Uma graça, o teatro de sombras. Com manipulação de bonecos, a graça é maior ainda. Quando eu era criança, adorava. Junto com irmãs e primos, até nos aventurávamos em encenações domésticas, usando lençóis da família na porta que separava o terraço da sala de jantar de nossa casa. Pais, tios, outros primos e primas e a molecada da rua eram a plateia. Porém, não lembro de ter visto muitos espetáculos do gênero, e recordo mais de tê-los assistido em cenas de filmes do que propriamente nos palcos do Recife. Pois há uma oportunidade reviver técnica tão milenar no teatro, com O dia em que a morte sambou. Apresentada no Recife em 2017, a peça volta ao cartaz na no início de julho, dessa vez em Olinda. Isso depois de ter percorrido Espanha e Portugal, em 2021. E de ter andado pelo interior de Pernambuco, no primeiro semestre de 2022. Agora, a peça estará no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, com encenação no dia 10 de julho, às 16h.
O espetáculo, para quem não sabe, já circulou por três continentes e ganhou vários prêmios. E é uma adaptação teatral do livro homônimo, do escritor egípcio Habib Zahra e da ilustradora espanhola Valeria Rey Soto, que criaram o grupo Habib & Valeria para encenar suas obras literárias. Destinada ao público familiar, a montagem mistura a técnica milenar do teatro de bonecos de sombras com a magia da cultura popular pernambucana. É acompanhada por trilha sonora ao vivo, executada por Valeria e o multi-instrumentista mirim Miguel Ibrahim, filho do casal. Utilizando instrumentos de corda, sopro e percussão, mãe e filho apresentam um vasto repertório de ritmos tradicionais de Pernambuco e do mundo, enquanto as sombras multicoloridas – manipuladas por Habib – conversam, brincam e dançam, não somente na tela, mas também pelas paredes, chão e teto do teatro.
A peça conta história de Seu Biu, um velho brincante que não deixa sua idade acabar com seu regozijo de viver. Apesar de morar sozinho e ser alvo de muita crítica e inveja, vive sorrindo e dançando, alegre e despreocupado. Ou seja, Seu Biu sabe viver. Um dia, a Morte resolve buscá-lo. Mas, ao chegar à casa do ancião, é recebida de uma forma totalmente inesperada… A montagem é Inspirada pela vivência de Habib e Valeria com os brincantes de Maracatu e Cavalo Marinho, manifestações da cultura popular do Nordeste, ainda muito vivas em Pernambuco. Apeça procura desconstruir as concepções negativas contemporâneas da velhice e da morte, o que não deixa de ser interessante, ainda mais contado de forma tão lúdica. A trupe pretende compartilhar um pouco da sabedoria que os artistas encontraram na cultura popular. Sobre o texto e a montagem, os artistas afirmam:
“Mais que tudo, a peça é uma celebração da vida, e da morte, como parte essencial e indissociável dela”.
Habib e Valeria moram na cidade de Olinda, onde desenvolvem desde 2010 um trabalho na área de teatro e literatura para a infância e juventude. Estrearam no mundo do livro em 2012 com O Burro Errante, que no mesmo ano ganhou uma versão teatral dirigida por Habib. Em 2014, lançaram O último golpe do Lobo Mau, que também adaptaram para o teatro, com participação de vários artistas pernambucanos. O dia em que a Morte Sambou é o terceiro livro e espetáculo da dupla. O trio familiar responde pelas vozes, texto, manipulação dos bonecos, direção, criação de cenários. O espetáculo tem 40 minutos de duração. A indicação etária é livre, porém para quem não tem medo de escuro, não é?…. É uma pena que teatro tão gracioso seja apresentado só um dia. Em 2017, ela foi encenada no Teatro Marco Camarotti, no SESC Santo Amaro. Agende-se, e veja o vídeo sobre O Dia em que a morte sambou.
E abaixo, você confere informações sobre outros grupos que manipulam bonecos.
Leia também:
“O dia que a morte sambou”
Parceria entre Galpão das Artes e Museu do Mamulengo rende frutos
Galpão das Artes ganha livro
Galpão das Artes e outras instituições ganham condecoração Paulo Freire
Histórias para voar chegam ao Recife
Cultura Popular: Galpão das Artes e Museu do Mamulengo firmam parceria
Começam as visitas guiadas ao menor museu do mundo
Galpão das Artes traz de volta o teatro de lambe-lambe
Galpão das Artes ganha prêmio, melhora a sede e ajuda famílias carentes
Pandemia: Galpão das Artes faz live para ajudar circos em crise no interior
Galpão das Artes faz a festa em Limoeiro
Galpão das Artes faz concurso de desenho
“Se eu soubesse escrever”
Galpão das Artes e brinquedo popular
O menor museu do mundo
Não perca “O Peru do Cão Coxo”
Teatro: Baile no Recife e o Peru no interior
Mestre Titinha ganha documentário
A trágica morte de Mestre Saúba
Mamulengos contam a própria história
Mamulengo Risadinha é o primeiro grupo infantil do teatro de bonecos
“Vaquinha” para presépio de mamulengo em Glória do Goitá
Mais mamulengo menos Barbie
Cultura popular: Galpão das Artes e Museu do Mamulengo firmam parceria
O adeus de Zé de Vina
Em meio a tanta tristeza só mesmo um mamulengo para nos fazer sorrir
Zé de Vina, mestre mamulengueiro ganha homenagem em Glória do Goitá
Mamulengueiros tradicionais se rendem ao mundo virtual
Bonecos fazem a festa em Casa Forte
Dia do Artesão: Viva Miro dos Bonecos
Resgate do mamulengo pernambucano
Fotógrafos documentam mamulengos
“Para tocar o coração das pessoas”
A festa mágica dos bonecos
Poço das Artes: Música e Mamulengos
Zona Norte tem Bossa Nova, samba, jazz e mamulengo
Mamulengo, fado, choro e economia criativa
Tacaruna: Exposição de “bonecos gigantes de Olinda” que, no entanto, são do Recife
Bonecos gigantes: Não confunda alhos com bugalhos
Bonecos gigantes: Crise de identidade
A festa do trio de bonecos gigantes
Bora Pernambucar chega ao fim com encontro de bonecos gigantes
Zé Pereira festeja cem anos no Recife
A Zé Pereira, com festa e com afeto
Mão Molenga no Ricardo Brennand
Sesc prorroga expô do Mão Molenga
Mão Molenga é um sucesso
O Mané Gostoso de Saúba
Galpão das Artes e brinquedo popular
Galpão das Artes faz a festa em Limoeiro
Olinda entra na festa dos bonecos
Aos 62, boneca Barbie vira verde e é feita com plástico reciclado
Livro: Pernambuco é campeão em manifestações culturais registradas pelo Iphan
Serviço
Evento: O Dia que a morte sambou
Onde: Teatro Fernando Santa Cruz, no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, no Varadouro, Olinda
Quando: Domingo, 10 de julho
Horário: 16h
Ingressos: Ingressos podem ser adquiridos antecipadamente para os valores promocionais de R$20 (cheia) e R$10 (meia) no Sympla.com/Habib-Valeria, ou na bilheteria do teatro no dia do evento para R$30 (cheia) e R$15 (meia). Crianças até 3 anos não precisam de ingressos.
Texto: Letícia Lins / #OxeRecife
Fotos e vídeo: Divulgação
