A coqueluche era uma doença muito comum entre as crianças até as primeiras décadas do século passado. É que o imunizante contra a coqueluche surgiu em 1928, mas só a partir dos anos 1980 a chamada vacina tríplice  (DPT) – contra difteria, coqueluche e tétano – passou a ser usada em grande escala, inclusive no Brasil, onde é ofertada gratuitamente  nos postos de saúde. Já Dias da Rocha foi um pesquisador da flora registrada em seu estado, o Ceará. Entre 1938 e 1936, ele produziu, entre outras publicações, Formulário therapeutico de plantas medicinais cearenses, nativas e cultivadas; Matérias para a flora cearense; Botânica médica cearense; Botânica Agrícola; e, por fim, Subsídios para o estudo da flora cearense. 

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Fotos: Letícia Lins / #OxeRecife e reprodução

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